sexta-feira, 24 de agosto de 2018


DEBATE SOBRE EDUCAÇÃO NO PROGRAMA RODA VIVA/CULTURA EXCLUI PROFESSORES DA REDE PÚBLICA E ENTIDADES QUE REPRESENTAM

O programa roda viva da rede cultura está trazendo para o centro da roda temas relevantes, porém, excluindo do debate personalidades e interlocutores que não seguem ou compactuam com o discurso e proposições conservadoras que vem sendo apregoando. Essa tendência conservadora mais uma vez se repetiu no dia 20 de agosto de agosto, quando o tema posto no centro da roda foi sobre educação.
A expectativa de que algum nome ou nomes representando seguimentos mais progressistas pudessem estar na roda, decepcionou quando o apresentador começou a apresentar os interlocutores e entidades que representavam. Não havia no programa membros de entidades representativas da categoria dos docentes das redes públicas municipais, estaduais e municipais, muito menos docente/es que enfrentam diariamente as adversidades da escola pública.
Quem conhece ou leu trechos ou capítulos da BNCC, sabe que a estrutura do documento foi montada seguindo à risca proposições encaminhadas por organizações ou fundações que são e serão beneficiadas com a partilha da verba pública, muitas das quais convidadas para o programa.  É claro que na entrevista, os discursos tentavam notabilizá-los como redentores da ética educacional, lançando críticas à estrutura político/econômica e aos governos em defesa de maiores investimentos em educação, bem como a qualificação dos profissionais da educação. Dentre os assuntos elencados pelos debatedores, citaram o Chile, que adota uma política rígida de escolha de professores para o exercício da docência. Elencaram a importância de melhorar os planos de carreira e a necessidade de mobilização da sociedade para debater educação.
Que os governos, a exemplo do governo federal, deveriam, simbolicamente, visitar as escolas, mostrando preocupação e engajamento no desafio de melhorar a educação. É necessário colocar a escola no centro da política, que a educação deve ser concebida como investimento econômico e não gasto. Outro item pontuado foi o estímulo as sabedorias locais, que são esquecidos e não incluídos nos currículos. Também, foi criticado o modo como se faz educação no Brasil, cujos projetos são descontínuos, por não são concebidos como programas de Estado e sim de governos, com prazos de validade estabelecida. Alertou que os principais cargos ocupados no seguimento de decisão na educação deveriam ser por competência, capacidade e não por critérios políticos.
Hoje, são 700 escolas, de 80 mil, que fazem educação de bom nível no país, que existem 38 milhões são analfabetos funcionais, que não sabem interpretar frases simples. Um deles argumentou que é preciso melhorar o sistema de educação pública para combater a pobreza, que pobreza não é destino, é origem.  Foi citado e amplamente elogiado o modelo de educação que está sendo difundindo no Ceará, a exemplo da cidade de Sobral. Também foi lembrado do município de Recife, Pernambuco, que foi elogiado pelas melhorias na área da educação.
Falaram sobre o programa pedagogia versos financiamento, modelo esse que busca elevar o aporte financeiro à educação conforme vai sendo reduzindo as taxas de analfabetismo. Destacaram o fracassado projeto “alfabetização na idade certa”. A sociedade não conhece o professor, que o gestor tem de estar engajado com as questões da escola, devendo ser tratados como profissionais. Só com reprovação e abandono o Brasil desperdiça 25 bilhões de reais em recursos. Que o ensino médio sofre os efeitos da crise do mercado de trabalho, que são as elites que puxam o país.
Que o ensino técnico deve ser estimulado, porém, a base nacional está criando um complicador, pois muitos municípios possuem uma única escola de ensino médio. Criticaram o modelo educacional brasileiro, cujos municípios têm compromisso exclusivo com o ensino infantil, os estados com o ensino médio e o ensino fundamental, fica no limbo, ou seja, é esquecido, invisibilizado, que os municípios estão sem condições para a formação continuada, uma das prerrogativas do PNE. Maior escolaridade resulta em maior produtividade, relataram.
Que é necessário primeiro melhorar a educação para depois falar em reforma da previdência. Que deve ser olhada a educação como um conjunto. Que quase todos os professores brasileiros são analfabetos científicos, ou seja, não sabem interpretar questões básicas do dia a dia, como decifrar extratos de contas de energia elétrica, água. O Brasil não conseguiu gerenciar redes de escolas, que deve se olhado as experiências internacionais.
Que formar educadores é, em primeiro lugar, pagar bem, pois ganham muito mal. Que deve ser priorizada a educação, que deve ser encorajado o filho a ser professor. Portanto, aí estão algumas colocações e reflexões dos/as convidados/as ao debate consensual do Roda Vida da Cultura, que mais contribuiu para promoção política das entidades participantes como a Ayrton Sena, Lemonn, todos pela educação, alfa Beto, e outras tantas no Brasil, que estão ganhando terreno e dinheiro com as reformas desestruturantes da educação pública orquestrada pelo governo federal. Fiquemos atentos aos discursos ditos bem intencionados daqueles que tentam se mostrar baluartes das injustiças, de políticos e políticas equivocadas, pois no fundo são co-responsáveis e beneficiados por esse mesmo modelo de sistema de governo contraditório.
Prof. Jairo Cezar      

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