sexta-feira, 13 de novembro de 2020

 O TEMA ÁGUA PERMANECE AUSENTE NOS PROGRAMAS DE GOVERNO DOS POSTULANTES AOS CARGOS DE GESTORES PÚBLICOS MUNICIPAIS

Não há dúvida que fatores naturais como o El Niño e la Níña há muito tempo vem influenciando o clima no mundo inteiro, porém,  com mais insistência na América do Sul. No entanto, somado a esses fenômenos estão os antrópicos, ou seja, aqueles em que há relação direta e indireta com o homem. A queima de combustíveis fósseis e os desmatamentos estão se transformando num dos principais vilões do clima global, impactando biomas importantes, bem como a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro.  

Os vários encontros de cúpula (COPs) sobre clima não estão sendo suficientes para sensibilizar governos sobre a necessidade de mudar conceitos sobre produtividade de baixo impacto ambiental. O custo financeiro aplicado em inovações tecnológicas como a geração de energias limpas são relativamente menores que os gastos públicos para reparação de danos provenientes de fenômenos adversos do clima. Os incêndios que devastaram milhões de hectares de florestas na Austrália, costa oeste dos Estados Unidos, Europa e América do sul, dão mostras de que a população do planeta precisa se sensibilizar e pressionar seus governos a incluírem em suas agendas políticas, temas como preservação dos recursos naturais.

A pressão por matérias primas para alimentar poderosas companhias transnacionais e o insaciável e ilimitado agronegócio são considerados hoje os principais vilões do frágil e limitado planeta terra. O Brasil, embora não esteja incluído entre as potências industrializadas é o quinto maior emissor de gases do efeito estufa. Esse triste posto se deve aos desmatamentos e incêndios, que nos últimos anos vem consumindo o que resta de um dos biomas mais importantes e necessários ao equilíbrio climático global. O bioma amazônico, o serrado, a mata atlântica e o pantanal, juntos contribuem com mais de 50% das espécies da fauna planetária existentes.

No entanto são os ecossistemas mais ameaçados do mundo. Não há dúvida que pandemias como Corona Vírus, sua origem e disseminação tem relação com desequilíbrios ambientais. Nas densas florestas tropicais, animais carregam em seu organismo materiais genéticos de vírus letais ao ser humano. A redução progressiva das aeras de florestas forçam a migração de espécies de mamíferos como macacos, morcegos, para áreas habitadas. Logo, esses mamíferos inoculam sangue contaminado em hospedeiros, suínos, bovinos, aves, etc, provocando a mutações do vírus.

Acredita-se que o COVID 19 pode ter se originado de um processo de mutação genética cujo animal vetor tenha sido um morcego. Pesquisadores vêm alertando acerca da possibilidade de outras pandemias mais agressivas que o COVID 19. Na América do Sul, a floresta amazônica está no centro dos debates de protagonizar um novo surto pandêmico global. Parece que os alertas não geram o mínimo de mal estar às autoridades de países como o Brasil, que assistem em berços esplêndidos o fogo consumindo florestas inteiras.

 A crise hídrica que já é uma realidade em todas as regiões brasileiras, tende a se intensificar ainda mais naquelas cujas chuvas dependem exclusivamente da existência das florestas. O serrado, o centro oeste e centro sul brasileiro, as culturas da soja, algodão, milho, cana de açúcar, dependem diretamente das ameaçadas árvores centenárias da Amazônia que lançam à atmosfera milhões de litros de água diariamente. Os estados do sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, os ciclos de estiagens estão cada vez mais curtos e prolongados. Os desmatamentos freqüentes no bioma da mata atlântica associados a fenômenos naturais como o la nina, ambos servem de combustíveis à redução de umidade atmosférica.  

Em 2020 órgãos como a Polícia Ambiental e o IMA aplicaram quase três milhões de reais em multas por desmatamento criminosos no estado de Santa Catarina. A atual estiagem que assola o estado é considerada pelos órgãos que monitoram o clima, uma das maiores dos últimos trinta anos. A região do meio oeste e centro oeste está entre as mais afetadas pela falta de chuva desde 2019. O extremo sul do estado, as estiagens estão se transformando em acontecimentos corriqueiros. Embora a região apresente um dos maiores índices pluviométricos do Brasil, toda a água precipitada rapidamente é escoada para os rios.

A pouca cobertura florestal e a lixiviação do solo pela rizicultura são fatores determinantes na limitada reposição dos aqüíferos que abastecem rios, córregos e lagos. Mais do que nunca, a questão da água na região da AMESC deveria ser tema primordial nos planos de governos de todos os postulantes ao cargo de gestor público. É muito provável, com raras exceções, que se algum candidato tem o tema água descrito no plano, está relacionado ao segmento ambiental e nada mais. Nos debates e horários políticos, o que mais se ouviu dos candidatos foram promessas de alavancar a economia da região, com a atração de indústrias, o fortalecendo do comércio e da agricultura.

Hoje em dia, os planos de desenvolvimento dos municípios deveriam estar condicionados a oferta e a demanda de água existente. Turvo, Meleiro e outros municípios que congregam a bacia hidrográfica do Rio Araranguá já vivem experiências de conflitos por disputas de água. O próprio comitê da Bacia teria de impor aos postulantes aos cargos de prefeito dos 21 municípios que tivesse um capitulo específico sobre como aproveitar racionalmente os recursos hídricos. Sem isso será muito difícil conciliar crescimento urbano, geração de emprego em curto e médio prazo. A sensação que fica lendo alguns programas dos candidatos aos governos municipais é que o problema da água não é uma realidade regional.

Prof. Jairo Cezar

     

   

https://wh3.com.br/noticia/204731/operacao-aplica-mais-de-r$-500-mil-em-multas-por-desmatamento-no-meio-oeste-de-sc.html                    

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário