O
RITMO ACELERADO DA EUGENIZAÇÃO (SELEÇÃO NAS COLETIVIDADES HUMANAS) EM TEMPOS DE
CORONA VÍRUS.
Desde
o período pré-eleitoral e depois já como presidente eleito, Bolsonaro vem
provocando arrepios no campo acadêmico, principalmente entre os historiadores,
com sua retórica apologética ao conflito, onde faz despertar o ódio adormecido
de uma sociedade forjada sob a névoa da tolerância, cordialidade e igualdade
racial. Diante desse cenário nada confortável, nossos pensamentos são tomados
por um turbilhão de imagens de acontecimentos terríveis no passado cujos
desdobramentos resultaram à morte de milhões de pessoas vítimas do holocausto e
de ditaduras sanguinárias.
O
nazifascismo foi um desses trágicos episódios que deve ser relembrado como sendo
o modo mais insano do comportamento humano na condução de uma sociedade. O que
não faltam são fontes bibliográficas disponíveis sobre o tema a disposição do
público, para compreenderem e repudiarem qualquer manifestação pela defenda desses
valores repugnantes. A ideia de superioridade racial dominou as mentes doentias
de governos psicopatas, onde o povo, cegado pelo medo e incerteza do futuro,
cultuava como mitos irreparáveis, que se colocavam acima do bem e do mal.
Inúmeras
produções literárias do gênero, das quais serviram de roteiros para filmes e
documentários memoráveis, alguns dos quais geraram perplexidade aos
expectadores quando compreenderam o modo brutal como regimes fascistas
manipulavam a opinião pública para fazer valer seus propósitos insanos.
Um
dos filmes produzidos com clareza narrativa sobre a perversidade desse regime
foi Salòn ou 120 dias de Sodoma, dirigido
por Pier Paolo Pazzolini, cineasta italiano que
produziu cenas impactantes de indivíduos tomadas por sentimentos de
sadismo. Os documentários, cegonha negra;
homo sapiens 1900 e outros trabalhos como os longa metragens Nunca Deixe de Lembrar, O Ovo da Serpente e
Meninos do Brasil, completam o rol de produções imperdíveis e necessárias
para poder deter qualquer sinal de recrudescimento de tais regimes
sanguinários.
É
presumível que muitos devem lembrar-se do medico nazista Josef Mengele no qual
foi responsável pelas experiências macabras com seres humanos durante o regime
de Hitler. O filme Os Meninos do Brasil, traz alguns recortes de sua trajetória na
America do Sul, onde fixou residência na Argentina, Paraguai e Brasil com
identidades falsas. Seu propósito na
região foi fugir da justiça alemã, onde foi oferecido um resgate de mais de
três milhões de dólares para quem desse alguma pista de seu paradeiro. Na
região manteve contato com simpatizantes nazistas, principalmente na Argentina,
onde se encarregou de lançar os fundamentos para o quarto reich.
O
filme, considerado uma produção ficcionária, mostra suas experiências
realizadas com crianças, como os 94 clones de Adolf Hitler que foram distribuídos
em várias partes do mundo. O fato de querer discorrer dessa contundente
temática tem relação com inúmeros episódios protagonizados pelo atual
presidente, dos quais denota fortes similaridades com os ocorridos na Alemanha
pré-nazismo. A elucidação dos discursos do presidente, repletos de elementos
preconceituosos e eugênicos é revelada a partir do texto escrito em 1995 por
Umberto Eco, Uma lição de Umberto Eco contra o fascismo eterno, considerado uma
crítica séria para rechaçar qualquer forma de inserção de projeto de governo
similar.
Umberto
Eco destaca quatorze elementos que caracterizam um discurso ou uma cultura pré-fascista
em formação. Dentre as que mais chamaram a atenção destacamos: a recusas a
modernidade, o culto a tradição, o irracionalismo, repudio ao diferente e a
xenofobia. A escolha desses conceitos,
sem menosprezar os demais listados por Umberto Eco, se deve ao fato de ambos
estarem presente no modo como o presidente Bolsonaro conduz o governo e o
projeto de sociedade pretendida.
A
ideia de eugenização no Brasil é antiga, data do final do século XIX quando o
pensamento científico estava em franca expansão na Europa, fortemente
influenciada pelas teorias Lamarckiana, Mendeliana, entre outras. Tanto uma
quanto a outra, seus seguidores procuraram por meio delas justificar suas
experiências na tentativa de comprovar a superioridade genética de um grupo
social frente aos demais. Com base nesses estudos eugênicos, chegou-se a
conclusão insana que as sociedades constituídas por grupos mestiços, tenderiam
a se degenerar ao longo do tempo.
O
Brasil do final do século XIX, cuja população era constituída na sua maioria
por negros ex-escravos, era necessário promover o branqueamento racial. Sendo
assim, a monarquia colocou em prática seu plano estimulando a imigração de
europeus, na sua maioria italiana e alemã. Já no
século XX, a proposta de melhoria da raça humana dominava os discursos dos
integrantes das sociedades científicas, intelectuais e nas instâncias
políticas. Foi na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas que o movimento
de eugenização tomou mais impulso. Um dos fatores foi à aproximação de Vargas
com a Alemanha, cujas idéias defendidas por Hitler lhe serviram de inspiração
para serem adotadas no Brasil.
