terça-feira, 18 de novembro de 2025

 

30 NOVOS AGROTÓXICOS ALTAMENTE TÓXICOS  LIBERADOS  DURANTE A COP 30

O que é estranho na informação destacada no título é a quantidade de novos agrotóxicos liberados pelo MAPA/Governo, que não são 29, muito menos 31, mas 30, visto, portanto, como um insulto, um escárnio aqueles que estão participando da COP 30 em Belém do Pará. O absurdo na notícia de novos agrotóxicos liberados é que os venenos para a agricultura também estão em discussão em Belém, com vistas a redução, até mesmo a supressão definitiva, dando assim espaço a práticas agroecológicas de controle de “pragas”.

De certo modo, a atitude do MAPA em liberar novos agrotóxicos no segundo dia da COP 30 mostra uma profunda desconexão entre o que está sendo dito e mostrado em Belém sobre o Brasil e a realidade. O que se nota nessa COP é presença de grandes corporações do capital, a dos combustíveis fósseis, da mineração, do agronegócio e dos agrotóxicos, com patrocínios milionários ao evento, com direito a estantes suntuosas para maquiar suas políticas perversas de destruição do planeta.

É possível que algumas demandas discutidas em Belém venham se tornar realidade, porém, que não interfiram no fluxo normal do sistema capitalista que se nutre da exploração dos recursos naturais e da força de trabalho. Não atacar o cerne do problema do aquecimento que é o próprio modelo de produção em curso, a COP 30 passará a ser lembrada como mais um encontro milionário inútil, e a população do planeta tendo que conviver com temperaturas médias batendo recordes ano após ano. 

Em nenhum momento a imprensa corporativa fez qualquer menção ao tema agroecologia na COP 30, menos ainda a presença do MST no evento, com experiência em produção de alimentos orgânicos com o mínimo de impacto ambiental. É claro que jamais entidades como o MST, Rede ECOVIDA de agroecologia, entre outras organizações na linha da sustentabilidade integral, terão espaços de excelência nas COP e divulgação pelas mídias entreguistas de plantão.

É bom lembrar que o MST sempre esteve presente em ações humanitárias, como a tragédia ambiental ocorrida no RS em 2024. Cozinhas solidárias foram criadas em vários pontos do estado gaúcho, a exemplo do assentamento em Via Mão, onde foram preparadas e distribuídas refeições a centenas de famílias da grande Porto Alegre afetada pela catástrofe. Nessa ação, entidades ligadas a rede ECOVIDA, como o núcleo agroecológico Sul Catarinense, do sul de Santa Catarina, se solidarizaram enviando toneladas de produtos da agroecologia para a cozinha solidária do MST.

 Esse é o modelo de produtividade que deveria estar norteando todos os debates na COP, porque é o que poderá salvar o planeta de uma hecatombe climática. Fora isso tudo o que irá convergir nessas duas semanas de encontro em Belém, serão ações paliativas que pouco irão interferir nas estruturas produtivas globais, principalmente o agronegócio, um dos maiores geradores de CO2 e Metano. Não há como reverter o atual quadro climático, com ondas de calor recordes e temperatura média global superando 1.5 graus, se não atacarmos a raiz do problema, isto é, o modelo produtivo capitalista, que concebe a água, o ar, as florestas, o solo, como produtos de troca, mercadorias.

Deixar claro que o discurso apresentado pelo agronegócio e amplificado pelas mídias corporativas de que é o setor que alimenta o mundo, não é verdadeiro. No Brasil é a agricultura familiar é quem gera emprego e renda no campo e na cidade. Entretanto é o segmento ainda discriminado pelas políticas de financiamento público do plano safra, sendo contemplado com 15% do montante total destinado ao agronegócio, orçado em 600 bilhões de reais, safra 2025/2026.

Sem qualquer constrangimento, em Belém estão presentes grandes empresas, como a Vale, do setor de mineração, a mesma que teve a barragem do Córrego do Feijão em Minas Gerais, rompida, provocando uma das maiores catástrofes ambientais do Brasil, fazendo o seu Lobby político, se apresentando como o bom mocinho na área ambiental.  Mais uma vez, reitero que a COP em Belém, o relatório final não trará avanço significativo ao clima do planeta. Continuaremos enfrentando ondas de calor extremos, enxurradas, estiagens prolongadas, bem como o aumento do número de furacões, tufões, tornados, cada vez mais devastadores.   

Prof. Jairo Cesa

  

 

https://agroecologia.org.br/2025/11/14/ministerio-da-agricultura-libera-30-agrotoxicos-durante-cop30/

 

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