sexta-feira, 18 de maio de 2018


DEBATE NO IFSC – ARARANGUÁ, SOBRE A BNCC, EXPÕE O LADO PERVERSO DO CAPITALISMO NO DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA



O Instituto Federal de Santa Catarina  – Campus Araranguá, saiu na frente abrindo suas portas para debater um tema tão controverso como a BNCC, que a partir de 2019  modificará toda a estrutura de ensino das escolas de educação básica brasileira, tanto pública quanto privada. A intenção do encontro foi trazer para a reflexão, pontos polêmicos da Base Nacional como a provável supressão do currículo de áreas importantes do conhecimento como filosofia e sociologia.
Os palestrantes convidados para abordaram o assunto foram os professores Mestre Marcilon Souza, sociólogo, e o Prof. Dr. Alex Sander, Filósofo. Por cerca de duas horas, discorreram sobre a trajetória histórica do sistema de produção capitalista em âmbito global e o modo como as grandes potências vem determinando o ritmo de vida da população dos países da periferia do capital, que são pressionados a adotarem políticas de ajustes estruturais seguindo regras pré-estabelecidas por poderosas instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial. 
Na realidade os planos de reformas estruturais em curso na America Latina e no Brasil têm a zona do euro e os Estados Unidos como agentes de propulsão. Diferente de outros momentos da história recente, o capital tende agora a abocanhar os polpudos fundos públicos desses países, que teriam como destino assegurado o financiamento da educação pública. A elaboração de uma nova BNCC, somada ao PNE e a Reforma do Ensino Médio, ambos são partes integrantes de um grande pacote de “boas intenções”, que nada mais são que instrumentos facilitadores para a flexibilização ou a fragilização do Estado no seu papel de principal gestor da educação pública.  Não é por coincidência que nos últimos anos se multiplicaram no Brasil universidades oferecendo cursos e mais cursos de ensino superior à distância, sem qualquer critério de compromisso com a formação decente dos acadêmicos.
  A educação pública vem se constituindo atualmente em um “Novo Eldorado” para esses novos conglomerados do conhecimento, oferecido a distância e de baixo custo. Um exemplo para elucidar esse espantoso fenômeno do capitalismo sobre a educação brasileira é a KROTON, considerada a maior empresa privada do mundo em educação particular. Atualmente a empresa absorveu marcas tradicionais como a Pitágoras, Uniasselvi, Unopar, entre outras.
Uma das possíveis repercussões desse monopólio ou oligopólio educacional liderado por companhias do “mercado do saber” como a poderosa Kroton e tantas outros, são sua forte influência no campo político, indicando apadrinhados para ocuparem espaços de decisão nas instâncias do legislativo e executivo, articulando negociatas que lhes assegurem maior controle dos fundos públicos.
Nos vários questionamentos levantados, um dos participantes presentes no auditório afirmou que a intenção do capital é, sim, atingir frontalmente o currículo, pois é o conjunto disciplinas que tenderão a moldar o modo como os sujeitos irão pensar e conceber o mundo, como utilitários, descartáveis. Em nenhum momento as reformas propõem transformações significativas na área pedagógica, bem como no aumento do aporte de recursos para o financiamento da educação básica, embora os documentos como PNE, tenham isso como prerrogativa, com a destinação de 10% do PIB, até 2024. 
Prof. Jairo Cezar                       

Um comentário:

  1. Parabéns Prof. Jairo. Uma ótima síntese do encontro. Precisamos ficar atentos para essas reformas e principalmente saber a quem interessam. Olhos abertos sempre.

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