REFLEXÕES
SOBRE UM JORNALISMO TOSCO, VICIADO, QUE EM NADA CONTRIBUI PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CULTURA LOCAL
Não
é de hoje que parte de uma imprensa parcial e sem ética alguma do município vem
se utilizando de investidas extremistas para atacar qualquer um que assuma
posições divergentes daqueles que compõem o grupo de poder local, que
certamente são seus apoiadores, destaquemos aqui, o executivo e seus órgãos
diretos, o legislativo, segmentos eclesiásticos, etc. Falo isso me reportando a
2011 quando um grupo de ambientalistas do Balneário Morro dos Conventos fundou
uma OSCIP (Organização Social de Interesse Público) para atuarem em defesa
daquele frágil ecossistema.
Por
dez anos parte da imprensa local, mais enfaticamente a emissora de comunicação mais
antiga do município, na pessoa do seu principal comunicador, tratou de destilar
todo o seu ódio contra os integrantes dessa organização, bem como todos que
tomassem posições contrárias aos projetos nada sustentáveis àquele balneário. O
que nos deixava mais enfurecido era quando a toda eleição, com raras exceções, os
novos gestores públicos e seus órgãos correlatos sempre tiveram essa radio como
órgão para divulgação de suas políticas, muitas das quais trazendo impactos
negativos ao meio ambiente.
Sempre
foi costume desse respectivo comunicador, indagar os seus entrevistados sobre o
porquê das dificuldades de o balneário não se “desenvolver”. Muitas das
respostas sempre enfatizavam que havia no balneário uma forte resistência, que
a culpa desse dito “atraso” era de alguns ambientalistas, nesse caso, a pessoa
mais perseguida sempre foi eu, pois era coordenador da respectiva entidade. Sempre
afirmava que se o MPF (Ministério Público Federal), MPSC (Ministério Público de
Santa Catarina) e Polícia Militar Ambiental vinham atuando com severidade,
ajuizando ações contra o poder público era porque alguém denunciava. Não sabia
o dito comunicador ou fazia de conta que não sabia que era direito
constitucional de todo o cidadão recorrer aos órgãos em defesa do meio ambiente
quando identificassem suspeitas de possíveis irregularidades nos tramites em
projetos ambientais executados ou em execução.
Foi
exatamente o que fizemos durante os mais de dez anos de existência da nossa
entidade ambiental. Foram mais de ciquanta ações de denúncias protocoladas nos três
órgãos, sendo que, em nenhum momento houve qualquer questionamento ou até mesmo
resposta negativa contra nós por protocolarmos denúncias infundadas. Em 2013
foi publicado texto em meu blog discorrendo sobre entrevista realizada na
respectiva emissora, onde o cidadão/comunicador aproveitou para mais uma vez
destilar seu ódio contra os que eram contrários ao consenso burro pautado pela administração
pública e aceito por parte da população.
O
problema é que sua fala ecoava aos quatro cantos incitando o ódio de uma
falange de seguidores fanáticos. Sem conferir os fatos o que faziam era nos perseguir
e ameaçar. Como medidas protetivas às ameaças contra nossas vidas, vários boletins
foram lavrados junto a policia civil. O fato é que até hoje, principalmente na
atual administração, os ataques desse dito comunicador àqueles que questionam a
legalidade de projetos como foi o Deck do Morro, parte baixa, permanece. Em inspeção
realizada pelo MPF, Polícia Ambiental, entre outros órgãos, no Morro dos
Conventos, em 2021, ambos detectaram falhas no projeto desse deck, pois não
estava condizente às normativas ambientais. Na época nos culparam por termos
intercedido à obra que resultou em sua paralisação. Enfim foram inúmeros os episódios, muito dos
quais transformados em textos e publicados nesse blog.
Quando
ao episódio envolvendo a reforma da fachada da igreja matriz de Araranguá que
poderá apagar da história quase cem anos de memória afetiva, mais uma vez o
principal comunicador da emissora de rádio entre no cenário, com nítida postura
de parcialidade a favor de integrantes do clero defensores da reforma. Acontece
que um canal de comunicação digital foi criado para aqueles que se opõem a descaracterização
da fachada, pois a ideia seria trocar informações e fortalecer um movimento
pela preservação da fachada da igreja. Claro que muitas vezes algumas falas,
opiniões de membros do grupo poderiam apresentar um teor de exaltação um pouco
mais elevado. Entretanto, as finalidades pelas quais o grupo foi criado, que é
a preservação da memória arquitetônica isso deve ser considerado.
O
grau de tensão envolvendo membros do grupo pró-memória arquitetônica e
integrantes do clero e da emissora de rádio em questão se intensificou após a
festa da padroeira Nossa Senhora Mãe dos Homens ocorrida dia 04 de maio último.
Incrível é o comportamento do
comunicador dessa emissora, que se considera o “dono da verdade”, como de
outrora, e que permanece destilando ódio aos quatro ventos, como o fizera no
passado e ainda hoje contra ambientalistas e defensores da cultura do
município. Num bate papo envolvendo esse comunicador e outros dois funcionários
da emissora, chamou os membros do grupo Sacrossanta Memória da Fé de desprezíveis,
só pelo fato de estarem lutando pela preservação da cultura do município.
Chegou
ao absurdo em afirmar que integrantes do grupo torciam para que chovesse, pois
assim a procissão não ocorreria. Esse é o tipo de jornalismo mais rebaixado,
mais tosco, mais rasteiro que se pode imaginar, que em nada contribui para o
desenvolvimento de um município que dia após dia vem perdendo pedaços da sua
história. Talvez a fala expressada pelo comunicador debochando da cultura
explique porque a nossa história é tão depredada, a exemplo dos nossos sítios
arqueológicos.
Mas
não recuaremos aos nossos objetivos que são muito superiores à minúscula visão
de mundo de pessoas que se acham empoderadas a ponto de quererem ditarem as opiniões
das pessoas, geralmente repletas de vícios. A resposta dada pelo membro do
grupo Daniel Bronstrup, por meio de vídeo postado na internet, às acusações de
desprezíveis, desferidas pelo comunicador a sua pessoa e a todo o grupo é
merecedor de todo o apoio e solidariedade tanto nossa quanto daqueles que lutam
pela preservação da nossa memória histórica.
Prof.
Jairo Cesa