sexta-feira, 10 de agosto de 2018



PROJETO SUSTENTABILIDADE DA EEBA - PLANTA PILOTO BIOCLIMÁTICA DA UFSC/ARARANGUÁ REVELA O PIONEIRISMO DO CURSO DE ENGENHARIA DE ENERGIA EM PESQUISAS SOBRE EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS



O projeto SUSTENTABILIDADE da EEBA (Escola de Educação Básica de Araranguá) com quase três anos de trajetória e sob a coordenação do/a professor/a Jairo Cezar e Maria de Fátima Macarinni, vem se  constituindo a cada dia numa das  referências da escola e do estado catarinense, onde  está oportunizando pensar a educação além do currículo formal e das rotineiras e tradicionais salas de aulas. Outro aspecto relevante é que  próximo de nós pulsam vidas e possibilidades de nos tornarmos melhores do que somos. A formação de uma parceria com estudantes dos primeiros e segundos anos do ensino médio envolvidos nas atividades a cada semestre foi outro feito louvável e merecedor de todos os  elogios possíveis.




Essa parceria  propiciou a execução de diversas atividades intra e extra-classes subordinadas a temática geradora água e energia elétrica. A possibilidade de tornar a EEBA auto-suficiente em produção de energia elétrica fotovoltaica levou a confirmação de parcerias com o curso de engenharia de energia da UFSC/Araranguá  e a CELESC/Criciúma. Havendo reais possibilidades de inclusão de placas de captação solar no projeto de reforma da unidade escolar, o grupo persistiu na proposta original de intensificar a compreensão da temática visitando  a edificação (Planta Piloto Bioclimática), anexa ao campus de pós-graduação da UFSC, Araranguá. 



Na UFSC, os/as estudantes e a coordenação foram recepcionados pelo Professor Dr. Giuliano Rampinelli, da área de engenharia de energia, onde proferiu explicações da obra projetada  para  obter o máximo de aproveitamento das potencialidades de luz, circulação de ar que incidem sobre a mesma. Após breve explanação do professor Giuliano, o grupo se dirigiu às dependências da planta piloto, acompanhados/as da mestranda Taiane, que  expôs detalhes do espaço edificado, todo configurado para reduzir ao máximo custos com energia elétrica, sem perda de conforto. 



Explicou que a parede da edificação foi confeccionada com material especial, isolamento térmico, tornando a temperatura ambiente sempre agradável nas quatro estações. As aberturas da edificação, portas e janelas, foram pensadas para o aproveitamento das correntes de ar, que pode dispensar o uso de ar condicionado. Na parte externa da planta, a pesquisadora mostrou os inúmeros módulos ou placas fotovoltaicas fixados à parede, todos/as voltados/as à direção norte, devido a maior incidência de luz solar durante os 12 meses do ano. 




Informou que a parede onde estão afixadas as placas solares foi construída como isolante térmico (cerâmica), que mantém  sempre arejado o ambiente interno.  O telhado da planta também recebeu atenção especial. Em vez de telhas de barro ou zinco, foram acopladas chapas metálicas, com cores claras, que retém o mínimo de irradiação solar, e servindo também como um isolante térmico. Esse modelo de planta pode ser aproveitado em projetos maiores, como shopping Centers, empresas ou mesmo conjuntos habitacionais, a exemplo do "minha casa minha vida", onde muitas edificações  foram concebidas sem o mínimo de critério de sustentabilidade, ressaltou a pesquisadora. Além do telhado metálico, outra parte da cobertura recebeu telhado verde ou grama que propicia a máxima retenção de calor durante o verão.




