A
BARRA DO RIO ARARANGUA ESTÁ AGONIZANDO E PEDE SOCORRO DAS AUTORIDADES
Está
se tornando hábito todos os finais de semanas na foz do rio Araranguá, mesmo
com os decretos do governo do estado para conter a transmissão da COVID 19,
centenas de jovens insistirem em descumpri-los. O que é mais estranho é a
passividade ou a cegueira das autoridades frente as barbaridade lá praticadas. Em
nenhum momento lancei opinião criminalizando a juventude do direito de se
divertir. Porém, a crítica que faço se deve ao fato de não ser a foz do rio
Araranguá o lugar adequado para tais iniciativas. Lá centenas de pescadores
familiares, todos os dias, lançam suas redes para capturar o cada vez mais
escasso peixe necessário à sobrevivência.
Qualquer
animal, independente da espécie, tende a sofrer algum tipo de estresse quando
seu ambiente é acometido por fortes ruídos. É o que está acontecendo na foz ultimamente
com veículos contendo potentes e ensurdecedores sons automotivos. É possível notar a progressiva redução do número
de aves que utilizam o local para pernoitar ou descansar. Lembro no passado a
presença de diversos pescadores lançando suas tarrafas na boca da barra. Junto
com os pescadores estavam sempre os fieis botos, cada um com o seu nome, exercendo
papel de parceiros na captura dos pescados.
Hoje
são um ou dois pescadores lançando suas tarrafas, sem mais a companhia dos
valorosos botos. A criação da RESEX (Reserva Extrativista de Proteção
Ambiental) em 2016 tinha como um dos objetivos a revitalização daquele estuário
como forma permitir o retorno dos botos. A pergunta que muitos gostariam de
fazer é por que tanto descaso das autoridades com aquele local? Nesse final de
semana, 25/04, decidi pegar minha bicicleta e ir até o local ver de perto o que
as autoridades insistem em não enxergar.
O
que se nota cerca de quinhentos metros da foz é a distribuição de dezenas de
tubos de cimentos sobre área de restinga que fora transformada em
estacionamento. Outros tubos foram
instalados para restringir a entrada de veículos até a foz. A idéia, a
princípio, seria fazer as pessoas deixarem seus veículos ali estacionados e se
deslocarem a pé até o estuário. Quem disse que somente os tubos resolveriam o
problema? Como já é costumeiro em outros lugares da orla, um dos tubos foi
removido permitindo que os veículos acessem ao local.
São
inúmeras as infrações lá cometidas, principalmente ambientais. Trafegar sobre
as restingas e dunas é crime ambiental presente em várias legislações,
principalmente no Plano Diretor de Araranguá. O próprio poder público foi um
dos infratores no local degradando áreas protegidas. Percebi que parcela
significativa dos veículos que lá estavam eram provenientes do Balneário Rincão,
onde utilizam a orla para transitar. É outra infração passiva de autuação, pois
trafegar sobre a orla de Araranguá está proibido conforme resolução do TRF
(Tribunal Regional Federal) de Porto Alegre.
Se
a idéia da administração pública de Araranguá era conter o fluxo de pessoas e
veículos no local, a fixação de tubos de concreto deveria ter sido realizada
também no lado oposto da barra, não é mesmo? Outra reflexão. Tudo indica que o
poder público de Ararangua tinha clareza que tais medidas impeditivas não
surtiriam os efeitos esperados, pois tanto a Polícia Ambiental, Militar, IMA,
IBAMA, não possuem aparatos suficientes para fiscalizarem o local. Ou será que
possuem, não o fazem devido às determinações advindas de autoridades
superiores? Espero que eu esteja equivocado quanto a essa reflexão.
Prof.
Jairo Cesa
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