DESMATAMENTOS E
QUEIMADAS AMEAÇAM FRÁGEIS BIOMAS NO BRASIL
https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/09/18/cinco-municipios-de-mt-ja-decretaram-situacao-de-emergencia-devido-ao-grande-numero-de-queimadas.ghtml |
A região sul do Brasil,
com destaque os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina vem sendo
acometidos por fenômenos climáticos extremos com perdas de vidas e prejuízos
materiais incalculáveis. No Rio Grande do Sul uma longa estiagem histórica
trouxe prejuízos imensuráveis a milhares de produtores rurais, impactando o
abastecimento de água à população de centenas de municípios. Não bastasse o
prejuízo com a estiagem, um ciclone extratropical bomba causou estragos em municípios
do rio grande do sul e Santa Catarina.
No
estado catarinense foram mais de dez vítimas fatais, atingidas por quedas de
árvores e desabamentos. Mais destruição no estado catarinense aconteceu com a
passagem de um tornado cuja violência dos ventos destruiu centenas residências
e empresas, trazendo pânico à população. Para uma parcela da população os esses
fenômenos climáticos extremos são avaliados como acontecimentos naturais, ou
seja, sem qualquer relação com a ação humana sobre o meio onde vive.
Para
outra parcela, os episódios extremos se devem ao modo equivocado como governos
e grupos econômicos atuam sobre os ecossistemas. Os biomas da mata atlântica,
da Amazônia, do serrado e do pantanal são atualmente os mais ameaçados. Ambos
servem de refúgios para milhares de espécies da fauna e da flora, muitos em
vias de extinção. Também os biomas auxiliam na recarga dos principais rios que
abastecem cidades importantes como São Paulo e Rio de Janeiro.
O
desmatamento e as queimadas estão reduzindo áreas de florestas que atuam como
usinas formadoras de umidades. As chuvas que ocorrem no centro oeste, sudeste e
sul do Brasil, se devem a umidade vinda da Amazônia, por meio de rios voadores.
O que motiva a supressão cada vez maior de florestas no Brasil é a pressão do
agronegócio por mais terras agricultáveis. Estudos comprovam que a quantidade
de terra hoje disponível para a agricultura seria suficiente para o Brasil
tornar-se o maior produtor de grãos do mundo.
O fato é que há uma subutilização desses
espaços, com o subemprego de tecnologias.
Muitas áreas de florestas que viraram pastos e plantações na Amazônia
são de baixa fertilidade. Em quatro a cinco anos esses terrenos ficam improdutivos.
Esse é um dos fatores da expansão da fronteira agrícola, invadindo florestas,
muitas das quais públicas e unidades de conservação.
Com
o incremento de políticas para o combate do desmatamento ilegal, o Brasil vinha
melhorando sua performance em âmbito internacional. Países como a Alemanha e a Noruega
disponibilizaram enormes somas de recursos para programas de proteção das
florestas da Amazônia. O Brasil também se tornou protagonista em políticas de
combate ao aquecimento global. Na COP 15, em Paris, o Brasil assinou protocolo
se comprometendo em reduzir as emissões de gases do efeito estufa, parte dele
oriunda das queimadas.
Com
a posse de Jair Bolsonaro em janeiro de 2019, um sentimento de desilusão se
abateu sobre milhões de brasileiros, que passaram a acompanhar com pessimismo o
futuro do clima no Brasil e no Planeta. Negar
tudo o que tem relação com a pesquisa, com a ciência, foi uma das primeiras
estratégias adotadas pelo presidente e seus grupos de apoio. Isso atingiu em cheio os programas de combate
ao aquecimento global.
Se
a pauta assinada em Paris em 2015 era reduzir para zero o desmatamento ilegal
até 2030, bem como restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas
na próxima década, o atual cenário mostra que o Brasil dificilmente cumprirá
tais metas. O pior é que além de não cumprir, o Brasil vem registrando perdas
progressivas da sua cobertura vegetal, com impactos perceptíveis no fluxo de
chuvas ano após ano.
Quem
acompanha os noticiários dos telejornais percebe o aumento dos focos de
queimadas sem que os responsáveis sejam punidos. Não há dúvida que esses
sinistros são criminosos, com o aval do próprio governo federal e do ministro
do meio ambiente. Tal certeza se deve ao que disse ministro na reunião do dia
22 de abril no palácio da alvorada, que era preciso passar a boiada urgente.
É
espantoso imaginar que depois de quinhentos anos quando Galileu Galilei confirmou
o heliocentrismo, o sol como centro do sistema solar, pessoas levam a ferro e
fogo opiniões absurdas de bolsonaristas míope admitindo que a terra é plana.
Isso mostra o forte poder de persuasão dos grupos fundamentalistas, que tentam elevar
o Brasil a um patamar de obscuridade, de retrocesso humano em níveis medievais.
Prof. Jairo Cezar
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