A PROPOSTA DA TRIBUTAÇÃO DE LIVROS E O AGRAVAMENTO DA CRISE CULTURAL NO BRASIL
Como
já é habito, todos os dias faço uma varredura nos principais blogs e sites
jornalísticos buscando fatos relevantes publicados. Temáticas como meio
ambiente e educação, sempre são os meus preferidos nas pesquisas que realizo.
Porém, não me eximo em buscar e ler os textos e artigos sobre economia e
política nacional e internacional. Em tempo de pandemia são raros os
articulistas que não fazem relação desses temas com o conturbado momento
abalado pelo corona vírus.
Hoje,
06 de agosto, quando acessei o notebook, uma das notícias mais compartilhada nos
blogs e sites de credibilidade foi à proposta do ministro da economia, Paulo
Guedes, de incluir no texto da reforma tributária, a cobrança de 12% de
tributação das editoras nos lançamentos de livros. Ao mesmo tempo em que é
proposta a taxação de livros, o texto da reforma deixa de fora da cobrança os
templos religiosos, sindicatos, entre outros.
O
fim da isenção se caracterizar em um grande retrocesso ao segmento que já sofre
os efeitos da baixa demanda de leitores. Desde que assumiu o posto de
presidente da república, Bolsonaro vem promovendo profundos desmontes em
setores importantes da sociedade como educação e cultura. O ataque ao segmento
editorial mediante a cobrança de tributos tem um objetivo muito claro, elevar ainda
mais a miséria cultural povo.
Se
mesmo com a isenção de tributos, que é uma garantia constitucional desde 1946 e
ratificado na constituição de 1988, muitas livrarias no Brasil estão fechando
as portas, imaginemos como ficará a partir do instante que entrar em vigor a
cobrança de taxas. Esse mecanismo tributário editorial também afetará o próprio
governo federal, pois é responsável pela compra de 49% de livros didáticos
distribuídos às escolas públicas brasileiras.
O
Ministro da economia defende a proposta de ao invés de isentar as editoras com
os tributos, que se promova a doação de livros aos pobres. Soa o ridículo essa
proposta. Acontece que o hábito a leitura não ocorre do dia para a noite, é
construído ao longo da vida. Ler é como tomar banho, escovar os dentes, todos
os dias deve ser praticado.
É
preciso uma campanha nacional de incentivo à leitura. Isso ocorre primeiro, por
meio das bibliotecas públicas municipais. Infelizmente dá para contar nos dedos
o número municípios brasileiros providos de bibliotecas com modesto acervo de
obras literárias. Agora, livrarias, o
número de estabelecimentos disponíveis à população chega a ser vergonhoso.
Em
2012, o número de lojas chegava a 3.481, em 2014 esse número reduziu para 3095.
Quatro anos mais tarde, em 2018, foram 595 estabelecimentos fechados no Brasil,
passando de 3.095 para 2.500 lojas. Em termos de comparação, o Brasil possui
5.570 municípios. 70% ou 80% dessas unidades abertas no Brasil estão
concentradas nos médios grandes municípios. A UNESCO recomenda para cada país o
mínimo de uma livraria para cada 100 mil habitantes. Conforme os números
mostrados acima, o Brasil está anos luz longe do que recomenda a entidade. O
fechamento de estabelecimentos ocorre mesmo com todos os benefícios
constitucionais, bem como o fim da cobrança do PIS COFINS desde 2004.
Se
a situação do mercado editorial era difícil de suportar no estado atual,
acreditam os integrantes desse segmento que com a tributação de 12% mais
livrarias serão fechadas. Mas para o atual governo, o fechamento desses espaços
não será motivo de perplexidade, muito pelo contrário. A leitura faz as pessoas
pensarem, superarem a alienação, a submissão aos dogmas que tanto mal fazem a
humanidade. Portanto, nessas circunstâncias convém não arriscar educar o povo.
Eleger
um presidente na qualidade do que está posto, foi possível pelo fato de termos
quase 80% de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que não conseguem
interpretar um parágrafo sequer de um texto. Portanto, num país onde se elege
governo que exalta torturador; que estimula o armamento da população; que
defende a ocupação e a devastação da floresta amazônica; que libera 118 agrotóxicos
durante a pandemia; que faz pouco caso às mais de cem mil mortes pelo corona vírus,
defender a tributação de livros que empobrecerá ainda mais a população não
causa nenhuma surpresa.
Prof
Jairo Cezar
https://cinemaemcena.com.br/lista/ver/festival-de-cannes-2019-filmes-em-competicao
https://www.diariodaregiao.com.br/cultura/2020/08/1202138-mercado-editorial-reage-a-reforma-tributaria---cidadao-sera-prejudicado.htmlhttps://www.diariodaregiao.com.br/cultura/2020/08/1202138-mercado-editorial-reage-a-reforma-tributaria---cidadao-sera-prejudicado.html
https://istoe.com.br/o-drama-das-livrarias/#:~:text=Em%202012%2C%20havia%20no%20Pa%C3%ADs,preocupa%2C%20e%20a%20hiperconcentra%C3%A7%C3%A3o%20tamb%C3%A9m. https://istoe.com.br/o-drama-das-livrarias/#:~:text=Em%202012%2C%20havia%20no%20Pa%C3%ADs,preocupa%2C%20e%20a%20hiperconcentra%C3%A7%C3%A3o%20tamb%C3%A9m.
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/as-livrarias-estao-desaparecendo-do-brasil,842b3702d135b4d90c1ebed379209b7esi8xq5zz.htmlhttps://www.terra.com.br/noticias/brasil/as-livrarias-estao-desaparecendo-do-brasil,842b3702d135b4d90c1ebed379209b7esi8xq5zz.html
A minha preocupação é a seguinte: tem como resolver esta questão de alienação e analfabetismo funcional de uma nação? Nossa povo acredita em salvadores da pátria, mitos, lendas, confia cegamente em líderes políticos, líderes religiosos. Nós brasileiros não gostamos de ler, e muito menos vamos investigar as fontes, é mais acreditar em fake news e ser massa de manobra. Infelizmente a realidade é assim.
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