segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

 

EM FIM DE MANDATO GOVERNO BOLSONARO VIRA AS COSTAS PARA O POVO CATARINENSE

Para um dos estados mais bolsonarista do país onde cerca de 70% da população votaram no candidato situacionista à presidente da república na primeira e ultima eleição, era razoável que a população tivesse recebido o mínimo de atenção do presidente frente as suas demandas. Nada disso, quem acompanha o dia a dia da política brasileira pode confirmar que foi Santa Catarina um dos estados mais desassistidos pelo governo federal em demandas públicas como obras estruturantes nos seus quatro anos de mandato. Foram portando as estradas federais as mais afetadas por falta de recursos para recuperações e aberturas de novos trechos.

A BR 285, que liga o sul do estado de Santa Catarina ao planalto gaucha pela Serra da Rocinha, foi uma das mais atingidas por cortes de recursos. Sua conclusão em território catarinense estava prevista para acontecer em 2019, sendo considerada como obra estratégica para alavancar o turismo regional, bem como caminho mais curto para o deslocamento de cargas até o porto de Imbituba. No entanto, muito do que já foi realizado nesse trecho, é bom que se diga, foram graças aos recursos disponibilizados pelo próprio governo catarinense em caráter de doação.

Quem imaginava que nos últimos dias de mandato de Jair Bolsonaro o povo catarinense fosse brindado com algum presente de final de ano, como ato simbólico para minimizar o pesado fardo de consciência que carrega por tudo que não fez ao estado, o que veio mesmo do presidente foi à seguinte notícia: “presidente Jair Bolsonaro cortou cerca de R$ 40 milhões em recursos que seriam enviados para as obras em andamento nas rodovias federais de SC”. Isso mesmo, cortes em mais cortes de recursos, foram essas as iniciativas de um presidente tão devotado por um estado tão desassistido. 

Somente para a Br. 285 o corte foi de 8 milhões de reais. O fato grave é que para 2023 em diante não haverá qualquer recurso adicional para esse trecho. É bem possível que a serra da rocinha vire uma daquelas obras intermináveis como a estrada do faxinal, na Praia Grande, que está ha décadas para ser finalizada, porém sem prazo para término.  A insensibilidade do presidente com os catarinenses ficou ainda mais evidenciada nas últimas catástrofes climáticas que se abateram sobre o estado. Milhares de catarinenses da região do Vale do Itajaí e da Grande Florianópolis tiveram suas residências e propriedades tomadas pelas águas causando prejuízos milionários.

O mínimo que se esperava de um presidente que se dizia comprometido com o estado seria sobrevoar as regiões atingidas e se solidarizar com a população atingida. Nem mesmo uma nota de apoio aos catarinenses teve a hombridade de fazer. Se o presidente não fez tal ato de humanidade para aqueles/as que perderam quase tudo na tragédia, seus apoiadores, empresários, principalmente do agronegócio poderiam ter prestado alguma ajuda financeira e logística aos atingidos.

Claro que não o fariam, pois não é isso que os movem. O que os impulsionam são os atos que sustentam os seus privilégios, como os assédios eleitorais praticados durante a campanha eleitoral de 2022, bem como os atos golpistas praticados posteriormente à derrota eleitoral de Bolsonaro. Como não bastasse todo esse terrorismo praticado, o ápice do extremismo abominável dos apoiadores bolsonaristas veio por meio da ocupação das frentes dos quartéis, na alucinada tentativa de anular as eleições e a retomada de Bolsonaro ao poder. Isso mesmo, atos considerados golpistas que em qualquer país sério os envolvidos seriam automaticamente presos e responderiam judicialmente por ato violento contra a república.

Se realmente os manifestantes concentrados nas frentes dos quartéis estivessem ali realmente atormentados com a vida difícil de milhares de catarinenses, como deveriam agir quando soubessem que o governo federal havia cortado milhões de reais do orçamento para rodovias federais e universidades federais? Claro que de imediato desmontariam o acampamento e instalariam nas imediações do Ministério dos Transportes e do MEC em Brasília. Vestidos com camisetas da seleção brasileira e enrolados na bandeira nacional não dariam um minuto de sossego aos chefes dessas pastas e ao presidente da república enquanto não revertesse a decisão sobre os cortes.

Não podemos também creditar toda a responsabilidade do desleixo com os catarinenses do sul do estado somente ao governo federal. Se houve alguma transferência de recursos estaduais para investimento na região do extremo sul do estado nesses últimos quatro anos, o motivo foi de o governo ter economizado milhões de reais em decorrência da COVID 19. O sequestro de 14% dos servidores aposentados do estado, professores em especial, também ajudou a azeitar as políticas eleitoreiras que garantiram a reeleição de deputados no último pleito.

O começo da construção da ponte entre o Morro dos Conventos e Hercílio Luz, obra importante para movimentar o turismo regional e já paralisado por falta de verbas, será certamente mais um dessas obras que renderão muitos votos para políticos oportunistas. A Barragem do Rio do Salto, a revitalização das lagoas do Caverá e Sombrio, juntas com a interminável conclusão da rodovia da serra do faxinal, ambas continuarão sendo mencionadas e prometidas a cada início de pleito eleitoral. Quem viver, verá.

Prof. Jairo Cesa       

      

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