domingo, 15 de maio de 2022

 

TRÊS AOS DE DESGOVERNO BOLSONARO – PRIMEIRA PARTE.

Lembro que nos dois ou três meses anteriores ao pleito eleitoral de 2018 artigos foi escrito fazendo algumas ponderações dos riscos na hipótese do candidato a presidente Jair Bolsonaro sagrasse vitorioso naquele pleito. Penso que nem o texto elaborado, muito menos centenas de outros escritos, entrevistas, lives, contendo o mesmo teor de preocupação, foram suficientes para convencer milhões de brasileiros a não Elegê-lo. Penso que de positivo deixado nesses quase quatro anos de desgoverno foi de ter o governo Bolsonaro contribuído para trazer a luz outro Brasil desconhecido, que emergiu a partir do dia primeiro de janeiro de 2019. Um Brasil violento, xenófobo, homofóbico, racista, forjado por um discurso de justiça social e harmonia racial.

Junto a essa elite ultradireitista estavam milhões de marginalizados, desiludidos, que votaram no ex-capitão do exército como um ato de protesto a um sistema político tradicional podre, contaminado por décadas de corrupção. A própria origem do candidato escolhido, que por mais de três décadas ocupou cadeira na câmara federal como deputado sem expressão, fez brotar sentimento de esperança para essa parcela da sociedade.  Eleito presidente no segundo turno, de imediato iniciou sua saga de ódio atacando violentamente as instituições do Estado republicano ainda embrionário.

Os ataques as instituições e aos direitos dos trabalhadores sempre teve como avalizadores o congresso nacional, dominado por bancadas corporativistas a serviço dos seus pares. Devemos aqui considerar que os alicerces a vitória de um proto-fascista à presidência do Brasil começou mesmo a formar corpo a partir do ato golpista de 2016 que tirou do poder Dilma Rousseff. Com Michel Temer no comando da presidência da República e tendo ao seu lado um congresso contaminado com o vírus do toma lá da cá, foi fácil aprovar projetos que atingia em cheio milhões de brasileiros, como a reforma trabalhista e previdenciária. Era preciso também desmanchar outro setor importante para qualquer sociedade que pretenda se tornar livre, a educação, com a reforma do ensino médio.

Temer, portanto, deu o ponta pé inicial de um extraordinário ataque aos direitos dos trabalhadores, pavimentando o caminho para investidas mais agressivas do capital a partir da vitória de Bolsonaro. Educação, Meio ambiente, saúde e povos indígenas tiveram prioridade nesse governo no que tange as primeiras incursões avassaladoras. Nunca se desmatou tanto no Brasil como nos três anos do governo genocida de Bolsonaro.  Desmontar as estruturas de comando do IBAMA, ICMbio, FUNAI, entre outros, mostrou-se assertiva desse governo para agradar o agronegócio, grileiros, madeireiros, mineradores, etc.

Criar um cenário de instabilidade social sempre foi o modus operante da atual estrutura do governo brasileiro, basta prestar atenção nos nomes indicados para ocupar pastas dos ministérios estratégicos como educação, meio ambiente e saúde.  Cada um dos vários nomes que ocuparam por pouco tempo os acentos dessas pastas cumpriram a risca o que determinou o seu chefe para agradar a falange de fanáticos apoiadores.  Os constantes conflitos e atos agressivos e truculentos contra quem o criticasse foi e é sua tônica de ação. Foi dessa maneira que satisfaz o ego doentio dessa horda de fanáticos extremistas, sequestradores de símbolos importantes da nossa república como as cores verde amarelo da nossa bandeira nacional.

É importante que fique claro que Bolsonaro não está sozinho nessa empreitada de incitação do caos. O emprego de ferramentas digitais, mídias digitais, permite interação com seus apoiadores de maneira rápida e eficiente. É desse modo que o faz forte, pois grandes, médios e pequenos redutos nos rincões brasileiros têm os seus fieis seguidores, difundindo ideias extremistas de intolerância. Manipular informações, distorcendo-as tem sido também algo muito frequente.

Durante o período da pandemia adotou a estratégia de difundir ideias negacionistas tanto para o vírus quanto aos métodos para dificultar contágios.  Chegou ao cúmulo da insanidade de questionar a própria esfericidade da terra. Isso mesmo, fazer a população ter dúvida de questões cuja ciência já ratificou como verdade há mais de 200 anos.  É o mesmo que querer retornar a idade média onde toda a verdade tinha como fonte provedora à metafísica.  

De início afirmou categoricamente que o vírus do COVID 19 era um uma gripezinha, um resfriadinho, que a melhor maneira de combatê-lo era que todos fossem contagiados, produzindo uma espécie de imunização de rebanho. Foi exatamente esse comando equivocado qual resultou mais de 650 mil mortes. Metade dos óbitos poderiam ter sido evitada se o governo e o ministério da saúde adotassem a risca todas as ações recomendadas pelo OMS.

Uma CPI tramitou na câmara dos deputados para investigar se houve ou não crime de responsabilidade por parte do ministério da saúde e do governo federal na condução das ações contra o COVID-19. Finalizada os trâmites investigativos que rendeu um robusto relatório, o documento foi entregue ao Procurador Geral da República, que é o órgão responsável que dará os prosseguimentos seguintes.

Como já se suspeitava, o relatório comprovou ter havido atos ilícitos por parte do ministério da saúde, porém, a PGR, na pessoa do procurador Augusto Aras, até o momento não moveu uma palha para dar seguimento ao caso. Está sacramentado que nada acontecerá em relação aos indiciados citados na CPI até as eleições de outubro. O que pode salvar Bolsonaro e a sua trupe da condenação e prisão é a sua reeleição em outubro.

Desde que iniciou o ano de 2022 o presidente deixou de lado seus compromissos de chefe de Estado para cair na estrada e fazer  campanha à reeleição antecipada, basta observar o número de motociatas, carreatas, que vem participando ultimamente nos diversos rincões do Brasil.  O que menos faz ultimamente é governar o país. O resultado disso é o que estamos presenciando, o aumento da inflação que corrói os salários dos trabalhadores, o aumento desenfreado do preço dos combustíveis, a violência nas grandes cidades, a invasão de terras indígenas por garimpeiros e a contínua destruição dos biomas brasileiros.    

Prof. Jairo Cesa           

 

  

                    

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