domingo, 27 de maio de 2018


ATO DE SOLIDARIEDADE AO NOSSO TÃO MAL TRATADO OCEANO ATLÂNTICO



Aproveitando o dia ensolarado de domingo para desistressar do terrível bombardeio de informações que entopem as redes sociais sobre a histórica greve dos caminhoneiros, decidi dar um tempo e caminhar pela orla do Baln. Morro dos Conventos. Entretanto, já no começo do trecho próximo ao guarda vida central, me chamou a atenção a quantidade de lixo plástico espalhado por toda a extensão da orla. O material, como já é sabido, é resultado de anos ininterruptos de descartes de lixo na orla, bem como de outros tantos meios que transformaram e estão transformando os oceanos em gigantescos lixões.
O que ocorreu de fato naquela manhã ou noite anterior foi um processo conhecido por regurgitamento, ou seja, o lixo que estava depositado no fundo do mar foi literalmente vomitado para  a praia com a força das ondas. É uma forma quase consciente de dizer não, basta de atitudes maléficas contra a mãe natureza. Quando cheguei nas imediações da plataforma de pesca Arroio do Silva, um cidadão, que também é surfista, sensibilizado com a triste cena, amontoava o lixo na areia e depois recolhia em sacolas. Tanto eu quanto o cidadão compartilhávamos a mesma opinião, o mar se assemelha ao organismo de um ser vivo, um grande estômago, por exemplo, que quando ingere algo errado, que o intoxica, dá sinais de alerta, expelindo aquilo que lhe faz mal, nesse caso, o lixo plástico.


O mar, portanto, nesse dia de domingo, fazia exatamente isso, expelia lixo: pedaço de corda, latas, garrafas, etc, uma tentativa desesperadora de se livrar da terrível intoxicação que produzia desconforto em seu gigantesco estômago. É sabido que muita gente está longe de alcançar níveis satisfatórios de maturidade a ponto de se sensibilizar quando se depara com cenários tão preocupantes como o enorme volume de lixo espalhado pela orla. A presença freqüente de espécies marinhas mortas: tartarugas, focas, aves, leões marinhos, pinguins e até mesmo baleias, se deve, direta ou indiretamente ao espantoso volume de lixo descartado no mar, que os confundem com alimentos.
É sabido também que num cenário tão conturbado e caótico como o que está passando o Brasil ultimamente, as pessoas terem controle emocional para refletirem ou se aterem as assuntos "secundárias" como lixo na praia ou outras demandas ambientais coletivas, é quase impensável. Atualmente milhares de pessoas estão atônitas diante das TVs ou redes sociais, hipnotizadas com tantas notícias e imagens tratando do mesmo assunto. Muitas até são dominadas por sentimentos de solidariedade ao ponto de prestar algum tipo de apoio à causa dos caminhoneiros grevistas. Outras, não conseguem nem mesmo se desvencilhar do comodismo mórbido que são dominadas, permanecendo nas suas zonas de conforto, reclamando e procurando culpados por tudo o que está acontecendo. A pergunta que se deve fazer nesse momento é, por que não fazer alguma coisa útil para tornar sua vida e do planeta um pouco melhor?


O caminho para tornar a vida um pouquinho melhor e útil é curto e sem obstáculos, basta ir de bicicleta, ônibus, carro ou outro meio de transporte, até a orla dos municípios de Araranguá e Arroio do Silva, munidos de pequenas sacolas e recolher os resíduos plásticos espalhados por todos os lados, você estará fazendo um grande bem para si e para o planeta. Não custa nada imaginar o dia, quem sabe ainda nesse século, as pessoas já terem resolvido suas fragilidades existenciais, superada a arrogância, a individualidade, a prepotência, a ganância etc, a ponto de reservar um tempinho de suas preciosas e curtas vidas e seguirem o exemplo do cidadão surfista e esse que aqui escreve, um ato de amor e solidariedade à nossa mãe terra. Não é necessário esperar a semana do meio ambiente para demonstrar tal gratidão, tem que ser todos os dias.  
Prof. Jairo Cezar                            

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