terça-feira, 30 de julho de 2019


UM PRESIDENTE QUE ESTÁ PAVIMENTANDO O CAMINHA DE SUA POSSÍVEL QUEDA

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Talvez sem querer querendo, o presidente Bolsonaro, nitidamente cegado pelo poder, reacendeu a memória de um dos momentos mais conturbados da história recente do Brasil, a ditadura. Irritado quando interpelado pelo presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, respondeu em tom agressivo que daria explicações sobre o modo como o seu pai desapareceu durante o regime militar. Bolsonaro quer provar que o pai de Felipe foi morto por dissidentes do movimento que integrava e não como alegam que foram por militares sim que o mataram.
Conforme atestado de óbito apresentado à família de Felipe, o documento confirma que Fernando foi morto de forma não natural, ou seja, de modo violente e pelo Estado. Ainda há versões contrárias acerca do local onde foi assassinado. Uma das versões confirma que foi morto nos fornos de uma usina de açúcar no município de Campos dos Goitacás, no norte do estado do Rio de Janeiro. A outra versão ressalta que a morte ocorreu na cidade de São Paulo e seu corpo enterrado no cemitério de Perus.
Se há provas comprobatórias da morte do pai do presidente da OAB por integrantes da ditadura, como um presidente da república ousa se opor a tal prova que também é referendada pelo próprio ministério dos direitos humanos. Toda essa celeuma criada pelo presidente reabriu as feridas de um período trágico na nossa história não cicatrizada que insiste e querer se repetir.
Se o presidente afirma que sabe como morreu o pai de Felipe, por que não falou quando foi criada a comissão da verdade para esclarecer os fatos.   Não há dívida que o presidente deve ter muita informação para repassar sobre os desaparecidos nos porões da ditadura, cujas famílias reivindicam os corpos para um sepultamento digno.
Todos devem ter na memória o fatídico discurso proferido por Bolsonaro quando deputado federal durante a votação do impeachment de Dilma, enaltecendo o coronel Carlos Brilhante Ustra, responsabilizado por torturas, dente as vítimas a própria ex-presidente Dilma Rousseff.  Quem possuía dúvidas sobre como seria o governo Bolsonaro, seis meses no cargo foram suficientes para acreditar que estamos sim sob o domínio de um déspota desqualificado e desequilibrado, que toda vez que abre a boca para expressar algo, deixa a população atônita com suas frases sínicas e ameaçadoras.
Três décadas foi o tempo necessário para começar no Brasil a reconstrução dos princípios do republicanismo solapados pela ditadura. Não há dúvidas que nos governos Sarney, Itamar, Collor, Lula, Dilma e até mesmo Temer, pouco avançamos em termos sociais e econômicos. Entretanto, nenhuma desses governos fez qualquer apologia ao regime militar. Contrário aos governos anteriores, Bolsonaro, tendo oportunidade, não se sente retraído em enaltecer figuras polêmicas como de torturadores que atuaram nos porões do DOE CODE.
É de ficar estupefato alguém que se diz religioso, acreditar em deus, cometer tanta perversidade em tão pouco tempo ao meio ambiente, aos indígenas, à educação e a própria soberania nacional. O modo como o governo Bolonaro vem agindo não deixa o mínimo de dúvida que estamos às portas de uma ditadura acobertada pelo manto da fictícia democracia, pois o presidente foi eleito “democraticamente”. Os jovens e outros milhares de brasileiros que votaram em Bolsonaro talvez não tiveram oportunidade de saber o que foi realmente o regime militar.
Nem mesmo uma guerra se mostra tão perversa e avassaladora quanto uma ditadura.   Num conflito mundial existem códigos ou tratados que os países beligerantes devem respeitar. Torturar e matar prisioneiros são classificados como crimes de guerra. Os envolvidos são julgados e sentenciados em um tribunal especial. Já numa ditadura nada disso ocorre. O torturador comete todos os absurdos e humilhações possíveis ao oponente. Depois de torturados, muitos são mortos e enterrados sem qualquer identificação.
Voltando a proposta asquerosa de Bolsonaro de abrir as porteiras da Amazônia para a exploração mineral, a manobra de tentar indicar seu filho, Eduardo Bolsonaro, para assumir a embaixada brasileira nos EUA é uma estratégia com o governo Trump para concretizar essa idéia. O que é estapafúrdio é saber que a proposta tem o apoio irrestrito de parcela significativa do senado federal, que vislumbram para a região uma espécie de corrida ao ouro, ou seja, um novo eldorado a exemplo do ocorrido no oeste dos Estados Unidos, onde milhares de indígenas foram dizimados pelos invasores financiados pelo Estado.
Sem oficializar a entrega dessa rica região às poderosas corporações transnacionais do setor, o garimpo irregular já ocorre sem limites em áreas protegidas e reservas indígenas. Além de índios, lideres de movimentos que lutam em defesa das florestas e culturas tradicionais são assassinados quase todos os dias. O que é pior é que o Estado brasileiro é conivente com tudo isso. A tendência, portanto, se não houver ações mais contundentes de organismos nacionais e internacionais é o agravamento da barbárie que levará ao genocídio do pouco do que restou de indígenas da invasão européia do século XVI. 
PROF. JAIRO CEZAR 

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