EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS - ESTRATÉGIAS QUE ESTÃO DANDO CERTO NA E.E.FUNDAMENTAL PADRE ANTÔNIO L. DIAS - MORRO DOS CONVENTOS.
Em relação as emergências climáticas que estão colocando as autoridades políticas globais e organizações não governamentais polvorosas
sobre os impactos já mensurados na vida de milhões pessoas no mundo inteiro,
mais do que nunca devemos insistir na
proposta de educação ambiental, como instrumento para compreender a complexidade sistêmica do planeta terra e
a tomada de medidas coerentes ao reequilíbrio cósmico. As conferências
ambientais municipais, estaduais e federal se mostram estratégias importantes
pelo fato de garantir a participação de milhares de pessoas nos debates,
discussões e soluções de demandas ambientais capazes de frear a atual crise
climática, vista não apenas como fenômeno natural,
mas também humano.
Os frequentes
episódios extremos do clima, a exemplo do ocorrido no RS em 2023, que
devastaram quase três quartos do território gaúcho, deixaram sinais claros aos
céticos que o clima global precisa urgentemente de atenção especial. O que se
viu e se vê nas grandes precipitações é que as áreas mais devastadas são aquelas
localizadas em vales, rodeadas por morros e cortadas por rios. Por décadas ou
até mesmo séculos esses vales e encostas de morros foram sendo progressivamente invadidos, geralmente sem qualquer restrições por parte do poder público e os órgãos ambientais.
A aprovação de
resoluções, legislações, como o Código Florestal Brasileiro, códigos ambientais
estaduais e municipais, a impressão que se tem é que todo esse arcabouço legal não está sendo
suficiente para conter o elevado grau de degradação dos biomas
brasileiros, com destaque o atlântico, um dos mais ameaçados. Diante da já fervura global e sendo
o Brasil um dos países que mais sofre seus efeitos, discutir o tema com as
comunidades, desenvolver políticas de adaptação às mudanças climáticas se
converteria em medidas que poderiam minimizar
os impactos à milhões de pessoas.
Cidades
resilientes ou adaptadas para conter o excedente das chuvas vêm mostrando bons resultados, a exemplo de Niterói, Belo Horizonte, entre outras.
São municípios cujos gestores em vez de impermeabilizar os espaços públicos, criam
os chamados jardins de chuvas, espaços verdes que faz absorver a águas da chuvas e filtrá-las no solo de
maneira eficiente. Essas
medidas adaptativas, batizadas de cidades esponjas, devem ser discutidas em
todos os municípios brasileiros e inseridos aos planos diretores. Áreas de
riscos também são assuntos que não devem ser esquecidos nesses debates.
Qualquer município brasileiro, em maior ou menor proporção, tem áreas ambientalmente
sensíveis, que diante do atual cenário de mudanças climáticas, deve trazer algum risco aos munícipes.
No sul de Santa Catarina são inúmeros os municípios afetados por enxurradas ou outras intempéries climáticas, como ciclones bombas, tornados e, com especificidade, o Furacão Catarina, em 2004. O município de Araranguá, por ser cortado por um rio que leva o mesmo nome do município, é um dos mais afetados durante a ocorrência de chuvaradas na montante da bacia. Áreas sensíveis às inundações são ocupadas atualmente por centenas de famílias que a cada enxurrada sofrem o pesadelo de ter de sair de casa e procurar abrigo seguro. Uma das propostas pensadas para minimizar os efeitos das enxurradas, porém, assertivamente vetada pelo IBAMA, seria à fixação da barra do rio Araranguá, cuja crença era de que escoaria com maior rapidez a água das cheias.
No Morro dos
Conventos, tem o singular e complexo monumento natural formado a cerca de 250
milhões de anos. O monumento, cujo paredão ou paleofalésia, sofre os efeitos
contínuos do intemperismo. Por ser
constituído por rochas sedimentares - argilitos, xistos, entre outras, os
efeitos do intemperismo, chuva, vento, sol, provocam desgastes mais intensos.
Sendo assim, se faz necessária a tomada de precauções quanto as edificações no
seu topo, bem como atividades turísticas como caminhadas nas trilhas na base do paredão.
Frente a toda
essa complexidade que ora se posta acerca das mudanças climáticas, nada melhor
para minimizá-la ou conter os seus efeitos do que investimentos em palestras,
seminários e oficinas relacionadas ao tema. É exatamente isso que a escola de Ensino Fundamental Padre Antônio luiz Dias, do Morro dos Conventos, vem promovendo há algum tempo. O projeto Defesa Civil na Escola é um deles, cuja proposta é envolver a comunidade escolar em ações
capazes de mitigar os riscos durante a ocorrência de episódios extremos do
clima. Pela sua localização geográfica estratégica no sul do estado, tendo a
costa banhada pelo Oceano Atlântico e um monumento natural superior a 250
milhões de ano, o município de Araranguá se destaca no estado e sul do brasil
como roteiro turístico relevante dentro da rota do complexo geoparque caminho dos canyons.
O Morro dos Conventos,
no entanto, pelas suas peculiaridades geomorfológicas, que está integrada ao Geoparque
Caminho dos Cânyos, precisa receber do poder
público e da sociedade, mais atenção para não se transformar em um
problema, como acontece em muitas praias do Sul de Santa Catarina. São balneários que durante as temporadas de verão, análises realizadas nas águas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), vem detectando níveis elevados de poluentes. Sobre o monumento natural
Morro dos Conventos, que foi transformando em uma Unidade de Conservação, via
decreto municipal em 2016, sua formação data de cerca de 250 milhões de anos.
