PARTIDOS, QUADRO DE ALIANÇAS E PROGRAMAS DE GOVERNO À PREFEITURA DE ARARANGUÁ - GESTÃO 2021-2024
Uma
das tarefas importantes dos/as eleitores/as antes de decidir o voto é
conhecer as ideologias e os planos de governos dos/as candidatos/as a prefeito/a
e vereadores/as. Esse é um ato importante, para depois de eleitos,
terem argumentos para exigir e pressioná-los no cumprimento das metas. No pleito
que estamos prestes a participar no município de Araranguá, cinco são os grupos
concorrentes. Quatro dos candidatos à majoritária integram partidos de direita
ou extrema direita, com históricos pouco favoráveis aos/as trabalhadores/as no
congresso nacional, por terem votado a favor das reformas trabalhistas e
previdenciárias.
Os
cinco grupos participantes da corrida eleitoral lançaram e vem divulgando seus
programas de governo nas redes digitais e outros sistemas tradicionais
como jornais, revistas e panfletos impressos. Cada um expõe as proposituras, às vezes ou geralmente, jamais realizáveis. Aqui farei breve relato das
propostas das agremiações, destacando dois temas, o turismo e meio
ambiente. A primeira escolha se deve ao complexo conjunto de cenários
singulares no município de Araranguá, repletos de encantamentos e relevância cultural.
A
segunda escolha, meio ambiente, se deve a forte vinculação com o turismo, pois,
quem viaja, busca conhecer ou permanecer em lugares atrativos, harmonizado com
os ecossistemas. O que foi observado no
programa de quase todos foi uma heresia habitual na cultura política
brasileira, não considerar quando o prefeito é de partido
oposto, as realizações e as demandas construídas com a
comunidade em administrações passadas.
No
Brasil, os projetos governamentais apresentam tempo de validade curto, quatro anos, o tempo de permanência de quem está no poder. O fato é que os programas propostos para um município, estado e país, não se configuram como
programa de Estado, mas de governo, de partido. Acontece na educação, na saúde
e outros setores importantes. Independente de quem está no comando da gestão pública, demandas construídas
com a sociedade se mostram tão relevantes e necessárias que teriam de dar continuidade. Não é exatamente o que acontece.
Para
o município de extraordinária relevância turística como Araranguá, Morro
dos Conventos, Morro Agudo, Ilhas e Barra Velha, em 2014 iniciaram projeto que mudou toda a compreensão político-jurídica das áreas acima relacionadas. O Projeto Orla, como ficou conhecido na época, teve a duração de três anos, porém, as demandas serão permanentes. Participaram delegados/as de entidades civis, governamentais e empresariais. O objetivo da iniciativa foi construir, em parceria
com instâncias federais, municipais/comunidades, plano de gestão integrada onde definiriam Zonas Residenciais, Turísticas e de Preservação Permanente.
Debates
acalorados, impasses e resistências fizeram parte do cotidiano dos encontros.
Infelizmente o segmento ambiental teve fraca representatividade no Projeto Orla. A presença de integrantes da OSCIP
PRESERV’AÇÃO do Morro dos Conventos, foi importante e
necessária para dar um caráter mais preservacionista que mercado ao
projeto. No final de 2016, a primeira etapa do projeto estava concluída, que culminou no Plano de Gestão Integrada com mais de 200 demandas à serem
executadas.
O
legislativo de Araranguá foi quase imperceptível nos encontros, um ou dois
vereadores com regularidade nas reuniões. O zoneamento da orla de Araranguá, que foi agregado ao plano diretor e sancionado em 2016,
ocorreu motivado pelo projeto Orla. Quando se diz que foi concluída a
primeira etapa do projeto, é porque outras tantas teriam sequência com a criação de um grupo gestor.
Se
há um plano de gestão elaborado, o desafio agora é fazer com que cada demanda
siga o seu ritual de execução. Para isso, foi necessário definir os delegados/as
encarregados/as de dar encaminhamento às ações. O fato relevante e histórico do projeto orla foi a assinatura de decretos que criaram três unidades de conservação município.
Para
um município com imensos atrativos naturais, históricos e culturais, os
decretos das Unidades e o PGI, viraram instrumentos que proporcionariam o empoderamento da sociedade na tomada de decisões do que seria conveniente e impactantes ao ambiente. Entretanto, não haveria motivo para novamente querer inventar a roda na área turística das quatro
comunidades da orla de Araranguá.
Seria
muito simples e economia de tempo se o/os responsável/eis por esse departamento,
nos partidos ou alianças, tivessem em mãos o relatório PGI do orla (Plano de
Gestão Integrada) O único esforço era transcrevê-lo aos programas de governos. Estariam aí os candidatos fazendo a coisa
certa, respeitando decisões de 26 entidades e quase 80 reuniões, a um custo orçado de meio
milhão de reais.
