AS GIGANTESCAS ILHAS DE LIXOS FORMADAS NOS OCEANOS: O QUE TEMOS A VER COM TUDO ISSO?
Foto Jairo - Lixo na Foz do Rio Araranguá |
Há pouco tempo postei no meu blog
texto discorrendo sobre as inúmeras ilhas gigantes de lixo que se formaram em
vários pontos dos oceanos. São ilhas que estão mudando ecossistemas inteiros
com impactos irreparáveis a vasta biodiversidade marinha. A ocorrência desses
verdadeiros arquipélagos de entulhos oceânicos está também relacionada aos
modelos econômicos em curso, que se nutrem da exploração irracional dos
recursos naturais.
Quase tudo o que se produz
atualmente, os resíduos como plásticos, vidros, entre outros rejeitos, tem como
destino os aterros. Em algumas cidades brasileiras é tanto lixo produzido que
os aterros quase alcançam a altura das pirâmides do Egito. O problema é que nem
todo o lixo produzido é recolhido ou reciclado, parcela expressiva é lançada
deliberadamente nos rios ou transportada pelas chuvas/enxurradas. Claro que
tudo que chega aos rios são transportados pelas forças das águas em
direção aos estuários, deltas, que por sua vez vão se depositar no fundo dos
oceanos ou ficam flutuando nas águas, como os plásticos.
Engana quem pensa que o problema do
lixo nos oceanos é uma realidade distante da nossa cidade, Araranguá. Quem caminha ou caminhou pela nossa orla já
deve ter se deparado com grande quantidade de lixo acumulado na faixa de praia
ou sobre as dunas. Tudo que é lançado, descartado nesse perímetro tende a ser
sugado pela força das marés ou levado pelos ventos para dentro dos oceanos.
Muitos animais marinhos, tartarugas, golfinhos, botos, baleias, até
mesmo pássaros, são as principais vítimas desses resíduos.
Mas o Rio Araranguá continua sendo um
dos principais agentes de difusão dessa tragédia marinha, contribuindo,
progressivamente, no aumento do tamanho das ilhas de lixos distribuídos pelos
oceanos. Mesmo com todas as campanhas já realizadas, muitas delas, com o apoio
direto do poder público, a cada nova enxurrada são toneladas de descartáveis
que chegam a sua foz. Em uma das campanhas de coleta de resíduos ocorridas nas
margens do rio Araranguá até a sua foz, o chefe do executivo local havia proposto em
uma entrevista concedida que a instalação de uma grande rede a ser fixada entre as
duas margens do rio. A proposta seria para segurar o lixo e evitar que chegasse ao oceano.
O fato é que nem essa e nem outra
proposta mitigatória foram executadas. É importante aqui ressaltar que não é
somente o lixo sólido que é trazido pelas águas do rio Araranguá, toneladas de
esgotos, agrotóxicos, resíduos de carvão também passam diariamente pelo nosso
rio, vindos de todos os afluentes que integram a bacia hidrográfica do
rio Araranguá. São, portanto, passivos ambientais que todos os municípios da
bacia deveriam ser responsabilizados, buscando soluções para os seus resíduos.
A execução das políticas municipais
de saneamento básico seriam uma das alternativas plausíveis, principalmente no
item que trata sobre reciclagem. Parece que nem reciclarem e muito menos
tratamento de esgotos são demandas prioritárias dos nossos governantes. O sul
de Santa Catarina tem um dos piores indicadores de saneamento básico do estado,
não chegando nem a 20% de esgoto tratado somando todos os municípios que
compõem a bacia hidrográfica do Araranguá.
Não é de se estranhar que no final do
início da próxima temporada de verão, a administração junto com o seu órgão ambiental
venham promover mais uma campanha de limpeza do rio Araranguá até a sua foz.
Vão aparecer em fotos e vídeos o prefeito, autoridades e um monte de
voluntários bem intencionados transportando sacas e sacas de lixos, sendo
recolhidos e posteriormente transportados para os aterros. O agravante disso é que o município
de Araranguá é um dos principais responsáveis por toda essa sujeira que chega
até a barra e orla marítima. O esgoto tratado no município não chega nem a 15%
do total produzido.
Não há também no município programa
de coleta seletiva de resíduos sólidos e nem expectativa de que possa ser
implantado por essa administração cuja gestão expira no final de 2024. A
pergunta que não quer calar é a seguinte, por que tanta resistência em
programas tão importantes, tão necessários, como o da coleta e reciclagem de
materiais sólidos, que poderiam resultar em emprego e renda para centenas de
pessoas.
Prof. Jairo Cesa
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