Devido a tais características geológicas, o mesmo sofre processos naturais de desagregação, conhecido por intemperismo. Entretanto, nos últimos anos, tem se intensificado tanto no monumento como em seu entorno, elevados processos erosivos. Soluções confiáveis para minimizar os riscos, bem como garantir a proteção do sensível ecossistema costeiro do município, é insistir na educação ambiental. Deixar claro que esse compromisso não pode ser credenciado apenas à unidade de ensino do balneário Morro dos Conventos, todas as escolas do município devem incluir nos seus programas de ensino, atividades de campo relacionadas ao tema.
Como já vem
acontecendo há algum tempo, a escola do bairro Morro dos Conventos, E.E Fundamental Padre Antônio Luiz Dias, vem
desenvolvendo atividades transversais relacionadas à cultura, à história, à arte e ao ambiente local. O projeto Defesa Civil na escola, que está ainda oficialmente ocorrendo, tem o envolvimento de estudantes, assessorado por técnicos da
defesa civil local e regional. A proposta é emporderá-los/as com informações e
ações que possam replicá-los a um público maior, como estratégias para minimizar
os impactos das emergências climáticas à população do bairro, do município e da
região como um todo.
O
último trabalho evolvendo estudantes do sétimo ao nono ano, aconteceu
recentemente, tendo a coordenação da Professora Doutora Samanta Cristiano. O
tema por ela abordado, foi Áreas de Riscos
e Unidades de Conservação da Costa de Araranguá/SC. O objetivo foi sensibilizar os/as estudantes e a comunidade de
que a ação antrópica vem comprometendo frágeis ecossistemas costeiros, sendo um
deles, o Balneário Morro dos Conventos, assentado em uma complexa estrutura geomorfológica que acomoda espécies
endêmicas da fauna e da flora local.
Foi destacado na palestra da professora Samanta, o
afloramento rochoso da costa de Araranguá, datado de aproximadamente 250
milhões de anos, moldado entre o período
Permiano e o Triássico. São depósitos sedimentares da formação Rio do Rastro,
constituído basicamente de argilitos, siltitos, arenitos finos. O monumento
natural que se constituiu no local tem o desenho de um tabuleiro, ou seja, uma superfície plana com bordas abruptas. Isso comprova que no passado remoto as águas do oceano atlântico chegavam até o monumento rochoso, que lentamente foi
esculpindo as bordas. Por ter o oceano recuado, o paredão tem a denominação peleofalésia. Aqui tem o mesmo formato que em Torres, no RS, porém, lá, ainda são falésias, pelo fato de o oceano continuar esculpindo.
Devido ao
formato das rochas, constituída por sedimentos, a paleofalésia do balneário Morro dos Conventos, passa por processos permanentes de desgastas. A ação humana no local
vem acelerando o processo de fragilização sistêmica trazendo mais riscos às
pessoas que transitam pelo local, principalmente nas bordas do paredão. A
visível a existência de pontos frágeis no paredão, como a formação de fendas
que podem colapsar a qualquer momento.
Na parte plana do balneário estão os depositários marinhos, que concentram uma rica e
complexa flora e fauna, onde também sofrem os efeitos antrópicos devastadores. O derretimento das calotas polares em curso, tende a afetar mais incisivamente os municípios costeiros, sendo a costa catarinense uma das mais afetadas. Projeções feitas pelo
Climate Central, por meio de ferramentas que simulam a evolução do mar, mostra
que se houver a elevação de um metro o nível do mar, algumas áreas baixas do
município de Araranguá serão tomadas pela água do oceano.
Quanto as dunas
costeiras que exercem importante função de recarga dos lenções freáticos, também serve de barreira natural ao avanço das ondas do mar
sobre a costa. Proteger esses ambientes são compromissos do poder público.
Atualmente obras de infra estrutura na costa de Araranguá estão reduzindo ou
extinguindo esses depositários marinhos. Um dos caminhos à proteção da costa de Araranguá seria a criação áreas de
conservação, das quais foram homologadas via decreto municipal, em 2016. A implantação da APA, do MONA/UC e da
RESEX, acendeu a esperança de que a costa araranguaense finalmente estaria
protegida da ganância do segmento econômico predatório. Exceto a RESEX, as
demais passaram por intensos ataques intermediados pelo poder público, que resultaram
no encolhimento do seu tamanho, no caso do MONA, até a supressão completa, a exemplo da Área de Proteção Ambiental - APA.
As ressacas
cada vez mais frequentes e violentas já estão alterando a fisionomia da costa. Diante dessa preocupante realidade, parece que as autoridades insistem em desacreditar dos alertas vindos das agências que monitoram o clima global. Qualquer projeto de
infraestrutura, como a construção de decks, passarelas e até mesmo de um posto de guarda
vidas, todos devem ser pensados considerando todos esses aspectos relativos ao clima, que de fato
não vem acontecendo.
Para minimizar as intempéries climáticas na costa catarinense seria manter e criar mais unidades de conservação. Assegurar maior participação dos agentes sociais, Ongs, Oscip, Poder Público, nas discussões e tomadas de decisões são estratégias que dariam bom resultados. Entretanto, a educação ambiental nas escolas é o que proporcionará maior garantia de proteção aos frágeis ambientes. Quanto mais envolvimento tiver a sociedade nas discussões dos projetos de interesse coletivo, todos/as se sentirão partícipes e empoderados em fiscalizar e preservar aquilo que ajudou a construir.
Prof.
Jairo Cesa
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