sábado, 17 de dezembro de 2022

 

JOGADORES E EX-JOGADORES DA SELEÇÃO BRASILEIRA SÃO ACOMETIDOS POR TRANTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA?

O futebol sempre foi o esporte que além de tê-lo praticado na infância e adolescência, ainda hoje tenho o hábito por assistir algumas partidas pela televisão ou acompanhar nos estádios quando tenho oportunidade. Lembro de ter assistido as primeiras partidas de mundiais pela televisão a partir de 1974 quando meus pais adquiriram a primeira televisão em preto e branco, tão pesada, que necessitava de duas ou mais pessoas para deslocá-la de um lado para o outro. As dificuldades para assistir as programações na época eram imensas, pois os sinais captados pela antena eram fracos. Geralmente ou quase sempre, ficava-se mais tempo girando a antena de um lado para o outro na tentativa de captar o melhor sinal.

 Além das dificuldades técnicas que já sabíamos que enfrentaríamos com o aparelho, o que não imaginávamos era de o equipamento ficar bem dizer inutilizado durante o mundial de 1974, em decorrência da histórica enchente de maço daquele ano que se abateu sobre a região.  A água foi tanta que por pouco não encobriu completamente a nossa casa e da vizinhança, além de devastar as plantações, matando animais, destruindo móveis, inclusive a nossa TV. Para acompanhar os jogos da copa, no entanto, o rádio foi o único meio possível.  Sendo derrotada nas semifinais pela Holanda, a seleção brasileira teve que disputar do terceiro e quarto lugar com a Polônia, onde foi derrotada por uma a zero. Algo inusitado que marcou esse jogo foi de eu estar nesse dia participando de um velório de um vizinho falecido nesse dia na comunidade.

Quase todos ali estavam grudados com os ouvidos  no radio, quando de repente o jogador polonês, Lato, marcou o gol, resultado esse que deu a Polônia o título de terceiro lugar do campeonato, cujo campeão foi à Alemanha Ocidental. Todos os demais mundiais seguintes foram possíveis de serem acompanhados pela Televisão, agora em cores e não mais em preto e branco. Depois do tricampeonato conquistado em 1970, no México, dois outros mundiais foram alcançados pelo Brasil, o tetracampeonato  nos EUA em 1994 e o Pentacampeonato no Japão em 2002. Portanto, são vinte anos em que o Brasil onde a melhor colocação que obteve foi um quarto lugar no mundial de 2018, na Rússia.  

Embora o Brasil tenha se sagrado vitorioso nesses dois mundiais, de 1994 e 2002, porém em se tratando de futebol arte e emoção, não há dúvida que foram os mundiais de 1982, 1986 e 1990, que tivemos jogadores fora de série, aqueles que "deram o sangue" para honrar as cores verde, amarela, azul e branca da bandeira nacional. Nomes como Sócrates, Zico, Dunga, Branco, Careca, Falcão, Alemão, entre outros, ficaram marcados no imaginário de milhões de brasileiros como verdadeiros gênios do futebol. Claro que tiveram outros mais tarde como Ronaldo Nazário, Ronaldinho Gaúcho e mais recentemente Neymar.

As décadas de 1990 em diante o futebol arte foi transformado em uma espécie de fábrica de produção em série, onde cada equipe, em qualquer parte do mundo tendeu a seguir um único padrão de prática futebolística. Os craques, de repente desapareceram ou foram resumidos a alguns abnegados, pois a fábrica futebol massificou os corpos sendo agora tratados como peças, adaptáveis, removíveis ou descartáveis de um esquema, cuja razão de existir é derrotando o oponente.

O século XXI chegou e em 2002 o Brasil conquistou o seu quinto e último título mundial, onde apresentou um futebol mediano, sem mostrar espetáculo e causar emoção como em outros mundiais.   Agora, os mundiais que comprovaram que o Brasil definitivamente deixou de ser o país respeitado pelo futebol-arte e craques revelados foram os de 2014, 2018 e o mais recente, o do Catar, ainda em andamento. A derrota de 7 a 1 para a Alemanha em pleno estádio do Mineirão, em 2014, escancarou o que muitos comentaristas críticos vinham observando ao longo do tempo na seleção, a falta de tenacidade, fibra, de por o “coração nas chuteiras”, como se fosse à coisa mais importante de suas vidas.

Nada disso acontece, talvez pelo fato de quase todos os convocados não jogarem em equipes brasileiras, de estarem a muitos anos atuando em clubes europeus. Esse distanciamento com os torcedores e com a própria realidade de milhões de brasileiros que labutam diariamente para sobreviver, também ajuda no estranhamento social, ou seja, o não compartilhamento com as tristezas e alegrias do povo brasileiro.

A eliminação precoce do Brasil na quartas e final pela seleção croata trouxeram à luz a mediocridade de um futebol que certamente envergonhou muitos dos craques do passado presentes no estádio ou assistindo pela televisão de suas residências. Quem acompanhou os jogos de outras seleções a exemplo da Croácia, Argentina, França, até mesmo o Marrocos, quarta colocada no mundial, percebeu a seriedade dos jogadores durante as partidas, nada de dancinha e peripécias ridículas, como a “dança do pombo” que teve até a bizarra participação do técnico da seleção. O que não faltaram foram memes para achincalhar a cena e envergonhar os já sofridos torcedores brasileiros.            

Se os jogadores em vez de aproveitarem o tempo para treinarem e não ficarem ensaiado dancinhas e outras acrobacias ridículas, certamente a seleção poderia ter obtido mais sucesso no campeonato. A podridão da seleção não ficou marcada somente com os cabelos platinados dos jogadores e as ridículas danças, a exemplo da do pombo. Claro que coisas piores viriam, principalmente de jogadores nascidos na miséria que, do dia para a noite, viraram milionários, cuja ostentação teria de ser vista e virar objeto de comentários por milhões de brasileiros.

Era necessário que todos os vissem reunidos em um restaurante no Catar comendo carne “temperada” com ouro. Para um país onde mais da metade da população não consegue fazer as três refeições diárias, muito menos comer carne uma vez por semana, ver a cena de jogadores pagando quase dez mil reais por um prato de carne coberta com fragmentos de ouro é o grau mais elevado de um transtorno de personalidade narcisista.

Prof. Jairo Cesa

         

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