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DE OUTUBRO: VALORIZAR O/A PROFESSOR/A É O PRIMEIRO PASSO PARA NOSSA SOBERANIA
ECONÔMICA E CULTURAL
Enquanto
em muitos países a data alusiva ao dia do professor é um momento de grande
comemoração pelos docentes e a população em geral, no Brasil, o 15 de outubro vêm
se notabilizando como um data de reflexão sobre as dificuldades e desafios no
exercício da carreira. O que é fato
ainda é saber que a função docente no Brasil não ter se consolidado e
reconhecida como outras pelo seu caráter de importância estratégica. A
constituição de 1988 e a LDB 9394/96, e o PNE, ambos os documentos apresentam inúmeros
artigos, parágrafos, incisos que asseguram aos docentes e demais trabalhadores
da educação o mínimo de dignidade laboral.
Entretanto, o que se percebe é que nos últimos
25 anos todas essas garantias legais vêm sofrendo ataques permanentes dos
governos e de parte das elites que se beneficiam com nosso atraso educacional.
O Magistério público catarinense desde o início da redemocratização políticas
não há informações de ter havido um governo sem a ocorrência de uma greve ou
alguma mobilização por direitos. Lembro que as greves do magistério, ocorridas
entre os anos 1980 e 1990 sempre tiveram como pautas principais a carreira
docência e a melhoria salarial.
Décadas
depois, o cenário político e econômico sofreu importantes transformações, e a
educação, o magistério público em especial, continuaram alvos dos desmontes governamentais.
Lembro das reuniões de professores no Salão de Festas da Igreja Matriz de Araranguá,
onde todos ficavam atentos as brilhantes análises de conjuntura proferidas pelo
saudoso professor Nilson Matos. Na época já profetizava o turbulento cenário
que enfrentáramos no futuro. Dizia que a luta dos professores não seria mais
por salários, mas para a não extinção da profissão docente.
Não
estava equivocado o professor. As reformas estruturais em curso e os projetos
educacionais a exemplo do BNCC passaram a ser articuladas objetivando
transformar o professor em meros serviçais descartáveis, submetidos às regras
do mercado. EC-95 (congelamento investimentos públicos por vinte anos) Reforma
trabalhista, previdenciária, administrativa, são algumas das perversidades exaltadas
por governos entreguistas como necessárias para salvar a economia do país. Mas
salvar para quem? Claro que não é a população que se beneficiará.
Para
piorar ainda mais o já conturbado cenário dos professores e demais servidor
públicos, tramita no congresso nacional outra maldade, agora é a EC 34, vista
pelos críticos como uma das mais agressivas e que fulminará de vez os serviços
públicos nos municípios e estados. A proposta, grosso modo, é permitir que a
iniciativa privada assuma para si serviços de saúde, educação, entre outros, isso
tudo subsidiado com recursos públicos. Sendo assim, deixará de existir
concursos públicos e planos de carreira, condições essas indispensáveis ao
satisfatório exercício dessas atividades.
Por
décadas as escolas públicas estaduais de Santa Catarina amargaram a imposição
de políticos e partidos na indicação de apaniguados aos cargos de diretores,
secretários, etc. Quem viveu essa época sentiu na pele a truculência desses
verdadeiros capitães do mato, cupinchas dos governantes de plantão. Geralmente eram
pessoas sem o mínimo de competência à importância do cargo ocupado.
É
fato, a EC 34 provocará um dos maiores retrocessos na educação pública. A
transferência de unidades de ensino público à iniciativa privada precarizará
ainda mais o já decadente ensino. Sem concurso de acesso, a incumbência de
contratação dos novos trabalhadores ficará sob a tutela do patrão. O contratado
será remunerado por produtividade, podendo ser dispensado sem custo adicional à
empresa. Fundo de garantia, férias, décimo terceiro, aposentadoria, seguro
desemprego, etc, tudo isso já está se tornando coisa do passado, a partir das
últimas reformas aprovadas pelo atual governo.
A
educação sob esse novo viés empresarial de fato, pautada na produtividade, irá
impor mais e mais pressão aos professores para que se tenham resultados com
custos cada vez mais reduzidos. Ai entrará em curso a meritocracia, onde
premiará os mais competentes. Se a nova modelo de educação pensado pelo Banco Mundial,
BIRD, etc, será pautada na produtividade, aí explica o ataque dessas
instituições ao currículo. A supressão dos currículos das escolas públicas de
áreas importantes do conhecimento como sociologia, filosofia, arte, educação
física, responde exatamente o que pretende o capital, controlar as massas e subtrair
sua força de trabalho a exaustão, e o professor está incluído nesse plano.
Mas
nem tudo está perdido, o que nos consola é saber que diante das adversidades
que recai sobre o trabalho docente, a pandemia do COVID 19 deixou um importante
recado para o mundo, ensinar a distância ou remoto deixa profundas lacunas na
aprendizagem, falhas que dificilmente acontecem quando o ensino presencial.
Portanto, nossa luta parece ser interminável, como uma guerra de trincheira, onde cada
passo e território conquistado, mais uma trincheira é cavada. Não podemos recuar nem um passo. Parabéns a todos e a todas que assumiram essa nobre carreira docente, não como missão,
vocação, mas como profissão, que deve ser valorizada e reconhecida por toda a sociedade.
Prof.
Jairo Cesa
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