quinta-feira, 10 de maio de 2018


A ARTE DE SER UM GUIA DE UM SER NA TERRA


A humanidade no seu turbulento caminho evolutivo passou por diferentes e complexos estágios adaptativos. Dentre as várias espécies que habitam o planeta, o ser humano é a única capaz de criar e aprimorar ferramentas indispensáveis à sua sobrevivência.  Na sua difícil jornada de construção e desconstrução individual e coletiva, aspectos como intuição, emoção e espiritualidade passaram a ser moldados a partir dos espaços territoriais. Do mesmo modo que há vertentes humanas compartilhando hábitos e costumes comuns, a formação ética e moral, na maioria das culturas, seguiram e seguem regras parecidas de conduta, muitas das quais sistematizadas por forças metafísicas, sobrenaturais (deus, espíritos, energias cósmicas, etc).
Hoje no planeta cinco ou seis religiões convergem cerca de 2/3 da humanidade. O que é intrigante é o fato de o ser humano se sentir tão atraído pelo sobrenatural, pelo místico, ao ponto de desejar anular a sua própria essência de sujeito de livre arbítrio. Seria uma forma inconsciente de querer se anular, se eximir do seu desafio existencial, de enfrentar as barreiras durante sua jornada de vida? Muitos dos problemas que afetam milhões de pessoas no mundo inteiro têm a sua raiz primordial nas religiões, que impõem regras morais rígidas, inflexíveis, anulando pulsações vitais ao crescimento interior.
Além do fator religioso algumas sociedades ocidentais foram alicerçadas seguindo padrões funcionais de comportamento e de produção. Depois de séculos, a ciência frustrou seus idealizadores que alimentavam as expectativas de que o avanço da tecnologia reverteria o tremendo abismo social predominante. A incapacidade de encontrar respostas às frustrações e as muitas dúvidas não respondidas pela ciência e religiões, vem desafiando os sujeitos em vasculhar culturas e até mesmo as já extintas, na tentativa desesperadora de descobrir o elo necessário à felicidade plena.
É verdadeiro que as inovações tecnológicas não foram suficientes para tornar o planeta mais seguro, muito pelo contrário, não se têm registro na história recente, episódios tão conturbados como o atual, que está colocando a humanidade em condição de risco de extinção.  Diante do imenso turbilhão de incertezas e tensões que se abatem sobre grupos sociais guiados pelo consumo, a conexão com outras culturas milenares, as indígenas e as orientais, vêm se materializando, expandindo a consciência, até mesmo a regeneração da essência humana.
Mas toda essa transformação não ocorre espontaneamente entre indivíduos dominados por crenças ditas superiores. O que estiver incompatível às leis da natureza, deve ser questionado ou rechaçado, diz a lei da razão. A experimentação, o uso da razão, dos sentidos, são condicionantes elementares para atingir a "verdade". Portanto, como ousar duvidar de certezas testadas, controladas nos laboratórios? Como aceitar que os elementos vivos que compartilham do mesmo espaço habitado pelo ser humano são resultantes de uma energia cósmica imensurável, ilimitada. Os céticos afirmam que tudo faz parte da especulação e devaneios da mente humana.
Os próprios doutores, mesmo diante de todo cabedal de conhecimento acumulado não conseguem responder os mistérios que dominam a mente humana. No campo da medicina, há tempo, profissionais estão incluindo nos seus manuais, métodos de tratamento e cura dispensando substâncias alopáticas, sintetizadas em laboratórios. Ioga, imposição das mãos, acumpultura, raike, sinergia, entre outras, atraem dia após dia milhões de novos adeptos na busca frenética de respostas às angustias e frustrações não respondidas pela razão. Pode estar na expansão consciente da mente o pedaço do "elo" que faltava à tão desejada plenitude. Aqui não se trata do elo diluído em doutrinas, dogmas, tradições, verdades absolutas, etc. O processo vai além, ultrapassa os limites da razão e da fé, atingindo os campos desconhecidos da mente.
Isso é o que chamamos sabedoria ou consciência ilimitada, que se manifesta em cada um a partir do instante  que nos permitimos, nos colocamos abertos às forças intangíveis do cosmo (ser superior), ou o que cada desejar imaginar. É essa tal energia vital que tudo faz movimentar, tornar o ser humano melhor e bem estruturado se a arrogância e a prepotência não ocupassem tanto espaço na mente.  Para atingir a plenitude, o ritual preparatório deve começar anterior a concepção de um novo ser. Os povos antigos tinham isso muito claro,  sabiam que uma sociedade estruturada deveria começar antes da concepção. Quem desejasse conceber uma criança teria primeiro que consultar um visionário, o Faraó, pois era o único com condições de decidir se o casal poderia ou não ter um filho.
Hoje em dia, 90% dos problemas que assolam uma sociedade, ocorrem devido ao despreparo dos pais na hora da concepção. No ocidente o período de gestação de uma criança é pouco considerado, pois acreditam que fatores externos, ambientais, não refletem na formação integral do bebê. O que é verdadeiro é que tudo o que sentimos e falamos são absorvidos integralmente pelo bebê ainda no útero de sua mãe. Talvez pelo despreparo e rejeição ao ser fecundado, milhões de pessoas no mundo atualmente sejam acometidas por distúrbios emocionais e violência.
Pesquisas realizadas nos EUA comprovam que 75% dos apenados masculinos sofreram alguma violência ou rejeição durante a infância. Quando uma criança chega ao mundo já se depara com indivíduos totalmente despreparados, a começar pelos próprios médicos que se comportam como se o ser que nasceu fosse um objeto descartável. É no período das seis horas após o parto que a criança deve receber as atenções mais elementares, pois o seu cérebro está num estágio aguçado de sensibilidade a tal ponto de poder absorver tudo que se passa ao seu redor, até mesmo sentimentos não verbalizados por aqueles que estão ao seu entorno.
Como habitante da terra, a missão da cada um no planeta é deixá-la um pouco melhor para os que virão depois. Porém, os acontecimentos dão sinais de que nosso pacto com o universo quando formos concebidos não está sendo cumprido. Talvez porque muitos que estão no planeta não foram preparados para esse desafio, muito menos desejados por quem os concebeu. Cada ser humano que peregrina pelos quatro cantos da terra, foi uma idealização, um projeto inacabado.
Poucos se dão conta de que estão no planeta de passagem, um breve momento para aprender, ensinar, evoluir, pois logo todos terão de partir. Durante o tempo que vivemos na terra nossa tarefa é expandir a consciência para alcançar a plenitude, a felicidade. Entretanto, o que o ser humano conseguiu com sucesso na curta fração de tempo de ocupante do planeta foi tornar sua vida infernal quase insuportável. São situações que podem ser superadas, ainda há tempo, se transformações acontecerem dentro de cada um. A compreensão de que não somos melhores que outros seres vivos, que devemos devolver a terra melhor do que herdamos, são condições elementares para tornar nossa vida suportável.
Prof. Jairo Cezar  

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