TRÊS
AOS DE DESGOVERNO BOLSONARO – PRIMEIRA PARTE.
Lembro
que nos dois ou três meses anteriores ao pleito eleitoral de 2018 artigos foi
escrito fazendo algumas ponderações dos riscos na hipótese do candidato a
presidente Jair Bolsonaro sagrasse vitorioso naquele pleito. Penso que nem o texto
elaborado, muito menos centenas de outros escritos, entrevistas, lives,
contendo o mesmo teor de preocupação, foram suficientes para convencer milhões
de brasileiros a não Elegê-lo. Penso que de positivo deixado nesses quase quatro
anos de desgoverno foi de ter o governo Bolsonaro contribuído para trazer a luz
outro Brasil desconhecido, que emergiu a partir do dia primeiro de janeiro de
2019. Um Brasil violento, xenófobo, homofóbico, racista, forjado por um discurso
de justiça social e harmonia racial.
Junto
a essa elite ultradireitista estavam milhões de marginalizados, desiludidos,
que votaram no ex-capitão do exército como um ato de protesto a um sistema
político tradicional podre, contaminado por décadas de corrupção. A própria
origem do candidato escolhido, que por mais de três décadas ocupou cadeira na
câmara federal como deputado sem expressão, fez brotar sentimento de esperança
para essa parcela da sociedade. Eleito
presidente no segundo turno, de imediato iniciou sua saga de ódio atacando
violentamente as instituições do Estado republicano ainda embrionário.
Os
ataques as instituições e aos direitos dos trabalhadores sempre teve como
avalizadores o congresso nacional, dominado por bancadas corporativistas a
serviço dos seus pares. Devemos aqui considerar que os alicerces a vitória de um
proto-fascista à presidência do Brasil começou mesmo a formar corpo a partir do
ato golpista de 2016 que tirou do poder Dilma Rousseff. Com Michel Temer no comando
da presidência da República e tendo ao seu lado um congresso contaminado com o
vírus do toma lá da cá, foi fácil aprovar projetos que atingia em cheio milhões
de brasileiros, como a reforma trabalhista e previdenciária. Era preciso também
desmanchar outro setor importante para qualquer sociedade que pretenda se
tornar livre, a educação, com a reforma do ensino médio.
Temer,
portanto, deu o ponta pé inicial de um extraordinário ataque aos direitos dos
trabalhadores, pavimentando o caminho para investidas mais agressivas do
capital a partir da vitória de Bolsonaro. Educação, Meio ambiente, saúde e povos
indígenas tiveram prioridade nesse governo no que tange as primeiras incursões
avassaladoras. Nunca se desmatou tanto no Brasil como nos três anos do governo
genocida de Bolsonaro. Desmontar as
estruturas de comando do IBAMA, ICMbio, FUNAI, entre outros, mostrou-se assertiva
desse governo para agradar o agronegócio, grileiros, madeireiros, mineradores,
etc.
Criar
um cenário de instabilidade social sempre foi o modus operante da atual
estrutura do governo brasileiro, basta prestar atenção nos nomes indicados para
ocupar pastas dos ministérios estratégicos como educação, meio ambiente e saúde.
Cada um dos vários nomes que ocuparam
por pouco tempo os acentos dessas pastas cumpriram a risca o que determinou o
seu chefe para agradar a falange de fanáticos apoiadores. Os constantes conflitos e atos agressivos e
truculentos contra quem o criticasse foi e é sua tônica de ação. Foi dessa
maneira que satisfaz o ego doentio dessa horda de fanáticos extremistas, sequestradores
de símbolos importantes da nossa república como as cores verde amarelo da nossa
bandeira nacional.
É
importante que fique claro que Bolsonaro não está sozinho nessa empreitada de incitação
do caos. O emprego de ferramentas digitais, mídias digitais, permite interação com
seus apoiadores de maneira rápida e eficiente. É desse modo que o faz forte,
pois grandes, médios e pequenos redutos nos rincões brasileiros têm os seus fieis
seguidores, difundindo ideias extremistas de intolerância. Manipular
informações, distorcendo-as tem sido também algo muito frequente.
Durante
o período da pandemia adotou a estratégia de difundir ideias negacionistas
tanto para o vírus quanto aos métodos para dificultar contágios. Chegou ao cúmulo da insanidade de questionar a
própria esfericidade da terra. Isso mesmo, fazer a população ter dúvida de questões
cuja ciência já ratificou como verdade há mais de 200 anos. É o mesmo que querer retornar a idade média
onde toda a verdade tinha como fonte provedora à metafísica.
De
início afirmou categoricamente que o vírus do COVID 19 era um uma gripezinha,
um resfriadinho, que a melhor maneira de combatê-lo era que todos fossem
contagiados, produzindo uma espécie de imunização de rebanho. Foi exatamente
esse comando equivocado qual resultou mais de 650 mil mortes. Metade dos óbitos
poderiam ter sido evitada se o governo e o ministério da saúde adotassem a
risca todas as ações recomendadas pelo OMS.
Uma
CPI tramitou na câmara dos deputados para investigar se houve ou não crime de
responsabilidade por parte do ministério da saúde e do governo federal na
condução das ações contra o COVID-19. Finalizada os trâmites investigativos que
rendeu um robusto relatório, o documento foi entregue ao Procurador Geral da República,
que é o órgão responsável que dará os prosseguimentos seguintes.
Como
já se suspeitava, o relatório comprovou ter havido atos ilícitos por parte do
ministério da saúde, porém, a PGR, na pessoa do procurador Augusto Aras, até o
momento não moveu uma palha para dar seguimento ao caso. Está sacramentado que
nada acontecerá em relação aos indiciados citados na CPI até as eleições de
outubro. O que pode salvar Bolsonaro e a sua trupe da condenação e prisão é a
sua reeleição em outubro.
Desde
que iniciou o ano de 2022 o presidente deixou de lado seus compromissos de
chefe de Estado para cair na estrada e fazer
campanha à reeleição antecipada, basta observar o número de motociatas,
carreatas, que vem participando ultimamente nos diversos rincões do Brasil. O que menos faz ultimamente é governar o país.
O resultado disso é o que estamos presenciando, o aumento da inflação que
corrói os salários dos trabalhadores, o aumento desenfreado do preço dos
combustíveis, a violência nas grandes cidades, a invasão de terras indígenas
por garimpeiros e a contínua destruição dos biomas brasileiros.
Prof.
Jairo Cesa
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