No centro do telhado verde, um dispositivo foi acoplado, “solatube”,  onde faz refletir a luz externa para o interior de uma sala, dispensando a luz elétrica. A instalação no teto da edificação de uma pequena estação meteorológica, contendo instrumentos básicos para o monitoramento do tempo (anemômetro, termômetro, barômetro, etc) garante maior eficiência na execução dos projetos com riscos mínimos de falhas de execução. 
O curso de engenharia de energia nas suas pesquisas no campus Araranguá, reúne profissionais de múltiplas áreas e que atuam interdisciplinarmente. No momento que acessamos a uma das dependências da planta piloto estavam reunidos profissionais da tecnologia da informação, agronomia, engenharia de energia e estudantes pesquisadores. [1]
Além de conhecer a importância da planta piloto bioclimática para  projetos de infraestrutura familiar, comercial e industrial, o grupo conheceu o laboratório de estudos e produção de protótipos de placas fotovoltaicas, cujo objetivo é pesquisar modelos que mais se adéquam aos diferentes ambientes climáticos. No laboratório, o professor e pesquisador André, profissional da química e mestrando em engenheira de energia, professou importante explicação fazendo os/as  estudantes relembrarem temas ou situações abordadas nas aulas de geografia, história, matemática, física e química, entre outras.



Explicou que a crise do petróleo na década de 1970 foi um dos fatores que impulsionou governos e o mercado na pesquisa em laga escala de fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar. A necessidade de otimizar tecnologias mais eficientes e de baixo custo para produção de energia solar lançou  desafios aos institutos de pesquisa e ao mercado, esse último cada vez mais atraído pela possibilidade de lucros bilionários.  Em Araranguá, o curso de engenharia de energia tem se dedicado a preparar profissionais capacitados para serem absorvidos por um  nicho do mercado que vem crescendo e que ainda é carente de trabalhadores.


A pesquisa do professor André Possamai Rosso, “módulo fotovoltaico pequena escala  para medir a radiação solar”, caminha na busca da compreensão  da potencialidade e variáveis de irradiação emitida pelo sol no entorno da planta piloto bioclimática.[2]. Sua pesquisa se utiliza das fachadas ventiladas em revestimento cerâmico da planta, acoplando nas mesmas módulos fotovoltaicos para aproveitar o espaço e produzir energia elétrica. Explicou como ocorre a metodologia de manipulação de componentes na montagem das placas contendo silício, boro, fósforos. O conhecimento mais sistematizado em química e física são imprescindíveis, declarou o professor André. Apontou alguns saberes necessários quando o/a estudante decidir estudar engenharia de energia, são eles: módulos orbitais e distribuição eletrônica, partículas de elétrons, etc.


Destacou que qualquer indivíduo que desejar  seguir a carreira de engenharia de energia deverá ter compreensão mínima sobre eletro magnetismo,  que é campo de estudo da física.  Informou também que na instalação de equipamentos ou módulos em residências deve se considerar inúmeros fatores, desde a localização geográfica à quantidade de irradiação solar emitida.




Cada ambiente tem características muito próprias que influencia direta e indiretamente na maior ou menor incidência de luz e irradiação solar. Em Santa Catarina a região de Joinville é a que possui menor potencial de irradiação pelo fato de estar situada próxima a serra do mar e maior.  O fator geomorfológico e a proximidade com o mar faz com que o número de dias com chuvas e céu nublado sejam maiores na região de Joinville que de outras regiões do estado. Isso são fatores que não proporcionam ganhos de potencialidade fotovoltaica. Contudo, a Alemanha, onde 40 a 50% da energia produzida são de fontes fotovoltaicas, as características climáticas são semelhantes ou inferiores a região de Joinville.  O custo financeiro aproximado para instalação de módulos  fotovoltaicos em residência para quatro pessoas, é de 15 mil reais, enfatizou o professor André. Entretanto, em quatro ou cinco anos o proprietário terá reembolsado em esse valor com a energia economizada.


Prof. Jairo Cezar e Professora Maria de Fátima Marccarini

                                 





[1] https://www.youtube.com/watch?v=j2WbDxIVevE                    

[2]https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/171490/TCC_FINAL_Andr%C3%A9-biblioteca2.pdf?sequence=1&isAllowed=y




























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