quarta-feira, 14 de junho de 2023

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PATRIMONIAL COMO  UMAS DAS PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DA FAMA (FUNDAÇÃO AMBIENTAL DE ARARANGUÁ)

Acessando a página digital de um jornal local tive acesso a uma reportagem escrita pelo editor discorrendo sobre proposta defendida pelo vereador Jair Anastácio, do PT, que propõe medidas ambientais para Araranguá. Penso que a proposta é de extrema importância, porém, sugiro ao digníssimo legislador que interceda junto à fundação ambiental do município de Araranguá, FAMA, para que coloquem em prática inúmeros artigos e dispositivos relativos ao tema educação ambiental e patrimonial que estão no seu estatuto desde a data da promulgação da lei n. 2.608 em 2007.[1]

Também recomendo que o vereador  adquira cópia dessa lei n. 2.608/2007, que  institui a fundação, e leia atentamente o que dispõe os Art.2º e 4º e seus  27 incisos. Acredito que se a fundação tivesse executado nesses 16 anos de sua vigência o que está disposto ali, o município de Araranguá teria um dos ambientes mais preservados e uma população com uma população com um dos melhores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado. O inciso XIII da lei que rege a fundação traz a seguinte proposição: "promover conscientização política de proteção ambiental e arqueológica, criando instrumentos adequados para educação como processo permanente, integrado e multidisciplinar, em todos os níveis de ensino, incluindo a criação de espaços formais e informais, com o objetivo de fomentar as cidadanias ambiental e arqueológica, especialmente, nas crianças e adolescentes".

De fato a atribuição da fundação extrapola a  concessão de licenciamentos, que parece ser uma das suas atribuições como órgão ambiental,  além, é claro, de fiscalização ambiental, quase imperceptível pelos cidadãos. Pouca gente sabe que é de responsabilidade dessa entidade promover a educação municipal e a proteção dos sítios arqueológicos dentro dos limites do território municipal, que de fato não o faz. Desde 2014 o município de Araranguá tem catalogado mais de dez sítios arqueológicos, na sua maioria no trecho que vai da foz do rio Araranguá ao entorno das paleofalésias do balneário Morro dos Conventos.

Sabendo da existência desses sítios, em 2016 foi realizada uma importante reunião no gabinete do então prefeito Sandro Maciel para que fossem criadas estratégias para o tombamento e proteção desses espaços ricos de história e cultura. No encontro estava além do prefeito Sandro Maciel, o Procurador Geral do IPHAN, Nelson Lacerda; a Chefe da Divisão do Órgão, Regina Helena Santiago; o Arqueólogo, Pedro Henrique de Almeida; O Arqueólogo e Coordenador do IPAT/UNESC, Juliano Bitencourt; o Superintendente da FAMA, Luiz Lemmer; o Coordenador da OSCIP PRESERV’AÇÃO, Jairo Cesa e o Assessor de Imprensa da prefeitura, Sandro Ramos.[2] Todas essas e outras ações, como inúmeras visitas a conversas com representantes do IPHAN/SC, teve o protagonismo da OSCIP PRESERV’AÇÃO.  

Nas discussões que se perduraram por longas horas no gabinete do prefeito, o procurador do IPHAN/SC, salientou que seria imprescindível que o poder público agisse de imediato para o salvamento do Sítio n. 48, o que apresentava maior suscetibilidade de depredação.  Juliano, do IPAT/UNESC propôs que fosse realizado Seminário Regional para dar arrancada a questão do patrimônio arqueológico regional. No final do encontro foi proposta nova reunião do grupo para o dia 10 de agosto daquele ano, cujo convite seria estendido aos demais órgãos municipais, como educação, cultura e turismo.

Penso que é exatamente isso o que o respectivo vereador e demais integrantes da casa legislativa deveriam se debruçar agora, que é trazer para o debate o tema patrimônio arqueológico e chamar a responsabilidade do poder público e o do órgão ambiental para a proteção dos mesmos. E por que da pressa em tratar desse tema? Primeiro pelo fato dos sítios estarem quase todos em APP (Área de Preservação Permanente), criado por decreto pelo ex-prefeito Sandro Maciel em 2016, e que o atual prefeito, também por decreto, reduziu drasticamente sua área de abrangência. O segundo motivo é que há empresas ligadas ao turismo regional cujos integrantes afirmaram em entrevista concedida a uma radio local que pretendem oferecer atrativos no balneário como passeios a cavalo sobre duas e restingas. É necessária ação urgente do legislativo e do poder público para disciplinar essas atividades que, caso se concretize, pode sim destruir completamente o que restam desses sítios naquele local.  

Meu espanto foi quando os proponentes do projeto descreveram o itinerário dessas cavalgadas que passara rentes as falésias, indo em direção ao Yate Clube. Esse é um assunto que deve ser discutido com urgência na câmara pelos legisladores, afinal qual ou quais atividades recreativas ou de aventuras podem ser permitidas, limitando aquelas que causem o mínimo de impacto aquele frágil ecossistema. É preciso também para o debate o tema Projeto Orla e todas as suas demandas retraídas, como o por quê da não efetivação definitiva ainda do que estabelece os decretos que criaram a MONA-UC e a RESEX. Até mesmo por na mesa de discussão a supressão do decreto que criou a APA (Área de Preservação Ambiental) do Morro dos Conventos e inúmeras obras polêmicas para incrementar o turismo, como Deck na orla e o Mirante do farol.

O Deck da orla, no entanto, o primeiro projeto lançado foi embargado por infringir regras ambientais. Entretanto, a obra do mirante segue a todo vapor, exatamente no local onde estão os limites do MONA-UC (Monumento Natural – Unidade de Conservação), ou será que não está mais inserido, com o decreto assinado pela atual administração que reduziu sua área de abrangência. O vereador Jair Anastácio, como integrante de um partido que teve sua história construída nos movimentos sociais, poderia dar essa ajudinha e investigar se tudo está seguindo a risca as normas ambientais vigentes. Outro trabalhinho extra para o vereador, investigar quais os equívocos cometidos pela atual gestão que resultou no embargo da obra de abertura da estrada entre o Paiquere e o balneário Morro dos Conventos.

São essas entre outras questões ambientais importantes que os/as legisladores/as deveriam dedicar parte do seu tempo como representantes do povo. No entanto, pouco se espera dos demais legisladores que integram siglas partidárias sem qualquer ação relevante em defesa das causas sociais e ambientais. Agora o Partido dos Trabalhadores, sim, tem história e compromisso com essas causas. 

Prof. Jairo Cesa 


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