sexta-feira, 23 de agosto de 2024

 

INCÊNDIOS NA AMAZÔNIA E PANTANAL LANÇAM ALERTAS SOBRE A CRISE CLIMÁTICA NO BRASIL


Muita gente no sul do Brasil deve ter ficado impressionado com a tonalidade cinza do céu e a espessa neblina azul que mal se podia ver o sol. A resposta a toda essa instabilidade está na Amazônia e no Pantanal, o céu cinza são fumaças oriundas das queimadas que devastam esses dois complexos biomas. Climatologicamente existe um corredor de ar em grandes altitudes, formado por ventos alísios, que se deslocam da região amazônica em direção ao centro oeste, sudeste e sul do Brasil, como mostra o mapa acima. Além do Brasil, a fumaça também chega aos países vizinhos como o Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai e a extremidade norte da Argentina.

Muitos justificam as queimadas às mudanças climáticas em curso que afetam mais diretamente o território  brasileiro. De acordo com climatólogos, as regiões norte e centro oeste, os ciclos das chuvas e das estiagens vem sofrendo mudanças abruptas, trazendo impactos violentos às atividades econômicas  de toda a região, com mais intensidade à agropecuária.  Nesses dois biomas, incluindo o serrado, estão as nascentes dos importantes rios brasileiros, que a cada ano vem perdendo mais e mais recarga de água devido a perda de cobertura vegetal junto as nascentes.

Em maior ou menor grau todos os anos ocorrem queimadas nesses três biomas, situação já corriqueira nos demais biomas. Acontece que nos últimos anos as queimadas estão assumindo níveis absurdos de destruição que, comprovadamente, são ações deliberadas, ou seja, atos criminosos, para dar lugar a monocultura agrícola e a pecuária, ambas predatórias. O que preocupa os meteorologistas e demais estudiosos do clima são os ciclos das estiagens no norte e centro oeste brasileiro que estão ocorrendo  antes do seu período habitual, mês de setembro em diante. Sendo assim, tudo conspira para que convivamos com mais queimadas, mais fumaças, mais poluição, mais doenças respiratórias, nos próximos meses e anos.

O que gera mais revolta é quando se sabe que atos desse tipo deveriam ser imediatamente contidos pelos governos estaduais, bem como o próprio governo federal. Tudo leva a crer que as próprias autoridades desses estados com maior incidência de incêndios vem fazendo vistas grossas à tais barbaridades. Até o momento não se viu ou ouviu nenhuma notícia de ter a polícia, o Ibama e demais órgãos ambientais estaduais, levado à prisão  suspeitos de terem provocado tais incêndios. Acredito que muitas pessoas ainda devem ter lembranças de um episódio ocorrido em 2019, durante o primeiro ano do governo negacionista de Jair Bolsonaro, quando fazendeiros se articularam e promoveram o fatídico “dia do fogo”.    

Outra noticia bombástica divulgada por inúmeros sites, onde mostra que o brasil caminha na contramão de tudo o que foi acordado nas COP para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, foi do crescimento vertiginoso dos desmatamentos ilegais no no estado do Pará, chegando a 42% de toda a madeira extraída no estado. E por que essa noticia é muito ruim para o Brasil? Primeiro porque isso tem relação direta e indireta com as queimadas em curso na região, segundo, porque no próximo ano, 2025 o Brasil sediará a COP 30, encontro das partes sobre o clima, onde a cidade sede escolhida será Belém, capital do estado do Pará.

Agora imaginem um encontro tão importante para tratar temas relativos ao clima global, com a presença de centenas de presidentes e chefes de estados, numa cidade que, tudo indica, poderá estar tomada por fumaça e fuligens das queimadas. Agora imaginem que, de repente,  durante a abertura da conferência, no discurso do presidente, da ministra do meio ambiente, do governador ou do prefeito da capital, Belém, começam a pipocar comentários relativos a tais crimes ambientais no estado, como que foi noticiado pela site imazon.org.br em 23 de agosto de 2024, afirmando que “dos 28 mil hectares com exploração madeireira no estado em um ano, 17 mil hectares não tinham autorização dos órgãos ambientais para a atividade”.

Em texto postado nesse blog em 26 de julho último, com o título “PARTE EXPRESSIVA DOS RECURSOS DO PLANO SAFRA SÃO PARA FINANCIAR PROPRIEDADES ACOMETIDAS DE IRREGULARIDADES, abre importantes reflexões sobre infrações ambientais cometidas no estado do Acre e outros estados do norte. O texto faz pensar a postura de órgãos financiadores, bancos, por exemplo, que liberaram recursos do plano Safra a fazendeiros que sofreram embargos em suas propriedades por ter cometido crimes ambientais.  

É quase certo que fração expressiva dos quase 400 bilhões do plano Safra para o agronegócio está sendo disponibilizado para proprietários com lista suja no CAR (Cadastro Ambiental Rural). São indivíduos que cometeram alguma infração ambiental e, portanto, perderiam direitos a financiamentos bancários.[1] No texto publicado, faz menção ao relatório de 200 páginas publicado pelo Greenpeace, citando  o MPF que recebeu denúncias contra 12  instituições financeiras envolvidas em procedimentos bancários duvidosos. Casos como de proprietários, fazendeiros, que foram autuados por práticas de desmatamentos irregulares, porém, tais infrações não foram obstáculos para que seus pedidos de financiamentos bancários fossem indeferidos.

Prof. Jairo Cesa

 

 

 

https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/fum aca -dos-incendios-da-amazonia-e-pa ntanal-afetam-10 -estados-brasileiros

https://www.uol.com.br/ecoa/noticias/deutsche-welle/2024/08/20/fumaca-de-incendios-da-amazonia-e-pantanal-se-espalha-pelo-brasil.htm

https://oeco.org.br/noticias/quase-metade-da-madeira-extraida-no-para-e-ilegal-mostra-estudo/#:~:text=A%20ilegalidade%20na%20extra%C3%A7%C3%A3o%20de,sido%20de%2017%2C8%20mil.

https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2024/08/16/extracao-ilegal-de-madeira-aumenta-22percent-no-para-aponta-estudo.ghtml

https://imazon.org.br/imprensa/extracao-ilegal-de-madeira-cai-no-para-mas-ainda-representa-46-do-total/

 

 

 

 

 

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