domingo, 8 de fevereiro de 2015

Algumas das causas da crise da falta de água na região sudeste do Brasil

Às vésperas de mais uma semana mundial da água, a região sudeste brasileira está enfrentando uma das maiores crises hídricas de sua história. Além do fator cíclico advindo do próprio clima, o elemento cultural/social tem, por sua vez, uma forte contribuição no agravamento do problema. A partir do século XVI quando aqui chegaram colonizadores portugueses, foi adotado um modelo de ocupação pautada na exploração irracional dos recursos naturais sem que o Estado adotasse políticas de planejamento e manejo de médio e longo prazo como a água. Quanto a ocupação territorial brasileira a mesma se processou de forma heterogênea, sendo maior o fluxo demográfico na região sudeste, cuja disposição de rios com volumes expressivos de água eram menores. Se o Brasil hoje responde com 12% do volume absoluto de água doce no planeta, desse montante, 80% está concentrada na bacia do rio amazonas, com baixa distribuição demográfica.
Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Mina Gerais, juntos concentram quase a metade da população total brasileira. No entanto, a disponibilidade de água para consumo nessa região é cada vez menor para atender uma demanda populacional que cresce a cada dia. Somente o estado do Rio de janeiro tem como principal e único manancial de abastecimento o Rio Paraíba, sem contar a cidade de São Paulo, com uma população que supera os 10 milhões de pessoas, cortada por dois rios totalmente poluídos, o Tietê e o Pinheiros, e cinco represas afetadas pela má gestão pública. Se a oferta de água disponível à população que vem aumentando de forma descompassada é pequena, deveriam os gestores públicos há décadas terem adotados ações educativas e de fiscalização impedindo os desmatamentos e ocupações nas margens desses mananciais.  
A importância da preservação das florestas no entorno das represas, lagos e rios têm por finalidade assegurar a filtração da água no solo que abastecerá os aqüíferos, que por sua vez realimentará os reservatórios. Sem a presença da floresta a água da chuva escorrerá rapidamente para os rios, erodindo o solo e assoreando o leito dos mananciais. Com o prolongamento da estiagem nos últimos três anos, a oferta de água dos mananciais não está sendo suficiente para atender a demanda. Além da devastação da floresta amazônica que também tem seu peso na redução do fluxo de chuvas no território brasileiro, deve ser considerado, no caso das estiagens na região sudeste, o desmatamento da mata atlântica, que é um elemento preponderante para o ciclo das chuvas, especialmente no verão. São as chamadas chuvas Orográficas ou de Relevo que ocorrem motivadas graças a entrada de umidade do oceano atlântico, cuja precipitação e o equilíbrio somente ocorre com a presença da floresta atlântica situadas nas encostas da serra.
O curioso é que o fenômeno da estiagem vem se processando numa região cuja mata atlântica está quase que extinta. Não há dúvida que fenômenos como secas prolongada ou chuvas torrenciais está relacionado a fatores relativos ao próprio clima, que são fenômenos cíclicos, que se repetem entre 20, 30, 50 ou mais anos. No entanto, no caso de são Paulo, se a camada original de vegetação estivesse conservada, haveria maior retenção de água no solo, mantendo cheios os reservatórios ou represas. Além do escasso volume de água disponível nos mananciais, a situação é mais preocupante quando se constata que parte dessa escassa água disponível é desperdiçada durante a distribuição.
Em níveis de comparação, o percentual de desperdício de água por vazamentos em âmbito nacional chega a 37% do total tratado. Sem contar o efeito da poluição, cujos rios que cortam a cidade de São Paulo que são verdadeiros depósitos de esgotos e outros tantos tipos de rejeitos conhecidos. Somente o estado de Santa Catarina o índice chega a 33,7%. Há casos de municípios em Santa Catarina como Lajeado Grande, (municipal 90,02%); Bom Jesus (Casan 70,35%) e Siderópolis (Casan 67,78%) que o desperdício de água chega ao nível da aberração.
Prof. Jairo Cezar     

         

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