Isso
evitaria candidatos/as à majoritária a se exporem ao ridículo em entrevistas e debates,
fazendo criticas ou defendendo propostas eleitoreiras sem qualquer embasamento técnico e compreensão
da realidade. Certo candidato a prefeito afirmou em entrevista que eleito reunirá o corpo jurídico do município para bater de frente com TRF4, (Tribunal
Regional Federal) da Quarta Região de Porto Alegre. O mesmo estava se referindo a proibição do
acesso de veículos à orla do Morro dos Conventos.
Desconhece o candidato que o TRF 4 somente passou a atuar após o MPF (Ministério Público Federal) Criciúma, esgotar as tentativas negociáveis com o poder público. Em
nenhum momento o MPF propôs o bloqueio do trânsito na Orla. Houve sugestão de uma das procuradoras do Ministério Público, para que o município
formalizasse parceria com a Associação de Moradores do bairro Morro dos Conventos para explorar turisticamente a barra. Os prazos foram se esgotando e nada de concreto
aconteceu. O que realmente houve foram tentativas frustradas da procuradoria do Município de Araranguá para derrubar os embargos.
Com a oficialização do bloqueio para veículos não oficiais, pouca coisa mudou, os veículos permaneceram transitando sem impedimento à orla e demais ecossistemas. Quem duvidar dessas afirmações a sugestão é dar uma voltinha nos finais de semana a orla do Morro dos Conventos. O PGI, onde o candidato da Coligação Novos Rumos
Araranguá, desconhece, está lá as prerrogativas para fazer de Araranguá
uma referência ao turismo sustentável. Fora isso são apenas bravatas de quem desconhece o que é turismo sustentável.
Outro
candidato, da coligação Coragem Para Mudar, demonstrou em entrevista,
não ter conhecimentos do Projeto Orla, muito menos do Plano de Gestão
Integrada. Afirmou
que eleito convocaria pessoas para discutir plano específico para o turismo em Ilhas e Morro dos Conventos. Mais uma aberração. Por que perder mais tempo e
dinheiro convocando pessoas para tratar de assuntos decididos pelas próprias
comunidades citadas. Disse que há muita proteção de áreas federais. Não
sabe o candidato que o projeto orla mudou a concepção de áreas federais na
faixa costeira do município. Agora o Estado e o Município têm poderes similares
para propor ações de fiscalização e sanções contra crimes ambientais. MPSC,
FAMA, POLÍCIA AMBIENTAL, IMA, ambos tem autoridade de impor regras sobre áreas
protegidas.
Candidato
da coligação Mudança Certa, cujo partido de filiação tem um histórico
pouco promissor no turismo, defendeu em entrevista que dará ênfase ao turismo
associado à gastronomia. Quanto ao Morro dos Conventos, ressaltou que lutará para que o balneário conquiste o “selo azul”. Imagino selo azul, o certificado internacional "bandeira azul" de áreas relevantes ao
turismo. Os municípios contemplados deverão cumprir uma
serie de requisitos ambientais.
O
modo displicente como a atual e antigas administrações vêm agindo sobre a orla
do Morro dos Conventos e Ilhas, acreditamos que as chances são mínimas de que
os certificadores escolham nosso balneário para o hasteamento da bandeira azul. A certificação seria uma consequência se executasse o que está aprovado, onde tem quase uma certificação
de bandeira azul. A APA o MONA-UC e a RESEX, dariam suportes legais para tornar
o Morro dos Conventos e demais balneários da casta araranguaense num dos
destinos mais apreciados por turistas e veranistas. Isso pelo fato dos decretos
terem nos seus artigos e parágrafos prerrogativas que garantem o uso
sustentável desses ambientes.
Ratificamos
que o futuro gestor público de Araranguá terá baixo custo financeiro para impulsionar o turismo no município. Basta cumprir as demandas do PGI, dando sequência às etapas restantes às unidades de conservação. Quem visitou o
farol ou outros pontos estratégicos município deve ter se deparado
com painéis informativos sobre aspectos relevantes da fauna,
flora e outras potencialidades da orla.
Esses
painéis foram demandas do Projeto Orla, com custos orçados em quase 40 mil
reais. A Fundação SOS Mata Atlântica foi uma das apoiadoras. São nove painéis
distribuídos em cinco pontos específicos. O turista, a partir dos painéis, terá
a oportunidade de conhecer um pouco das particularidades da nossa faixa
costeira. Mas parece que essa importante iniciativa turística passou
despercebida pelos olhares dos marqueteiros das coligações
conservadoras de Araranguá.
O
candidato a prefeito da atual gestão, quando vereador em 2017, além de não
ter participado das reuniões do Projeto Orla, se reuniu com técnicos da UNESC para discutir áreas de proteção que integram o projeto
orla. Essa atitude foi interpretada na época como afrontamento a
autonomia dos/as delegados/as do grupo gestor encarregado de discutir o projeto
orla. Não ficou somente nisso a intromissão da câmara em temas até então de
responsabilidade do projeto orla.
Em
outubro de 2017, mais uma vez desrespeitando os/as delegados/as, a câmara
referenda portaria de n. 113 do Ministério do Planejamento Desenvolvimento e
Gestão. Essa portaria daria autonomia ao município de gestar as suas orlas. Pura tolice
dos legisladores que votaram a lei, mostrando descaso com os integrantes do projeto orla e do grupo
gestor, que naquele instante estavam discutindo as etapas de execuções.
