sexta-feira, 4 de outubro de 2024

 

EXTREMOS CLIMÁTICOS E A ESCASSEZ HÍDRICA

https://theconversation.com/seca-na-amazonia-entenda-as-causas-e-a-necessidade-de-um-plano-de-acao-imediato-para-salvar-o-bioma-215553


Nos últimos anos o planeta terra vem dando sinais de que ou mudamos nossos valores, atitudes no modo como nos comportamos no manejo dos ecossistemas, ou seja, todos os biomas, ou teremos um final trágico como tiveram os dinossauros há cerca de sessenta milhões de anos. Hoje está mais do que assegurando que só temos um planeta, nossa casa comum, um corpo vivo, tão frágil, tão sensível, que requer cuidados como de um bebê indefeso.  O que espanta é saber que esse fragmento cósmico com mais de quatro bilhões de ano e que orbita ao redor do sol, conseguiu criar condições ambientais apropriadas para o surgimento há pouco mais de dois milhões de anos da espécie humana.

Dotada de inteligência e habilidades que o diferencia das demais espécies, com a sua evolução ou involução vem transformando a casa comum em um depositário de escombros maléficos à biodiversidade planetária. Se o planeta terra é um elemento vivo, cujos recursos existentes, água, ar, florestas, etc, são finitos, por que não está sendo cuidado, protegido? Quando relatei acima que a espécie humana se diferencia das outras espécies por sua habilidade produtiva, cabe destacar que essas habilidades não são inatas, naturais, e sim apreendidas nas relações.

Acontece que nos últimos trezentos anos a humanidade foi tomada por um modelo de produção fundamentado na exploração ilimitada dos recursos naturais. A revolução industrial, por exemplo, mudou radicalmente a forma de pensar e de agir das pessoas, de tal maneira que fez pensar, acreditar que as demais formas de vida e recursos estariam para servir aos desígnios “evolucionistas”.    Nos últimos cinquenta anos os conceitos sobre a infinitude cósmica, incluindo o planeta terra, tomaram outros rumos.  De fato agora tendo certeza de que a humanidade estava cavando a sua própria sepultura.  A extinção, no entanto, não se dará como dos dinossauros pela queda de um grande meteoro, mas por outros fatores intrínsecos a própria involução humana.

Por ser um complexo organismo vivo interconectado por um intricado mecanismo de redes sistêmicas, na hipótese de um desses fios colapsarem irá comprometer todo o conjunto dessa teia viva chamada biosfera.  As adversidades climáticas extremas em curso atualmente são demonstrações claras de que essa complexa teia sistêmica está se rompendo. O aumento progressivo das temperaturas médias no planeta vem revelando que estamos entrando numa perigosa rota climática sem retorno. A frequência de furações, tufões, tornados cada vez mais violentos e destrutivos, temperaturas escaldantes, as constantes enxurradas e estiagens são provas objetivas que a existência da espécie humana foi de fato uma falha cósmica.     

Mas muitos vão dizer que estou sendo um tanto fatalista, trágico, que tais episódios extremos climáticos sempre existiram. Até pode ser, no entanto, o que deve ser considerado são as frequências desses episódios e suas letalidades. As repetidas enxurradas no RS que devastaram três quartos do território gaúcho, combinada com as estiagens históricas que assolam o norte, centro oeste e parte expressiva do sudeste do Brasil, acendem a luz vermelha de um cenário catastrófico à biodiversidade do território nacional. Se não fossem somente as estiagens que comprometem toda a demanda hídrica dessas regiões, tem também as queimadas apocalípticas que cobriram e vem cobrindo os céus de parte do território brasileiro com uma espessa fumaça sufocante. Em vez de umidade, transportada pelas nuvens que se deslocam da Amazônia até o sul, as mesmas estão transportando fumaça das queimadas. Durante a ação das frentes frias essa densa fumaça atinge o solo por meio das chuvas, contaminando os cursos d’água, o solo e toda a biodiversidade.  

Acontece que no sul a fumaça tem um tempo de permanência aparentemente curto devido à ação das frentes frias que as removem para o oceano. Agora vamos imaginar regiões onde por mais de quatro meses não cai uma gota de chuva e cujas temperaturas superam os quarenta graus. É óbvio que o ar se torna irrespirável. Não há dúvida que os efeitos dessa fumaça no organismo humano são devastadores, com riscos reais de as pessoas contraírem doenças respiratórias graves, reduzindo paulatinamente de três, quatro ou mais anos a perspectiva de vida.

O que espanta nisso tudo é o modo como a população vem agindo diante das queimadas e fumaças que sufocam milhões de pessoas. Não se vê qualquer manifestação, mobilização, protestos de ruas contra isso. Pior ainda é quando se sabe que tais queimadas a grande maioria delas são premeditadas, ou seja, ações articuladas por fazendeiros, grileiros, interessados em limpar o terreno para formar pasto. Menos florestas, maior serão os impactos nos cursos dos rios, que no Brasil, os principais, os mais importantes tem as suas nascentes no serrado, um dos biomas mais impactados pela ação humana.

Para muitos seria quase inimaginável um dia poder presenciar cenas tão assustadoras de rios importantes como o madeira, afluente do Amazonas, completamente seco. Todos sabem que a floresta Amazônia é considerada como um grande regulador climático global. Entretanto, a escassez hídrica que assola aquele bioma está desregulando todo o ciclo de chuvas e temperaturas no planeta. Os efeitos dessa disfunção climática já são perceptíveis no território brasileiro. Sem uma mobilização mais efetiva das autoridades e da sociedade no seu todo o impactos na atividade agrícola dessas regiões serão devastadoras. Quando citamos autoridades não nos referimos apenas as instâncias federais e estaduais, os agentes municipais, prefeitos, vereadores, judiciário e organismos ambientais, devem ser incluídos

Prof. Jairo Cesa  

 

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