O TEMA ÁGUA PERMANECE AUSENTE NOS PROGRAMAS DE GOVERNO DOS POSTULANTES AOS CARGOS DE GESTORES PÚBLICOS MUNICIPAIS
Não
há dúvida que fatores naturais como o El Niño e la Níña há muito tempo vem
influenciando o clima no mundo inteiro, porém,
com mais insistência na América do Sul. No entanto, somado a esses
fenômenos estão os antrópicos, ou seja, aqueles em que há relação direta e
indireta com o homem. A queima de combustíveis fósseis e os desmatamentos estão
se transformando num dos principais vilões do clima global, impactando biomas importantes,
bem como a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Os
vários encontros de cúpula (COPs) sobre clima não estão sendo suficientes para
sensibilizar governos sobre a necessidade de mudar conceitos sobre
produtividade de baixo impacto ambiental. O custo financeiro aplicado em
inovações tecnológicas como a geração de energias limpas são relativamente
menores que os gastos públicos para reparação de danos provenientes de
fenômenos adversos do clima. Os incêndios que devastaram milhões de hectares de
florestas na Austrália, costa oeste dos Estados Unidos, Europa e América do sul,
dão mostras de que a população do planeta precisa se sensibilizar e pressionar
seus governos a incluírem em suas agendas políticas, temas como preservação dos
recursos naturais.
A
pressão por matérias primas para alimentar poderosas companhias transnacionais
e o insaciável e ilimitado agronegócio são considerados hoje os principais
vilões do frágil e limitado planeta terra. O Brasil, embora não esteja incluído
entre as potências industrializadas é o quinto maior emissor de gases do efeito
estufa. Esse triste posto se deve aos desmatamentos e incêndios, que nos
últimos anos vem consumindo o que resta de um dos biomas mais importantes e
necessários ao equilíbrio climático global. O bioma amazônico, o serrado, a
mata atlântica e o pantanal, juntos contribuem com mais de 50% das espécies da fauna
planetária existentes.
No
entanto são os ecossistemas mais ameaçados do mundo. Não há dúvida que
pandemias como Corona Vírus, sua origem e disseminação tem relação com
desequilíbrios ambientais. Nas densas florestas tropicais, animais carregam em
seu organismo materiais genéticos de vírus letais ao ser humano. A redução
progressiva das aeras de florestas forçam a migração de espécies de mamíferos como
macacos, morcegos, para áreas habitadas. Logo, esses mamíferos inoculam sangue
contaminado em hospedeiros, suínos, bovinos, aves, etc, provocando a mutações
do vírus.
Acredita-se
que o COVID 19 pode ter se originado de um processo de mutação genética cujo
animal vetor tenha sido um morcego. Pesquisadores vêm alertando acerca da
possibilidade de outras pandemias mais agressivas que o COVID 19. Na América do
Sul, a floresta amazônica está no centro dos debates de protagonizar um novo
surto pandêmico global. Parece que os alertas não geram o mínimo de mal estar às
autoridades de países como o Brasil, que assistem em berços esplêndidos o fogo
consumindo florestas inteiras.
A crise hídrica que já é uma realidade em
todas as regiões brasileiras, tende a se intensificar ainda mais naquelas cujas
chuvas dependem exclusivamente da existência das florestas. O serrado, o centro
oeste e centro sul brasileiro, as culturas da soja, algodão, milho, cana de açúcar,
dependem diretamente das ameaçadas árvores centenárias da Amazônia que lançam à
atmosfera milhões de litros de água diariamente. Os estados do sul, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, os ciclos de estiagens estão cada vez
mais curtos e prolongados. Os desmatamentos freqüentes no bioma da mata atlântica
associados a fenômenos naturais como o la nina, ambos servem de combustíveis à redução
de umidade atmosférica.
Em
2020 órgãos como a Polícia Ambiental e o IMA aplicaram quase três milhões de reais
em multas por desmatamento criminosos no estado de Santa Catarina. A atual estiagem
que assola o estado é considerada pelos órgãos que monitoram o clima, uma das
maiores dos últimos trinta anos. A região do meio oeste e centro oeste está
entre as mais afetadas pela falta de chuva desde 2019. O extremo sul do estado,
as estiagens estão se transformando em acontecimentos corriqueiros. Embora a
região apresente um dos maiores índices pluviométricos do Brasil, toda a água
precipitada rapidamente é escoada para os rios.
A
pouca cobertura florestal e a lixiviação do solo pela rizicultura são fatores
determinantes na limitada reposição dos aqüíferos que abastecem rios, córregos
e lagos. Mais do que nunca, a questão da água na região da AMESC deveria ser
tema primordial nos planos de governos de todos os postulantes ao cargo de
gestor público. É muito provável, com raras exceções, que se algum candidato
tem o tema água descrito no plano, está relacionado ao segmento ambiental e
nada mais. Nos debates e horários políticos, o que mais se ouviu dos candidatos
foram promessas de alavancar a economia da região, com a atração de indústrias,
o fortalecendo do comércio e da agricultura.
Hoje
em dia, os planos de desenvolvimento dos municípios deveriam estar condicionados
a oferta e a demanda de água existente. Turvo, Meleiro e outros municípios que
congregam a bacia hidrográfica do Rio Araranguá já vivem experiências de conflitos
por disputas de água. O próprio comitê da Bacia teria de impor aos postulantes aos
cargos de prefeito dos 21 municípios que tivesse um capitulo específico sobre
como aproveitar racionalmente os recursos hídricos. Sem isso será muito difícil
conciliar crescimento urbano, geração de emprego em curto e médio prazo. A sensação
que fica lendo alguns programas dos candidatos aos governos municipais é que o
problema da água não é uma realidade regional.
Prof.
Jairo Cezar
https://wh3.com.br/noticia/204731/operacao-aplica-mais-de-r$-500-mil-em-multas-por-desmatamento-no-meio-oeste-de-sc.html
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