Agora, o mesmo presidente da atual e anterior legislatura, acompanhado com outros vereadores
que compõem a aliança “Tudo que é Bom Pode Melhorar”, no plano de governo
referente ao turismo e meio ambiente, há poucos dias do pleito, a
população é surpreendida por uma notícia bombástica. Na inauguração de uma
escola básica estadual no município, o secretario estadual do turismo, presente
no encontro, expõe ao público presente e à imprensa, vídeo de projeto Parque
Turístico Urbano, a ser edificado no farol do Morro dos Conventos.
Mais
uma vez a atual administração e o candidato a prefeito, presidente da câmara, agem como se tudo o que pensam pode ser edificado no Morro dos
Conventos. Repetem comportamentos de descasos com mais se sessenta organizações
envolvidas na elaboração de plano de zoneamento na orla e de unidades de
conservação permanente, cujo monumento natural ou paleofalésia, está inserido.
Sobre
a atividade pesqueira, que beneficia as comunidades de Ilhas e
Morro Agudo, o Decreto municipal n. 7.830/2016, que criou uma RESEX (Reserva
Extrativista) define como uso econômico sustentável área que que compreende parte do curso do Rio
Araranguá, a montante da balsa até o raio de 1,5 Km na foz do mesmo rio. O decreto foi uma demanda da comunidade tradicional pesqueira
e está amparada na Portaria IBAMA n. 44. Então, já existem políticas públicas
suficientes falta apenas executá-las. Se os artigos e parágrafos que constam
no decreto RESEX fossem executados, hoje essas comunidades estariam em uma
condição mais favorável.
A
realidade mostra um cenário desolador. Nos finais de semana, por exemplo, são
dezenas de Jet ski e lanchas disputando espaços com pequenas embarcações de
pescadores artesanais. No decreto da RESEX, o que chama a
atenção é o Art. 3, VII, propondo reconstruir um ambiente que proporcione o
retorno do boto e o restabelecimento da pesca de tarrafa cooperativa. Outro
item relevante no decreto está no Art. 6, que obriga o repasse à RESEX
de taxas indenizatórias, de cinco a dez por cento, em caráter de compensação
ambiental dos empreendimentos que geram algum tipo de impacto ambiental.
A
balsa que faz ligação às comunidades de Morro dos Conventos e Ilhas
é um tipo de empreendimento que gera impacto ambiental. Nenhum centavo à Resex é repassado.
Outro empreendimento prometido pela atual administração, que consta no plano de
governo, é a construção de uma ponte ligando as comunidades de Morro dos Conventos e Hercílio Luz, com custo
orçado de 10 milhões de reais. Se os percentuais estabelecidos pelo decreto
fossem cumpridos. a Resex teria fundos suficientes para
investimentos em recurso humanos, bens e materiais necessários para a
implementação, manutenção e gestão da unidade. Isso também vale para os demais
decretos, a APA (Decreto n. 7.828/2016) e o MONA-UC. (Decreto nº
7.829/2016).
Há uma expectativa que Araranguá
possa sair do limbo histórico na área do turismo e de outros setores
importantes para alavancar a economia. A presença de uma candidatura alternativa
para prefeito e vereadores que comungam com os princípios éticos e
humanísticos, podem ser determinantes à ruptura da estagnação que
acompanha o município por décadas. Estamos
nos referindo ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Em Araranguá temos o
professor Dr. Felipe Damásio, que concorre ao posto de prefeito e o professor
Kauê, a vice-prefeito.
Quem vivenciou o Partido dos
Trabalhadores na sua origem notará que a filosofia do PSol, muito se
assemelha ao antigo programa do PT, considerando progressista para a época. Infelizmente,
o partido que alimentara esperanças a milhões de brasileiros prometendo rupturas desse modelo econômico perverso, mudou de direção, convencido que reformas estruturais e programas assistenciais seriam possíveis para humanizar o
capital.
Entretanto, o PSol, surge como uma nova
esperança de rupturas estruturais perversas que transformam humanos em objetos descartáveis. Quem ainda desconhece o PSol e seu programa para Araranguá, entre
na sua página nas redes sociais e confira. Sem dúvida é a
esperança de termos uma Araranguá verdadeiramente para todos/as.
Prof. Jairo Cezar
https://www.portalveneza.com.br/situacao-das-areas-preservacao-morro-dos-conventos-tema-reuniao/
https://www.blogger.com/blog/post/edit/8334622275182680372/7293824822662736581
https://www.cmva.sc.gov.br/camara/conteudo/335/Noticias/7/2017/77
http://www.abequa.org.br/trabalhos/228_resumo.PDF
https://leismunicipais.com.br/a1/sc/a/ararangua/decreto/2016/783/7830/decreto-n-7830-2016-dispoe-sobre-a-criacao-da-unidade-de-conservacao-da-natureza-municipal-reserva-extrativista-do-rio-ararangua-e-da-outras-providencias
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