terça-feira, 16 de agosto de 2016

 A FRAGILIDADE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ATLETISMO  E  OUTROS ESPORTES NO "JERVA” E DEMAIS COMPETIÇÕES  

  


Todos (as) que acompanharam as competições dos (as) atletas no 36° JERVA (Jogos Abertos do Vale do Araranguá) e do 8° PARAJERVA, sexta feira e sábado, no município de Turvo, devem ter ficado satisfeitos e emocionados, por perceber que a região do Extremo Sul de Santa Catarina o “espírito” de um dos eventos mais antigos e importantes do esporte catarinense, embora com todas as dificuldades, ainda permanece vivo. O fato é que muitos dos (as) atletas revelados (as) no passado, medalhistas e recordistas em competições nacionais e internacionais, estão esquecidas (os), alguns (as) vivendo em situações de dificuldades para subsistir.



Quem acompanha semanalmente os treinamentos das (os) atletas que obtiveram excelentes resultados nas competições no Turvo, sabe das dificuldades que é preparar uma equipe qualificada com o mínimo de apoio e infraestrutura. Acredito que muitos desconhecem que Araranguá embora seja a capital microrregional da AMESC, pasmem, não possui um espaço público adequado para o treinamento e a prática do atletismo. Os treinamentos permanecem sendo realizados nas dependências do Colégio Murialdo, como vem se sucedendo há quase cinco décadas. Para realçar ainda mais o quadro deprimente vivido pelos profissionais do atletismo no município de Araranguá, um evento do gênero esportivo ocorrido há poucos meses, as competições tiveram que ser realizadas no município vizinho, Arroio do Silva, mobilizando treinadores, atletas e demais envolvidos na organização, para que o evento tivesse sucesso.


 Quem assistiu as ultimas competições do atletismo na Olimpíada do Rio de Janeiro deve ter percebido como o espetáculo atrai e empolga tanta gente. No entanto, se notou que as provas ainda são restritas a seletos atletas bem preparados, que somadas às aptidões fisiológicas, recebem todo apoio dos poderes públicos constituídos. O Brasil já teve medalhistas. Hoje, até o momento nenhum brasileiro conquistou o pódio. Os resultados negativos não seriam reflexos do modo como esse esporte vem sendo tratado nas bases. No caso do Brasil, mais especificamente na região de Araranguá, os fatos revelam como ainda estamos distantes do ideal, engessados às mazelas de governos cujos investimentos disponibilizados para o esporte são pífios, beirando o ridículo em comparação com outros países.


Na realidade o que faz o JERVA acontecer todos os anos é, com certeza, a paixão e a teimosia de abnegados profissionais da área de educação física, que não medem esforços para que nas competições os atletas dêem o seu máximo na expectativa de que galgando o pódio seja o primeiro passo para alçar vôos mais altos, quem sabe, o sonho de competir em uma olimpíada.   Esse é, com certeza, o que estimula a atleta Natalia, estudante do ensino médio da EEBA, revelada pelo professor Zé Fininho na Escola Neusa Osteto Cardoso, do bairro Polícia Rodoviária, onde fez o ensino fundamental.


Acreditem, é ela uma das grandes revelações do atletismo regional, nos 100, 200 e nos revezamentos. Já participou de três edições do JERVA colecionando 12 medalhas, sendo 11 de ouro e um de prata. Além, é claro, não esquecendo a Érica, outra atleta, que é sua colega de escola, onde também brilhou nas modalidades de lançamento de dardo e disco. O que deveria ocorrer que não aconteceu e não acontecerá, pois o município não possui ainda uma identidade cultural esportiva, seria a realização de uma grande festa com o desfile de todos (as) os (as) atletas participantes em carro aberto, do mesmo modo quando ocorre com políticos ou celebridades. Lembram quando a tocha olímpica passou pelo município e dos preparativos para recepcioná-la? Lembram das pessoas convidadas para carregá-las, das homenagens prestadas e de “autoridades carimbadas” que aproveitaram o ensejo para se autopromoção?


Não poderia ter sido feita promoção semelhante com os (as) atletas araranguaenses vencedores (as) do Jerva?    É muito provável que o público sairia às ruas e as (os) aplaudiriam orgulhosos (as), estimulados (as) pelo atual momento em que o país sedia uma olimpíada. O que gera apreensão e preocupação é que as (os) atletas medalhistas tenham o mesmo destino triste que tiveram esportistas renomados do passado, que por falta de projeto e apoio financeiro abandonaram os treinamentos e as competições dedicando-se a outras atividades.
Prof. Jairo Cezar 
















             

Nenhum comentário:

Postar um comentário