GUERRA
PREVENTIVA AO TERROR
As
guerras, os grandes genocídios que quase dizimaram culturas inteiras sempre
tiveram como motivação o insano desejo de pilhagem e a submissão às
determinadas culturas dominantes. Um bom exemplo para elucidar foi à política
de expansão comercial marítima no século XV, que teve a frente às coroas
portuguesa e espanhola. Tanto Cristóvão Colombo quanto Pedro Álvares Cabral ambos
tinham objetivos muito claros, saciar os desejos por riqueza da nobreza e da
nascente burguesia europeia.
Ouro,
prata, madeira e outras tantas riquezas naturais foram sendo progressivamente rapinadas
e transportadas até a Europa. Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, etc, superaram
a pobreza e o atraso social a ponto de virarem impérios, dominando outras
culturas. São vastidões de relatos e fontes de pesquisas disponíveis que
comprovam ter havido massacres junto aos povos invadidos que resistiram à
ocupação na América. Não se tem informações ou comprovações de integrantes das
coroas ibéricas de terem sidos julgados e condenados por práticas de genocídio
na América.
Com
o fim da supremacia ibérica, ascendeu outra grande potência europeia agora
fundamentada pela revolução industrial. A Inglaterra se transformou no século
XIX na maior força econômica e bélica planetária, detentora de um dos maiores
impérios da era moderna. Entretanto tal soberania planetária foi quebrada já na
Primeira Grande Guerra com a ascensão dos Estados Unidos como nação vitoriosa. Depois
da Segunda Guerra Mundial, o império estadunidense rivalizou com a Rússia/União
Soviética o status de poder de persuasão e influencia política sobre os demais.
Com
o fim da cortina de ferro e do domínio soviético, os Estados Unidos são levados
a compartilhar seu domínio geopolítico com a nova potência econômica, a China.
Para manter ativa a poderosa indústria bélica norte americana após o fim da
União Soviética, novos inimigos deveriam ser forjados como de fato aconteceu. O
oriente médio, no entanto, o forte interesse sobre as imensas reservas de
petróleo levou os Estados Unidos a estreitar relações políticas com regimes
tiranos, como a Arábia Saudita. Porém era necessário combater qualquer força
opositora que atentasse aos interesses ocidentais. A OTAN teve a sua criação
baseada nesses princípios e outros.
O
Iraque, assentado sobre um gigantesco Oasis e petróleo e governado por Saddam
Hussein seria a bola da vez das investidas ocidentais. A justificativa da
ocupação americana no Iraque e que resultou na prisão e morte de Saddam foram
as denúncias de que o líder iraquiano estaria montando um grande laboratório de
armas químicas, que, no entanto, jamais foram encontradas. A ocupação do
território iraquiano pelos Estados Unidos não minimizou o quadro de violência
no país. Os atentados as Torres Gêmeas na cidade de Nova York em setembro 2001,
cuja ação foi reivindicada pelo grupo terrorista Al Qaeda, mais uma vez
serviria de pretexto a expansão da influência americana naquele território.
Caçar e levar a prisão o líder da AL Qaeda Ozama Bin Laden mobilizou forças
bélicas poderosas e bilhões de dólares.
O
alvo agora era o Afeganistão onde se acreditava estar servindo de esconderijo à
Bin Laden. A ocupação americana no Afeganistão levou ao fim seis anos de
domínio do grupo fundamentalista islâmico Talibã. O fato é que Osama estava
escondido e foi preso no Paquistão e não no Afeganistão. É claro que para o
governo norte americano foi importante forjar tal situação, pois seus objetivos
extrapolavam a prisão do líder da Al Qaeda. As forças de inteligência norte
americanas será que foram tão ingênuas de acreditarem que Osama estivesse
escondido no Afeganistão. Entretanto era necessário mobilizar a mídia mundial e
a opinião pública a favor a tomada do Afeganistão.
A
supremacia americana no Afeganistão seguiu o mesmo propósito ocorrido no
Iraque, Kuait, ou seja, controlar das reservas de petróleo e os extraordinários
oleodutos, esse último passando em território afegão. Diante da certeza de
haver o esgotamento dos hidrocarbonetos no mundo e principalmente no oriente
médio, os Estados Unidos e outras potências ocidentais começa a redirecionar
suas políticas de influência geopolítica A progressiva saída das forças de
segurança no Iraque e no Afeganistão é parte desse novo esquema.
Bem
ou mau a presença americana no Afeganistão garantia certa estabilidade à população
civil de uma possível ofensiva do regime do Talibã. Algo que chama atenção
quando se avalia as várias investidas ou intervenções de países ocidentais sobre
o oriente médio, Irã, Kuait, Afeganistão, por exemple, traz a sensação de imaturidade,
incapacidade dessas culturas de se auto organizarem. O caso da Índia que por
décadas manteve-se sob a batuta do regime britânico; a África do Sul,
controlada pela Holanda, Inglaterra, Alemanha, e assim vai.
Claro
que essas teriam todas as possibilidades de se organizarem e tomar as rédeas do
seu destino. O mesmo teria ocorrido na América hispânica e portuguesa. No entanto,
o que os impérios fizeram foi construir narrativas dando a impressão de que as
culturas tomadas viveriam em uma eterna barbárie. O que se viu foi a
intensificação ainda maior da barbárie dessas “frágeis culturas” pelos
invasores.
Retornando
o caso do Afeganistão, será que em vinte anos de presença americana não teria
sido suficiente para os americanos terem auxiliado na reestruturação política e
militar que pudesse resistir a possíveis investidas do talibã? Incrível foi a
facilidade e a rapidez como se deu a tomada da capital Cabul. Mas o que
impressionou mesmo foram as imagens chocantes do aeroporto da capital onde
milhares de pessoas aglomeradas tentavam desesperadamente sair do país.
A
cena das pessoas agarradas em um avião militar foi parecida a uma imagem
exibida no Vietnã quando os vietcongues tomam a capital do país. Centenas de
cidadãos americanos tentavam embarcar em helicópteros para fugir do país. Todas
as tentativas de guerras preventivas para combater o terror geraram mais terror
e morte aos civis dos países ocupados. O fato é que o terror ou guerras entre etnias
ou grupos religiosos tem o dedo de grandes potências interessadas em abocanhar riquezas.
Prof.
Jairo Cesa
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