domingo, 10 de maio de 2020


GOVERNO BRASILEIRO NA CONTRAMÃO DO CONTROLE DA PANDEMIA DO CORONA VÍRUS

Desde o momento que iniciou a quarentena para barrar o corona vírus, virou regra todos os dias e finais de semana o presidente da república dar shows de irresponsabilidade frente a uma doença que já matou mais de dez mil pessoas em pouco mais de um mês. Enquanto todas as autoridades ligadas à saúde do mundo inteiro vêm alertando da necessidade urgente da população manter-se confinada para não haver uma violenta propagação do vírus, o governo brasileiro dá péssimos exemplos de mau comportamento.
Por inúmeras vezes lançou opinião desdenhando a gravidade da pandemia, ao ponto de dizer que o vírus não passava de uma gripezinha, um resfriadinho. Muitos governos principalmente europeus, no início da pandemia tiveram comportamentos pouco atentos ao grave problema que ameaçava a população. No entanto, admitiram o erra cometido no início, e rapidamente adotaram medidas para conter a proliferação do vírus, embora tenha havido milhares de mortes como na Itália, Espanha, Reino Unido, França, etc.
A partir do momento que foi detectado o primeiro caso na China, no começo de janeiro, sua disseminação no continente europeu e o alerta das autoridades da saúde do risco de sua propagação para o resto do mundo, principalmente no Brasil, quase dois meses foi o tempo que autoridades brasileiras tiveram para criar uma estrutura satisfatória para amenizar ao máximo os efeitos da doença. Um ponto positivo que deve ser considerado na luta contra a propagação do vírus no Brasil foi a atitude racional do ministro da saúde que diariamente ocupava as mídias para alertar a população de que eram necessários cuidados máximos para evitar a contaminação.
Na contramão desse discurso estava o seu comandante supremo, o presidente, dominado por um obcecado e cego desejo de poder, onde não admitia que qualquer membro do seu governo tivesse os holofotes virados para sim. Confusão em cima de confusão, foi essa a trajetória desse insensível e incompetente governo frente ao progressivo aumento das mortes pelo corona vírus no Brasil. É terrível ter que ouvir notícias diariamente na mídia relatando somente atrapalhadas desse governo quando deveria estar concentrado na busca de soluções a grave crise de saúde que se abate sobre a população.
Não há dúvidas que aqueles países que cumpriram rigidamente as recomendações das agencias de saúde internacional como a OMS, tiveram baixos índices de contaminação e mortes. Nova Zelândia, Canadá, Alemanha, Argentina, Chile e até mesmo o Reino Unido, seus líderes tiveram um elevado crescimento dos índices de popularidade pelo fato de ter adotado medidas para minimizar ao máximo a propagação do vírus. A Argentina, cujo governo Fernandes, eleito nas eleições passadas e tremendamente criticado por Bolsonaro por não estar alinhado a ala conservadora do continente, mostrou hombridade e lucidez na condição do problema da pandemia em seu país.
A Argentina é um dos países do continente com um dos menores índices de contaminação. O que causa mais indignação e ter que acompanhar todas essas irresponsabilidades do atual presidente sabendo que nenhuma ação mais contundente ou represália será encaminhada pelas autoridades, a exemplo do STF. Na Alemanha, durante a quarentena foi determinado que qualquer aglomeração a polícia teria a autoridade de encaminhar os responsáveis à delegação. Não importando quem fosse.
No Brasil, todos os finais de semana, centenas de pessoas passaram a promover carreatas e manifestações de apoio ao presidente em Brasília. O que mais repugnante é quando se observa que muitos atos têm o apoio incondicional do presidente. Essas aglomerações e com participação do governo, sem qualquer medida de evitar o contágio, são fatores que contribuem para que as pessoas se descuidem quanto aos cuidados para evitar o contágio.
Outro fato que também causa repugnância são os termos de deboche dos quais utiliza quando perguntado sobre o vírus. Quando o número de mortes havia atingido cinco mil há pouco mais de uma semana, usou a expressão e daí às mortes ocorridas. No último sábado, 9 de maio, quando os boletins revelaram quase 11 mil o número de óbitos pelo corona vírus, o presidente passeava com seu Jet ski, com ar de felicidade, pelas águas do lago Paranoá, em Brasília. Responde a um apoiador que o vírus virou uma neurose, que 70% da população vai contrair o vírus.
Quando um estadista chega o absurdo de expressar tamanha asneira, concordamos, sim, que o nível de lucidez e racionalidade de um indivíduo requer cuidado de profissionais de saúde mental. A resposta que todos gostariam de saber é até quando teremos de conviver com uma pessoa tão despreparada, tão doente, no principal posto de decisão federal?
A única esperança que ainda nos conforta é o STF. Porém, acompanhando os desdobramentos e as posturas duvidosas, com pouca imparcialidade, tomadas pelos ministros da suprema corte, eleva o sentimento de que temos que conviver com o atual governo até o fim de seu mandato. As manifestações explícitas de apoio ao fechamento do congresso e do STF, apoiados por facções do próprio exército, traz à tona o dia 31 de março de 1964, quando foi deflagrado o golpe militar, que durou cerca de vinte anos.
Prof. Jairo Cezar            

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