AUDIÊNCIA PÚBLICA NA ALESC REVELA A
SITUAÇÃO CAÓTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE SANTA CATARINA
Deputados que integram a Comissão de Educação e Cultura da ALESC
Quando
se soube que a comissão de educação da ALESC iria promover audiência pública
para discutir as condições de infraestrutura das escolas públicas estaduais
imediatamente o Sinte Regional Araranguá encaminhou à coordenação do Sinte
estadual breve relatório dos problemas das unidades de ensino que congregam a
22ª Gered. Dentre as escolas elencadas, a EEBA, considerada uma das mais
problemáticas das 42 que integram rede estadual da regional de Araranguá
recebeu atenção especial com a confecção de um Banner contendo16 imagens
selecionadas das dezenas captadas com problemas identificados.
Integrante do Sinte Regional Araranguá explana situação das escolas da região
A
audiência ocorreu no dia 13 de junho, na sala Antonieta de Barros, da
Assembleia Legislativa, com a presença de professores, coordenadores regionais
do Sinte, estudantes, pais e integrantes da comissão de educação cujo
presidente é o deputado Antônio Aguiar, do PMDB, e a vice-presidente, a
deputada Luciane Carminatti do PT. Além da presença de ambos, também fizeram
parte da mesa os deputados Natalino Lázaro do PR; Ivan Naatz do PDT; Neodi
Saretta do PT; Cesar Valduga do PCdoB e Serafim Venzon do PSDB; um secretário
de uma ADR; o Promotor de Justiça Davi do Espirito Santo, da 25ª comarca da
regional de Florianópolis e o chefe de gabinete da secretaria da educação Mauro
Tessari.
Da direita para a esquerda: Antônio Aguiar - Presidente da Comissão de Educação; Davi do Espirito Santo - Promotor de Justiça de Florianólis; Mauro Tessari - Chefe de Gabinete da Secretaria do Estado da Educação.
Quanto
aos respectivos deputados acima citados, jamais a categoria do magistério
deverá esquecer, especialmente nas próximas eleições de 2018, nomes como
Antônio Aguiar e Natalino Lázaro, ambos votaram a favor do governo quanto ao projeto
de lei que desmontou o plano de carreira da categoria. Qual a moral que tem o
presidente da comissão de educação, quando critica o governo pela falta de um
plano de prioridades em relação as unidades de ensino que apresentam problemas
estruturais?
O
que se constatou na audiência foi o quadro catastrófico no qual se encontram
quase a totalidade das escolas estaduais. A deputada Carminatti apresentou
relatório de um diagnóstico feito em 70 escolas espalhadas por todas as regiões
do estado, no qual afirmou que é urgente um plano de programa permanente de
investimento e manutenção. Além do mais ressaltou que muitas das escolas
construídas há pouco tempo já apresentam problemas estruturais, que comprova desleixos
e irregularidades na execução da obra. Seria necessário, portanto, segundo ela,
uma ação mais dura dos órgãos fiscalizadores junto às empreiteiras ou empresas
licitadas para a execução das obras.
O
presidente da comissão de educação fez críticas severas ao governo, pelo fato
de não estar sendo tomadas providências urgentes para solucionar problemas
estruturais, que deveria ser encaminhado um plano de prioridades, ou seja,
atacar os problemas das escolas bem no começo, para que o custo de recuperação
não se tornasse tão dispendioso como está ocorrendo. Disse que, há casos em que
com um pouco mais de 5 ou 10 mil reais seriam suficientes para recuperar escolas
com problemas ainda simples. No entanto, isso não é feito, como ocorre
atualmente. Sendo assim o custo de reparação das escolas tende a superar os
100, 200, 300 e até 500 mil reais. “Que isso não é cuidar do dinheiro público”,
afirmou o deputado.
Público presente no auditório Antonieta de Barros - ALESC
O
promotor Davi, da comarca de Florianópolis afirmou que está visitando as
escolas estaduais da região da capital. Ressaltou que não é mais necessário
diagnóstico o que se deve fazer agora é buscar soluções para os problemas. E
não são somente os aspectos estruturais, prédio e equipamentos, que devem ser
avaliados, também os aspectos pedagógicos, curriculares, se as unidades vêm
adotando projetos para a melhoria da qualidade do ensino, etc. Salientou também
que não há desculpas para a falta de recursos quando há riscos contra a vida de
estudantes e professores nas escolas.
Promotor de Justiça Davi do Espírito Santo concedendo entrevista no interior do auditório Antonieta de Barros.
Tal
desabafo se deveu a resposta dada pelo chefe do gabinete da secretaria da educação,
Mauro Tessari, quando afirmou que os gastos do estado estão no limite da lei de
responsabilidade fiscal, que não haveria possibilidade no atuam momento de
atender as demandas das reformas pretendidas. O próprio coordenador do Sinte
estadual também retrucou a afirmação de Tessari denunciando o governo do estado
de ter promovido isenção fiscal para grupos empresariais que ultrapassaram os 5
bilhões de reais, dinheiro que seria suficiente para solucionar os problemas
mais emergenciais.
Coordenador do Sinte Estadual concedendo entrevista no interior do auditório Antonieta de Barros
Dentre
as várias denúncias de problemas de escolas expostas na audiência foram a
escola indígena de Imaruí que atende mais de 250 estudantes, uma escola em Florianópolis
onde sete salas de aulas foram desmanchadas para construção de uma piscina semi
olímpica, que permanece desativava, com água parada, podre, verdadeiro criador
de mosquitos; a escola EEBA, cujos problemas foram mostrados através de um Banner,
estando o ginásio de esportes sob risco de desabamento.
Professor da EEB de Araranguá expõe em audiência pública na ALESC banner contendo imagens dos problemas estruturais da escola
Depois
de mais de duas horas de intenso debate, finalmente foi elencada uma pauta de reivindicações
que serão encaminhadas para o governo do estado. Dentre as propostas estão à
criação de um programa de reforma de escolas e investimento em tecnologia, através
de um olhar conjunto da rede de ensino; maior atenção às escolas indígenas,
quilombolas e do campo; plano consistente de segurança nas escolas, com o
envolvimento da comunidade e que vá além da mera instalação de câmaras de
vigilância; reunião com a comissão de educação e cultura da ALESC, tendo a
participação do Ministério Público Estadual de todas as comarcas, para discutir
em conjunto os problemas estruturais das escolas estaduais; ação junto ao
ministério público para que interceda junto ao estado barrando empresas que
executam serviços de obras de má qualidade; criar programa de saúde para se ter
clareza acerca dos impactos das estruturas físicas de ensino na vida dos
professores e estudantes. Para finalizar foi agendado para o dia 26 de julho,
audiência com o Secretário Estadual da Educação, para tratar além das questões
estruturais das escolas, também assuntos que dizem respeito ao quadro de
carreira do magistério.
Prof.
Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário