INCÊNDIOS NA AMAZÔNIA E PANTANAL
LANÇAM ALERTAS SOBRE A CRISE CLIMÁTICA NO BRASIL
Muita gente no sul do Brasil deve
ter ficado impressionado com a tonalidade cinza do céu e a espessa neblina azul
que mal se podia ver o sol. A resposta a toda essa instabilidade está na
Amazônia e no Pantanal, o céu cinza são fumaças oriundas das queimadas que
devastam esses dois complexos biomas. Climatologicamente existe um corredor de
ar em grandes altitudes, formado por ventos alísios, que se deslocam da região
amazônica em direção ao centro oeste, sudeste e sul do Brasil, como mostra o
mapa acima. Além do Brasil, a fumaça também chega aos países vizinhos como o
Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai e a extremidade norte da Argentina.
Muitos justificam as queimadas às
mudanças climáticas em curso que afetam mais diretamente o território brasileiro. De acordo com climatólogos, as
regiões norte e centro oeste, os ciclos das chuvas e das estiagens vem sofrendo
mudanças abruptas, trazendo impactos violentos às atividades econômicas de toda a região, com mais intensidade à
agropecuária. Nesses dois biomas,
incluindo o serrado, estão as nascentes dos importantes rios brasileiros, que a
cada ano vem perdendo mais e mais recarga de água devido a perda de cobertura
vegetal junto as nascentes.
Em maior ou menor grau todos os
anos ocorrem queimadas nesses três biomas, situação já corriqueira nos demais biomas. Acontece que nos últimos anos as queimadas estão assumindo
níveis absurdos de destruição que, comprovadamente, são ações deliberadas, ou
seja, atos criminosos, para dar lugar a monocultura agrícola e a pecuária,
ambas predatórias. O que preocupa os meteorologistas e demais estudiosos do
clima são os ciclos das estiagens no norte e centro oeste brasileiro que estão
ocorrendo antes do seu período habitual,
mês de setembro em diante. Sendo assim, tudo conspira para que convivamos com
mais queimadas, mais fumaças, mais poluição, mais doenças respiratórias, nos
próximos meses e anos.
O que gera mais revolta é quando
se sabe que atos desse tipo deveriam ser imediatamente contidos pelos governos estaduais,
bem como o próprio governo federal. Tudo leva a crer que as próprias autoridades
desses estados com maior incidência de incêndios vem fazendo vistas grossas à
tais barbaridades. Até o momento não se viu ou ouviu nenhuma notícia de ter a
polícia, o Ibama e demais órgãos ambientais estaduais, levado à prisão suspeitos de terem provocado tais incêndios. Acredito
que muitas pessoas ainda devem ter lembranças de um episódio ocorrido em 2019, durante
o primeiro ano do governo negacionista de Jair Bolsonaro, quando fazendeiros se
articularam e promoveram o fatídico “dia do fogo”.
Outra noticia bombástica divulgada
por inúmeros sites, onde mostra que o brasil caminha na contramão de tudo o que
foi acordado nas COP para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, foi do
crescimento vertiginoso dos desmatamentos ilegais no no estado do Pará,
chegando a 42% de toda a madeira extraída no estado. E por que essa noticia é
muito ruim para o Brasil? Primeiro porque isso tem relação direta e indireta
com as queimadas em curso na região, segundo, porque no próximo ano, 2025 o
Brasil sediará a COP 30, encontro das partes sobre o clima, onde a cidade sede escolhida
será Belém, capital do estado do Pará.
Agora imaginem um encontro tão
importante para tratar temas relativos ao clima global, com a presença de
centenas de presidentes e chefes de estados, numa cidade que, tudo indica,
poderá estar tomada por fumaça e fuligens das queimadas. Agora imaginem que, de
repente, durante a abertura da
conferência, no discurso do presidente, da ministra do meio ambiente, do
governador ou do prefeito da capital, Belém, começam a pipocar comentários
relativos a tais crimes ambientais no estado, como que foi noticiado pela site
imazon.org.br em 23 de agosto de 2024, afirmando que “dos 28 mil hectares com exploração madeireira no estado em um ano, 17
mil hectares não tinham autorização dos órgãos ambientais para a atividade”.
Em texto postado nesse blog em 26
de julho último, com o título “PARTE EXPRESSIVA
DOS RECURSOS DO PLANO SAFRA SÃO PARA FINANCIAR PROPRIEDADES ACOMETIDAS DE
IRREGULARIDADES”, abre importantes reflexões sobre infrações
ambientais cometidas no estado do Acre e outros estados do norte. O texto faz
pensar a postura de órgãos financiadores, bancos, por exemplo, que liberaram
recursos do plano Safra a fazendeiros que sofreram embargos em suas propriedades
por ter cometido crimes ambientais.
É quase certo que fração expressiva dos
quase 400 bilhões do plano Safra para o agronegócio está sendo disponibilizado
para proprietários com lista suja no CAR (Cadastro Ambiental Rural). São
indivíduos que cometeram alguma infração ambiental e, portanto, perderiam direitos
a financiamentos bancários.[1] No texto publicado, faz menção ao
relatório de 200 páginas publicado pelo Greenpeace, citando o MPF que recebeu denúncias contra 12 instituições financeiras envolvidas em
procedimentos bancários duvidosos. Casos como de proprietários,
fazendeiros, que foram autuados por práticas de desmatamentos irregulares, porém, tais infrações
não foram obstáculos para que seus pedidos de financiamentos bancários fossem indeferidos.
Prof. Jairo Cesa
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