terça-feira, 7 de setembro de 2021

 

GRITO DOS EXCLUÍDOS – VIDA EM PRIMEIRO LUGAR


Como acontece a 26 anos, em 2021 a 27 edição do grito dos excluídos tem como tema a Vida em Primeiro Lugar. Esse evento é o que melhor resume o dia sete de setembro, dia em que a população vai às ruas expor sua indignação e revolta às políticas elitistas e excludentes que permanecem quase intactas desde o “Grito do Ipiranga” em sete de setembro de 1822.  Desde o instante do forjado rito militar que resultou na pseudo independência, jamais o Brasil conquistou de fato sua autonomia política e econômica, onde mantém até hoje traços culturais patriarcalistas, machistas, escravistas, herdados do passado.

Nossas riquezas, ouro, prata, madeira e outros tantos produtos ajudaram a reestruturar economicamente a Europa a ponto de se transformarem em verdadeiras potências imperialistas. Se nos mantivemos subjugados à metrópole portuguesa por mais de trezentos anos, com a Inglaterra esse domínio ultrapassou um século. E não parou aí, o século XX e XXI o Brasil permaneceu como nação subjugada, satélite, orbitando junto às novas potências que passaram a ditar nosso projeto de sociedade. Sem luz própria e identidade a população vive a mercê de governos fantoches e entreguistas desde então.

Nossas riquezas continuam sendo rapinadas, sendo agora tomadas por castas de sangue sugas representadas nas esferas do legislativo e executivo. Não satisfeita, as elites brasileiras, ambiciosas por mais em mais riquezas e poder, criam instrumentos institucionais para esfolar os frágeis corpos dos/as trabalhadores/as brasileiros/as. A redução do tamanho do Estado ou neoliberalismo virou obsessão permanente dessas castas, respaldadas por milhões de brasileiros/as. Basta observar quem são e a quem estão representando os/as integrantes do congresso brasileiro, deputados/as e senadores/as.  Tacanhos investimentos em educação básica, por exemplo, sempre foram estratégias bem sucedidas das elites Brasileiras para o permanente recrudescimento das massas indolentes.

Causa espanto quando se ouve expressões do tipo: o Brasil é o que é devido a corrupção, a roubalheira e isso acontecem desde a chegada dos portugueses. Esse tipo de argumento esconde algo terrível, a percepção naturalizada dos fatos. O pior de tudo é que essas falsas fatalidades inundam o imaginário da sociedade, aceitando como uma verdade inquestionável. Curar essas terríveis cicatrizes históricas não se dará apenas no campo da política institucional, é necessário ir além, fortalecendo os movimentos sociais, sindicatos, associações de moradores, etc. A compreensão do complexo funcionamento da sociedade, suas contradições e verdades, devem ser assimiladas para, posteriormente, servir de apoio a construção das trincheiras de resistência.

Resistência contra governos genocidas, fascistas que por lapsos sociais históricos insistem a ressurgir como zumbis, trazendo medo e retrocessos que deixarão sequelas por gerações e gerações. Há uma certeza inquestionável, ditaduras ou regimes autoritários se instalam sempre respaldados por ambientes sociais propícios. Nada ocorre do dia para noite, tudo é arquitetado meticulosamente. A literatura, a música, o cinema e a imprensa exerceram no passado papeis importantes na disseminação dessas ideologias totalitárias. O caso da Alemanha nazista e da Itália fascistas é emblemático.       

Hoje em dia as redes de computadores ou internet criaram um novo velho cenário de polarização social. Notícias e informações desencontradas sobre o mesmo tema são divulgadas e compartilhadas por milhões de pessoas simultaneamente. Partes expressivas dos fatos disseminados não condizem com a realidade, ambas são distorcidas ou manipuladas para apregoar discórdias, ódios entre grupos sociais e indivíduos.

O movimento o grito dos excluídos é uma dessas trincheiras que há décadas vem plantando as sementes de um país possível, que germinará e crescerá livre das pragas oriundas do capitalismo. Ou vocês acham que 14,5 milhões de desempregados e quase 120 milhões de brasileiros submetidos à insegurança alimentar são desígnios divinos como um castigo dos céus? Nada disso, tudo isso é fruto desse perverso modelo produtivo que só existe e se prolifera explorando até o limite da extenuação os recursos naturais e a força de trabalho humano.  

Reavaliar a posição de habitante hospedeiro do planeta terra, que compartilha do mesmo ar, água, solo, com outras tantas espécies vivas é o primeiro sinal da resignação humana. Parece que todos os alertas sobre os efeitos nefastos do modo equivocado como lidamos com biosfera pouco ou nada sensibiliza nossas autoridades. Todas as energias hoje dispensadas para satisfazer vaidades e desejos doentios pelo poder, para a construção de maquinas para matar, destruição das florestas, poluição de ecossistemas inteiros, deveriam estar sendo canalizadas para um único centro, a luta pela salvação do nosso pequeno planeta, deixando-o habitável para as próximas gerações.

Prof. Jairo Cesa    

 

 

 

https://spbancarios.com.br/09/2021/grito-dos-excluidos-anhangabau-7-de-setembro-2021

 

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