EXTREMOS
CLIMÁTICOS E A ESCASSEZ HÍDRICA
https://theconversation.com/seca-na-amazonia-entenda-as-causas-e-a-necessidade-de-um-plano-de-acao-imediato-para-salvar-o-bioma-215553
Nos
últimos anos o planeta terra vem dando sinais de que ou mudamos nossos valores,
atitudes no modo como nos comportamos no manejo dos ecossistemas, ou seja,
todos os biomas, ou teremos um final trágico como tiveram os dinossauros há
cerca de sessenta milhões de anos. Hoje está mais do que assegurando que só
temos um planeta, nossa casa comum, um corpo vivo, tão frágil, tão sensível,
que requer cuidados como de um bebê indefeso. O que espanta é saber que esse fragmento
cósmico com mais de quatro bilhões de ano e que orbita ao redor do sol, conseguiu
criar condições ambientais apropriadas para o surgimento há pouco mais de dois
milhões de anos da espécie humana.
Dotada
de inteligência e habilidades que o diferencia das demais espécies, com a sua
evolução ou involução vem transformando a casa comum em um depositário de
escombros maléficos à biodiversidade planetária. Se o planeta terra é um
elemento vivo, cujos recursos existentes, água, ar, florestas, etc, são
finitos, por que não está sendo cuidado, protegido? Quando relatei acima que a
espécie humana se diferencia das outras espécies por sua habilidade produtiva,
cabe destacar que essas habilidades não são inatas, naturais, e sim apreendidas
nas relações.
Acontece
que nos últimos trezentos anos a humanidade foi tomada por um modelo de
produção fundamentado na exploração ilimitada dos recursos naturais. A
revolução industrial, por exemplo, mudou radicalmente a forma de pensar e de
agir das pessoas, de tal maneira que fez pensar, acreditar que as demais formas
de vida e recursos estariam para servir aos desígnios “evolucionistas”. Nos últimos cinquenta anos os conceitos sobre
a infinitude cósmica, incluindo o planeta terra, tomaram outros rumos. De fato agora tendo certeza de que a
humanidade estava cavando a sua própria sepultura. A extinção, no entanto, não se dará como dos
dinossauros pela queda de um grande meteoro, mas por outros fatores intrínsecos
a própria involução humana.
Por
ser um complexo organismo vivo interconectado por um intricado mecanismo de
redes sistêmicas, na hipótese de um desses fios colapsarem irá comprometer todo
o conjunto dessa teia viva chamada biosfera.
As adversidades climáticas extremas em curso atualmente são
demonstrações claras de que essa complexa teia sistêmica está se rompendo. O
aumento progressivo das temperaturas médias no planeta vem revelando que
estamos entrando numa perigosa rota climática sem retorno. A frequência de
furações, tufões, tornados cada vez mais violentos e destrutivos, temperaturas
escaldantes, as constantes enxurradas e estiagens são provas objetivas que a
existência da espécie humana foi de fato uma falha cósmica.
Mas
muitos vão dizer que estou sendo um tanto fatalista, trágico, que tais
episódios extremos climáticos sempre existiram. Até pode ser, no entanto, o que
deve ser considerado são as frequências desses episódios e suas letalidades. As
repetidas enxurradas no RS que devastaram três quartos do território gaúcho,
combinada com as estiagens históricas que assolam o norte, centro oeste e parte
expressiva do sudeste do Brasil, acendem a luz vermelha de um cenário catastrófico
à biodiversidade do território nacional. Se não fossem somente as estiagens que
comprometem toda a demanda hídrica dessas regiões, tem também as queimadas
apocalípticas que cobriram e vem cobrindo os céus de parte do território
brasileiro com uma espessa fumaça sufocante. Em vez de umidade, transportada
pelas nuvens que se deslocam da Amazônia até o sul, as mesmas estão
transportando fumaça das queimadas. Durante a ação das frentes frias essa densa
fumaça atinge o solo por meio das chuvas, contaminando os cursos d’água, o solo
e toda a biodiversidade.
Acontece
que no sul a fumaça tem um tempo de permanência aparentemente curto devido à
ação das frentes frias que as removem para o oceano. Agora vamos imaginar regiões
onde por mais de quatro meses não cai uma gota de chuva e cujas temperaturas
superam os quarenta graus. É óbvio que o ar se torna irrespirável. Não há
dúvida que os efeitos dessa fumaça no organismo humano são devastadores, com
riscos reais de as pessoas contraírem doenças respiratórias graves, reduzindo
paulatinamente de três, quatro ou mais anos a perspectiva de vida.
O
que espanta nisso tudo é o modo como a população vem agindo diante das
queimadas e fumaças que sufocam milhões de pessoas. Não se vê qualquer
manifestação, mobilização, protestos de ruas contra isso. Pior ainda é quando
se sabe que tais queimadas a grande maioria delas são premeditadas, ou seja,
ações articuladas por fazendeiros, grileiros, interessados em limpar o terreno
para formar pasto. Menos florestas, maior serão os impactos nos cursos dos
rios, que no Brasil, os principais, os mais importantes tem as suas nascentes
no serrado, um dos biomas mais impactados pela ação humana.
Para
muitos seria quase inimaginável um dia poder presenciar cenas tão assustadoras
de rios importantes como o madeira, afluente do Amazonas, completamente seco. Todos
sabem que a floresta Amazônia é considerada como um grande regulador climático
global. Entretanto, a escassez hídrica que assola aquele bioma está desregulando
todo o ciclo de chuvas e temperaturas no planeta. Os efeitos dessa disfunção
climática já são perceptíveis no território brasileiro. Sem uma mobilização
mais efetiva das autoridades e da sociedade no seu todo o impactos na atividade
agrícola dessas regiões serão devastadoras. Quando citamos autoridades não nos
referimos apenas as instâncias federais e estaduais, os agentes municipais,
prefeitos, vereadores, judiciário e organismos ambientais, devem ser incluídos
Prof.
Jairo Cesa
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