segunda-feira, 6 de setembro de 2021

 

GUERRA PREVENTIVA AO TERROR



As guerras, os grandes genocídios que quase dizimaram culturas inteiras sempre tiveram como motivação o insano desejo de pilhagem e a submissão às determinadas culturas dominantes. Um bom exemplo para elucidar foi à política de expansão comercial marítima no século XV, que teve a frente às coroas portuguesa e espanhola. Tanto Cristóvão Colombo quanto Pedro Álvares Cabral ambos tinham objetivos muito claros, saciar os desejos por riqueza da nobreza e da nascente burguesia europeia.

Ouro, prata, madeira e outras tantas riquezas naturais foram sendo progressivamente rapinadas e transportadas até a Europa. Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, etc, superaram a pobreza e o atraso social a ponto de virarem impérios, dominando outras culturas. São vastidões de relatos e fontes de pesquisas disponíveis que comprovam ter havido massacres junto aos povos invadidos que resistiram à ocupação na América. Não se tem informações ou comprovações de integrantes das coroas ibéricas de terem sidos julgados e condenados por práticas de genocídio na América. 

Com o fim da supremacia ibérica, ascendeu outra grande potência europeia agora fundamentada pela revolução industrial. A Inglaterra se transformou no século XIX na maior força econômica e bélica planetária, detentora de um dos maiores impérios da era moderna. Entretanto tal soberania planetária foi quebrada já na Primeira Grande Guerra com a ascensão dos Estados Unidos como nação vitoriosa. Depois da Segunda Guerra Mundial, o império estadunidense rivalizou com a Rússia/União Soviética o status de poder de persuasão e influencia política sobre os demais.  

Com o fim da cortina de ferro e do domínio soviético, os Estados Unidos são levados a compartilhar seu domínio geopolítico com a nova potência econômica, a China. Para manter ativa a poderosa indústria bélica norte americana após o fim da União Soviética, novos inimigos deveriam ser forjados como de fato aconteceu. O oriente médio, no entanto, o forte interesse sobre as imensas reservas de petróleo levou os Estados Unidos a estreitar relações políticas com regimes tiranos, como a Arábia Saudita. Porém era necessário combater qualquer força opositora que atentasse aos interesses ocidentais. A OTAN teve a sua criação baseada nesses princípios e outros.

O Iraque, assentado sobre um gigantesco Oasis e petróleo e governado por Saddam Hussein seria a bola da vez das investidas ocidentais. A justificativa da ocupação americana no Iraque e que resultou na prisão e morte de Saddam foram as denúncias de que o líder iraquiano estaria montando um grande laboratório de armas químicas, que, no entanto, jamais foram encontradas. A ocupação do território iraquiano pelos Estados Unidos não minimizou o quadro de violência no país. Os atentados as Torres Gêmeas na cidade de Nova York em setembro 2001, cuja ação foi reivindicada pelo grupo terrorista Al Qaeda, mais uma vez serviria de pretexto a expansão da influência americana naquele território. Caçar e levar a prisão o líder da AL Qaeda Ozama Bin Laden mobilizou forças bélicas poderosas e bilhões de dólares.

O alvo agora era o Afeganistão onde se acreditava estar servindo de esconderijo à Bin Laden. A ocupação americana no Afeganistão levou ao fim seis anos de domínio do grupo fundamentalista islâmico Talibã. O fato é que Osama estava escondido e foi preso no Paquistão e não no Afeganistão. É claro que para o governo norte americano foi importante forjar tal situação, pois seus objetivos extrapolavam a prisão do líder da Al Qaeda. As forças de inteligência norte americanas será que foram tão ingênuas de acreditarem que Osama estivesse escondido no Afeganistão. Entretanto era necessário mobilizar a mídia mundial e a opinião pública a favor a tomada do Afeganistão.

A supremacia americana no Afeganistão seguiu o mesmo propósito ocorrido no Iraque, Kuait, ou seja, controlar das reservas de petróleo e os extraordinários oleodutos, esse último passando em território afegão. Diante da certeza de haver o esgotamento dos hidrocarbonetos no mundo e principalmente no oriente médio, os Estados Unidos e outras potências ocidentais começa a redirecionar suas políticas de influência geopolítica A progressiva saída das forças de segurança no Iraque e no Afeganistão é parte desse novo esquema.

Bem ou mau a presença americana no Afeganistão garantia certa estabilidade à população civil de uma possível ofensiva do regime do Talibã. Algo que chama atenção quando se avalia as várias investidas ou intervenções de países ocidentais sobre o oriente médio, Irã, Kuait, Afeganistão, por exemple, traz a sensação de imaturidade, incapacidade dessas culturas de se auto organizarem. O caso da Índia que por décadas manteve-se sob a batuta do regime britânico; a África do Sul, controlada pela Holanda, Inglaterra, Alemanha, e assim vai.

Claro que essas teriam todas as possibilidades de se organizarem e tomar as rédeas do seu destino. O mesmo teria ocorrido na América hispânica e portuguesa. No entanto, o que os impérios fizeram foi construir narrativas dando a impressão de que as culturas tomadas viveriam em uma eterna barbárie. O que se viu foi a intensificação ainda maior da barbárie dessas “frágeis culturas” pelos invasores.  

Retornando o caso do Afeganistão, será que em vinte anos de presença americana não teria sido suficiente para os americanos terem auxiliado na reestruturação política e militar que pudesse resistir a possíveis investidas do talibã? Incrível foi a facilidade e a rapidez como se deu a tomada da capital Cabul. Mas o que impressionou mesmo foram as imagens chocantes do aeroporto da capital onde milhares de pessoas aglomeradas tentavam desesperadamente sair do país.

A cena das pessoas agarradas em um avião militar foi parecida a uma imagem exibida no Vietnã quando os vietcongues tomam a capital do país. Centenas de cidadãos americanos tentavam embarcar em helicópteros para fugir do país. Todas as tentativas de guerras preventivas para combater o terror geraram mais terror e morte aos civis dos países ocupados. O fato é que o terror ou guerras entre etnias ou grupos religiosos tem o dedo de grandes potências interessadas em abocanhar riquezas.

Prof. Jairo Cesa

 

 

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