A
obsessão por uma raça pura que dominara os circos dos debates políticos
vanguardistas de Vargas chegou ao extremo de incluir um artigo sobre o tema na
constituição de 1934, no qual impôs responsabilidade do Estado e da família na
fomentação da educação eugênica. Um dos defensores desse projeto foi Monteiro
Lobato, que alimentava admiração e prestígio a tais idéias de superioridade
racial. Para fomentar valores eugênicos a toda sociedade teria que partir de um
projeto mais ousado, ou seja, a elaboração de um currículo escolar que fosse
capaz de disseminar idéias e conceitos superdimensionando a população branca em
detrimento das demais etnias.
Quem acha que são devaneios ou atos
conspiratórios de intelectuais a afirmação de haver um projeto de eugenização
em curso no Brasil, fatos recentes poderão dar maior credibilidade a tal
afirmação. No começo de 2020, um
integrante do ministério da cultura gravou vídeo expressando trechos do
discurso proferido pelo ministro da propaganda nazista de Hitler, que foi assim
descrito: “a arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional (...)
ou não será nada”.
Outro
momento impactante no qual levantaram suspeitas dos interesses do governo Bolsonaro
em apregoar uma ordem política fascista foi quando defendeu a proposta de
isolamento vertical diante da pandemia do corona vírus. Esse modelo de
quarentena permite que jovens e pessoas fora do grupo de risco voltem ao
trabalho ou a normalidade.
O
fato é que expressiva parcela dessa população que seria excluída da quarentena
dividem os mesmos cômodos dos grupos de riscos. A probabilidade de contaminação
dessa população é enorme. Na ocasião, quando defendeu essa proposta de
quarentena, o presidente da república lançou opinião afirmando que tais pessoas
vão morrer mesmo, sendo que os sobreviventes serão os jovens e os atletas, que
resistirão ao vírus.
Diante
da postura inconsequente do presidente no enfrentamento da pandemia, que
deveria ser responsabilizado pelo aumento vertiginoso nos números de contaminados
e mortes no Brasil, ficou evidenciado que existe um projeto velado de “pureza
racial” em curso. Esse plano macabro de “limpeza étnica” afetará principalmente
negros e imigrantes hispânicos nos Estados Unidos, representando quase a metade
dos cem mil mortes já contabilizadas naquele país. No caso brasileiro, os
negros, indígenas, idosos e pessoas com morbidade estão sendo as principais
vítimas fatais.
A
ideia de supervalorizar a economia em detrimento das vidas ceifadas pela doença
traz à reflexão teorias clássicas como a evolução das espécies, de Charles
Darwin. Com o agravamento da crise econômica que limitará cada vez mais a oferta
de recursos à população, na visão do mercado, haverá a necessidade de
selecionar quem primeiro será atendido e quem ficará a mercê da sorte. Durante
o caos da pandemia que se abateu sobre a Itália, a oferta de respiradores
disponíveis nos hospitais foram insuficientes à forte demanda de contaminados
pelo vírus.
Os
médicos, portanto, tiveram que tomar decisões extremas escolhendo quem usaria
primeiro os equipamentos. Nos Estados Unidos, bem como no Brasil, parcela significativa
das vítimas fatais pelo vírus integram o grupo dos marginalizados socialmente.
No caso brasileiro, a letalidade é maior às pessoas que habitam bairros de comunidades
pobres, onde há baixa oferta de saneamento básico como água potável e rede de
esgoto.
Enquanto
no mundo inteiro cresce o número de universidades e instituições de pesquisas
na busca da vacina para combater a corona vírus, no Brasil, intensificam-se as
correntes ideológicas fundamentalistas que desprezam valores relativos à
pesquisa, à ciência. Os ataques
desferidos contra universidades públicas, bem como a escolha de um ministro da
educação desprovido de competência mínima ao cargo que exerce, fazem parte da
agenda regressista social do atual governo.
É
necessário que medidas urgentes sejam executadas para deter a disseminação
desse maléfico vírus chamado Bolsonaro, que já é reconhecido mundialmente como
um dos líderes mais inconsequentes na atualidade na condução da pandemia. Um
dos poucos alentos reservados à população capaz de frear o desejo insano do
presidente de levar o Brasil ao abismo social são as instituições republicanas,
congresso e o STF, esse último palco de freqüentes ataques de apoiadores
bolsonaristas.
Parece
que estamos longe de ver cessar as acrobacias homicidas desse governo, que continua
se comportando como um déspota, mandando jornalistas calarem a boca, ministros
chamando ministros do supremo tribunal federal de vagabundos, governadores e
prefeitos de estrumes, bostas, etc., etc. É claro que tais peripécias
produzidas pelo elenco desse circo protagonizado por Jair Bolsonaro têm um
público seleto que lhes dão respaldo, que vibram na mesma intensidade doentia
de cada integrante desse governo.
São
pessoas pervertidas que sentem relativo prazer por situações mórbidas, por
coisas macabras. Em uma manifestação ocorrida na avenida paulista em abril
contra a quarentena, um grupo de pessoas carregavam uma caixão simbolizando a
ditadura do corona vírus. Em um momento onde os casos fatais pelo vírus no
Brasil ultrapassavam mil mortes, a cena do caixão na avenida passou a ser vista
como um deboche, uma afronta as famílias que perderam seus ati-queridos pela
doença.
Prof.
Jairo Cezar
Diante desse quadro, não consigo achar um solução que resolva isso de forma pacífica, se o congresso não intervir e impedir a continuidade deste governo, teremos a volta de uma nova ditadura na América latina.
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