GRITO
DOS EXCLUÍDOS – VIDA EM PRIMEIRO LUGAR
Como
acontece a 26 anos, em 2021 a 27 edição do grito dos excluídos tem como tema a Vida em Primeiro Lugar. Esse evento é o
que melhor resume o dia sete de setembro, dia em que a população vai às ruas
expor sua indignação e revolta às políticas elitistas e excludentes que
permanecem quase intactas desde o “Grito do Ipiranga” em sete de setembro de
1822. Desde o instante do forjado rito
militar que resultou na pseudo independência, jamais o Brasil conquistou de
fato sua autonomia política e econômica, onde mantém até hoje traços culturais patriarcalistas,
machistas, escravistas, herdados do passado.
Nossas
riquezas, ouro, prata, madeira e outros tantos produtos ajudaram a reestruturar
economicamente a Europa a ponto de se transformarem em verdadeiras potências
imperialistas. Se nos mantivemos subjugados à metrópole portuguesa por mais de
trezentos anos, com a Inglaterra esse domínio ultrapassou um século. E não
parou aí, o século XX e XXI o Brasil permaneceu como nação subjugada, satélite,
orbitando junto às novas potências que passaram a ditar nosso projeto de
sociedade. Sem luz própria e identidade a população vive a mercê de governos
fantoches e entreguistas desde então.
Nossas
riquezas continuam sendo rapinadas, sendo agora tomadas por castas de sangue
sugas representadas nas esferas do legislativo e executivo. Não satisfeita, as
elites brasileiras, ambiciosas por mais em mais riquezas e poder, criam
instrumentos institucionais para esfolar os frágeis corpos dos/as trabalhadores/as
brasileiros/as. A redução do tamanho do Estado ou neoliberalismo virou obsessão
permanente dessas castas, respaldadas por milhões de brasileiros/as. Basta
observar quem são e a quem estão representando os/as integrantes do congresso
brasileiro, deputados/as e senadores/as.
Tacanhos investimentos em educação básica, por exemplo, sempre foram
estratégias bem sucedidas das elites Brasileiras para o permanente
recrudescimento das massas indolentes.
Causa
espanto quando se ouve expressões do tipo: o Brasil é o que é devido a corrupção, a
roubalheira e isso acontecem desde a chegada dos portugueses. Esse tipo de
argumento esconde algo terrível, a percepção naturalizada dos fatos. O pior de
tudo é que essas falsas fatalidades inundam o imaginário da sociedade, aceitando
como uma verdade inquestionável. Curar essas terríveis cicatrizes históricas
não se dará apenas no campo da política institucional, é necessário ir além, fortalecendo
os movimentos sociais, sindicatos, associações de moradores, etc. A compreensão
do complexo funcionamento da sociedade, suas contradições e verdades, devem ser
assimiladas para, posteriormente, servir de apoio a construção das trincheiras
de resistência.
Resistência
contra governos genocidas, fascistas que por lapsos sociais históricos insistem
a ressurgir como zumbis, trazendo medo e retrocessos que deixarão sequelas por
gerações e gerações. Há uma certeza inquestionável, ditaduras ou regimes autoritários
se instalam sempre respaldados por ambientes sociais propícios. Nada ocorre do
dia para noite, tudo é arquitetado meticulosamente. A literatura, a música, o cinema
e a imprensa exerceram no passado papeis importantes na disseminação dessas
ideologias totalitárias. O caso da Alemanha nazista e da Itália fascistas é
emblemático.
Hoje
em dia as redes de computadores ou internet criaram um novo velho cenário de
polarização social. Notícias e informações desencontradas sobre o mesmo tema
são divulgadas e compartilhadas por milhões de pessoas simultaneamente. Partes expressivas
dos fatos disseminados não condizem com a realidade, ambas são distorcidas ou
manipuladas para apregoar discórdias, ódios entre grupos sociais e indivíduos.
O
movimento o grito dos excluídos é uma dessas trincheiras que há décadas vem
plantando as sementes de um país possível, que germinará e crescerá livre das
pragas oriundas do capitalismo. Ou vocês acham que 14,5 milhões de
desempregados e quase 120 milhões de brasileiros submetidos à insegurança
alimentar são desígnios divinos como um castigo dos céus? Nada disso, tudo isso
é fruto desse perverso modelo produtivo que só existe e se prolifera explorando
até o limite da extenuação os recursos naturais e a força de trabalho humano.
Reavaliar
a posição de habitante hospedeiro do planeta terra, que compartilha do mesmo
ar, água, solo, com outras tantas espécies vivas é o primeiro sinal da resignação
humana. Parece que todos os alertas sobre os efeitos nefastos do modo
equivocado como lidamos com biosfera pouco ou nada sensibiliza nossas
autoridades. Todas as energias hoje dispensadas para satisfazer vaidades e
desejos doentios pelo poder, para a construção de maquinas para matar,
destruição das florestas, poluição de ecossistemas inteiros, deveriam estar
sendo canalizadas para um único centro, a luta pela salvação do nosso pequeno planeta,
deixando-o habitável para as próximas gerações.
Prof.
Jairo Cesa
https://spbancarios.com.br/09/2021/grito-dos-excluidos-anhangabau-7-de-setembro-2021
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