30 NOVOS AGROTÓXICOS ALTAMENTE TÓXICOS LIBERADOS DURANTE A COP 30
O que é estranho na informação destacada
no título é a quantidade de novos agrotóxicos liberados pelo MAPA/Governo, que
não são 29, muito menos 31, mas 30, visto, portanto, como um insulto, um
escárnio aqueles que estão participando da COP 30 em Belém do Pará. O absurdo
na notícia de novos agrotóxicos liberados é que os venenos para a agricultura também
estão em discussão em Belém, com vistas a redução, até mesmo a supressão definitiva,
dando assim espaço a práticas agroecológicas de controle de “pragas”.
De certo modo, a atitude do MAPA em
liberar novos agrotóxicos no segundo dia da COP 30 mostra uma profunda
desconexão entre o que está sendo dito e mostrado em Belém sobre o Brasil e a
realidade. O que se nota nessa COP é presença de grandes corporações do
capital, a dos combustíveis fósseis, da mineração, do agronegócio e dos
agrotóxicos, com patrocínios milionários ao evento, com direito a estantes
suntuosas para maquiar suas políticas perversas de destruição do planeta.
É possível que algumas demandas
discutidas em Belém venham se tornar realidade, porém, que não interfiram no
fluxo normal do sistema capitalista que se nutre da exploração dos recursos
naturais e da força de trabalho. Não atacar o cerne do problema do aquecimento
que é o próprio modelo de produção em curso, a COP 30 passará a ser lembrada
como mais um encontro milionário inútil, e a população do planeta tendo que
conviver com temperaturas médias batendo recordes ano após ano.
Em nenhum momento a imprensa
corporativa fez qualquer menção ao tema agroecologia na COP 30, menos ainda a
presença do MST no evento, com experiência em produção de alimentos orgânicos
com o mínimo de impacto ambiental. É claro que jamais entidades como o MST, Rede
ECOVIDA de agroecologia, entre outras organizações na linha da sustentabilidade
integral, terão espaços de excelência nas COP e divulgação pelas mídias
entreguistas de plantão.
É bom lembrar que o MST sempre esteve
presente em ações humanitárias, como a tragédia ambiental ocorrida no RS em
2024. Cozinhas solidárias foram criadas em vários pontos do estado gaúcho, a
exemplo do assentamento em Via Mão, onde foram preparadas e distribuídas
refeições a centenas de famílias da grande Porto Alegre afetada pela
catástrofe. Nessa ação, entidades ligadas a rede ECOVIDA, como o núcleo
agroecológico Sul Catarinense, do sul de Santa Catarina, se solidarizaram
enviando toneladas de produtos da agroecologia para a cozinha solidária do MST.
Esse é o modelo de produtividade que deveria
estar norteando todos os debates na COP, porque é o que poderá salvar o planeta
de uma hecatombe climática. Fora isso tudo o que irá convergir nessas duas
semanas de encontro em Belém, serão ações paliativas que pouco irão interferir nas
estruturas produtivas globais, principalmente o agronegócio, um dos maiores
geradores de CO2 e Metano. Não há como reverter o atual quadro climático, com
ondas de calor recordes e temperatura média global superando 1.5 graus, se não
atacarmos a raiz do problema, isto é, o modelo produtivo capitalista, que
concebe a água, o ar, as florestas, o solo, como produtos de troca, mercadorias.
Deixar claro que o discurso
apresentado pelo agronegócio e amplificado pelas mídias corporativas de que é o
setor que alimenta o mundo, não é verdadeiro. No Brasil é a agricultura
familiar é quem gera emprego e renda no campo e na cidade. Entretanto é o
segmento ainda discriminado pelas políticas de financiamento público do plano
safra, sendo contemplado com 15% do montante total destinado ao agronegócio,
orçado em 600 bilhões de reais, safra 2025/2026.
Sem qualquer constrangimento, em
Belém estão presentes grandes empresas, como a Vale, do setor de mineração, a
mesma que teve a barragem do Córrego do Feijão em Minas Gerais, rompida,
provocando uma das maiores catástrofes ambientais do Brasil, fazendo o seu Lobby
político, se apresentando como o bom mocinho na área ambiental. Mais uma vez, reitero que a COP em Belém, o
relatório final não trará avanço significativo ao clima do planeta. Continuaremos
enfrentando ondas de calor extremos, enxurradas, estiagens prolongadas, bem
como o aumento do número de furacões, tufões, tornados, cada vez mais devastadores.
Prof. Jairo Cesa
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