PEC DOS PRECATÓRIOS OU DAS
PEDALADAS PATROCINADAS PELO GOVERNO BOLSONARO
Há
cinco anos o parlamento brasileiro cassava o mandato da ex-presidente Dilma
Rousseff acusada de ter praticado pedaladas fiscais e concedido créditos
suplementares sem autorização legislativa. No dia três de novembro último, 312
deputados aprovaram em primeiro turno a PEC 23/2021 dos precatórios, que nada
mais é que pedaladas fiscais, crime previsto pela constituição e passivo de
impeachment. Para clarear, precatórios são dívidas contraídas pelo Estado brasileiro
contra instituições, já transitada e julgada. Um exemplo é a divida junto ao
Fundef praticada na época do presidente FHC.
Naquele
momento, década de 1990, o Estado brasileiro deixou de repassar aos estados
parcelas relativas ao reajuste do Fundef, cifras que podem chegar hoje a 90
bilhões de reais. A urgente votação da PEC se deve ao fato de que esses
recursos provenientes dos precatórios serão utilizados no novo programa social
que substituirá o bolsa família. Esse calote fiscal praticado pelo congresso
tem objetivos muito claros, pavimentar o caminho para a reeleição de Bolsonaro.
Para
a aprovação da PEC, o presidente da câmara dos deputados Artur Lira usou toda a
sua influência passando por cima de regras regimentais. Para obter os 308 votos
necessários à aprovação, autorizou deputados licenciados, muitos desses fora do
país participando da COP 26 em Glasgow, que votassem de forma remota. Incrível
o sucesso dessa manobra articulada pelo presidente, conseguindo até atrair
votos de deputados do PDT e PSB, considerados partidos da oposição.
Não
há dúvida que todos esses parlamentares favoráveis as pedaladas fiscais foram
convencidos diante da certeza de terem recompensas polpudas por meio de emendas
parlamentares, recursos que azeitarão seus redutos eleitorais. Por que trocar
um programa social que estava dando certo, por outro com prazo de validade até
dezembro de 2022, um mês depois do segundo turno? A intenção é, primeiro,
suprimir o carimbo petista do programa original, o bolsa família, e o segundo,
dar uma conotação mais humanística, fraternal do governo Bolsonaro a favor das
populações necessitadas.
É
fato, não há sensibilidade alguma por qualquer um dos integrantes desse governo
genocida, muito menos do ministro da economia, Paulo Guedes, que sempre
defendeu o fim do programa bolsa família. De repente, quando perceberam que a
gestão e Bolsonaro estava ruindo frente às denúncias de irregularidades
reveladas na CPI da COVID, a saída foi, esqueça tudo o que eu falei sobre
contrariedade sobre programas sociais. Os quatrocentos reais prometidos para o
programa social Auxílio Brasil poderiam seguramente ter sido inseridos ao bolsa
família, sem o cometimento de delitos como o calote dos precatórios.
Em
qualquer sociedade os programas assistenciais criados pelos governos têm
atribuições específicas recuperar a dignidade das populações em situação de
vulnerabilidade social. Parece que no caso brasileiro os programas não são
capazes de superar o terrível ciclo vicioso de um sistema político podre que se
perpetua desse toma lá da cá assistencial. Um governo e um congresso como está
hoje representado é a triste realidade de um Brasil cuja maioria da população
ainda barganha voto por comida.
Prof.
Jairo Cesa
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