quinta-feira, 20 de agosto de 2020

 

DESMATAMENTOS E QUEIMADAS AMEAÇAM FRÁGEIS BIOMAS NO BRASIL

Norte de Mato Grosso lidera em número de focos de queimadas - O Livre
https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/09/18/cinco-municipios-de-mt-ja-decretaram-situacao-de-emergencia-devido-ao-grande-numero-de-queimadas.ghtml

A região sul do Brasil, com destaque os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina vem sendo acometidos por fenômenos climáticos extremos com perdas de vidas e prejuízos materiais incalculáveis. No Rio Grande do Sul uma longa estiagem histórica trouxe prejuízos imensuráveis a milhares de produtores rurais, impactando o abastecimento de água à população de centenas de municípios. Não bastasse o prejuízo com a estiagem, um ciclone extratropical bomba causou estragos em municípios do rio grande do sul e Santa Catarina.

No estado catarinense foram mais de dez vítimas fatais, atingidas por quedas de árvores e desabamentos. Mais destruição no estado catarinense aconteceu com a passagem de um tornado cuja violência dos ventos destruiu centenas residências e empresas, trazendo pânico à população. Para uma parcela da população os esses fenômenos climáticos extremos são avaliados como acontecimentos naturais, ou seja, sem qualquer relação com a ação humana sobre o meio onde vive.

Para outra parcela, os episódios extremos se devem ao modo equivocado como governos e grupos econômicos atuam sobre os ecossistemas. Os biomas da mata atlântica, da Amazônia, do serrado e do pantanal são atualmente os mais ameaçados. Ambos servem de refúgios para milhares de espécies da fauna e da flora, muitos em vias de extinção. Também os biomas auxiliam na recarga dos principais rios que abastecem cidades importantes como São Paulo e Rio de Janeiro.

O desmatamento e as queimadas estão reduzindo áreas de florestas que atuam como usinas formadoras de umidades. As chuvas que ocorrem no centro oeste, sudeste e sul do Brasil, se devem a umidade vinda da Amazônia, por meio de rios voadores. O que motiva a supressão cada vez maior de florestas no Brasil é a pressão do agronegócio por mais terras agricultáveis. Estudos comprovam que a quantidade de terra hoje disponível para a agricultura seria suficiente para o Brasil tornar-se o maior produtor de grãos do mundo.

 O fato é que há uma subutilização desses espaços, com o subemprego de tecnologias.  Muitas áreas de florestas que viraram pastos e plantações na Amazônia são de baixa fertilidade. Em quatro a cinco anos esses terrenos ficam improdutivos. Esse é um dos fatores da expansão da fronteira agrícola, invadindo florestas, muitas das quais públicas e unidades de conservação.

Com o incremento de políticas para o combate do desmatamento ilegal, o Brasil vinha melhorando sua performance em âmbito internacional. Países como a Alemanha e a Noruega disponibilizaram enormes somas de recursos para programas de proteção das florestas da Amazônia. O Brasil também se tornou protagonista em políticas de combate ao aquecimento global. Na COP 15, em Paris, o Brasil assinou protocolo se comprometendo em reduzir as emissões de gases do efeito estufa, parte dele oriunda das queimadas. 

Com a posse de Jair Bolsonaro em janeiro de 2019, um sentimento de desilusão se abateu sobre milhões de brasileiros, que passaram a acompanhar com pessimismo o futuro do clima no Brasil e no Planeta.  Negar tudo o que tem relação com a pesquisa, com a ciência, foi uma das primeiras estratégias adotadas pelo presidente e seus grupos de apoio.  Isso atingiu em cheio os programas de combate ao aquecimento global.

Se a pauta assinada em Paris em 2015 era reduzir para zero o desmatamento ilegal até 2030, bem como restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas na próxima década, o atual cenário mostra que o Brasil dificilmente cumprirá tais metas. O pior é que além de não cumprir, o Brasil vem registrando perdas progressivas da sua cobertura vegetal, com impactos perceptíveis no fluxo de chuvas ano após ano.

Quem acompanha os noticiários dos telejornais percebe o aumento dos focos de queimadas sem que os responsáveis sejam punidos. Não há dúvida que esses sinistros são criminosos, com o aval do próprio governo federal e do ministro do meio ambiente. Tal certeza se deve ao que disse ministro na reunião do dia 22 de abril no palácio da alvorada, que era preciso passar a boiada urgente.

É espantoso imaginar que depois de quinhentos anos quando Galileu Galilei confirmou o heliocentrismo, o sol como centro do sistema solar, pessoas levam a ferro e fogo opiniões absurdas de bolsonaristas míope admitindo que a terra é plana. Isso mostra o forte poder de persuasão dos grupos fundamentalistas, que tentam elevar o Brasil a um patamar de obscuridade, de retrocesso humano em níveis medievais.

Prof. Jairo Cezar     

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