IDEB
(ÍNDICE DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA) ESCANCARA O BURACO ABISSAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA
BRASILEIRA
O
Resultado do IDEB Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico referente a 2023
escancarou uma realidade horrenda da educação básica brasileira que vem se
arrastando há décadas. Agora tentam justificar os números ridículos das
avaliações das escolas os dois anos de pandemia que manteve parcela expressiva
dos estudantes fora das salas de aula, tendo as aulas de forma remota. Cabe
esclarecer que as mesmas adversidades tidas pelos estudantes brasileiros no período
da COVID 19 foram às mesmas que tiveram milhões de alunos espalhados pelos
demais continentes. Porém esse fator, certamente, não deve ter trazido
resultados pífios às avaliações da Singapura, China, Coréia do Sul, Finlândia,
Japão, entre outras nações, quem sempre permaneceram no topo da excelência em
educação básica.
E
por que será que nesses países não ocorre tais humilhações quando o assunto é
educação? Uma das respostas se deve ao fato de que há entre ambos uma cultura
bem solidificada nas famílias, nos governos e na própria sociedade, como um
todo, de investimentos públicos e particulares invejáveis na educação. Aqui no
Brasil, é possível medir o nível da educação prestando atenção naqueles que
estão ocupando postos relevantes nos legislativos e executivos dos estados e
municípios. É óbvio que devemos fazer
ressalvas às exceções, claro que são poucos, muito poucos os municípios e
estados que se salvam, tendo nas suas câmaras, assembleias e prefeituras,
pessoas com currículos ou históricos dedicados à educação, à cultura, às artes,
o esporte, à defesa incondicional dos ecossistemas, etc.
Pode-se
creditar também o baixo nível instrucional do brasileiro a eleição de um
presidente que durante quatro anos dedicou cada segundo do seu tempo para
destruir conquistas históricas dos trabalhadores. Atacar a educação pública, às
universidades, às legislações ambientais, ou seja, a tudo que daria robustez e
orgulho ao povo brasileiro foi um dos seus principais legados negativos, que
ficará na história e certamente serão temas das aulas de história nas escolas
brasileiras.
O
risco é se o Brasil não sofrer golpe de Estado, semelhante ao que os
extremistas bolsonaristas tentaram executar em 08 de janeiro de 2023, porém,
sem sucesso. E por que o risco? Na hipótese de golpe, a certeza é que o novo
regime irá manipular os conteúdos dos livros didáticos de história, onde
tentarão descrever o período Bolsonaro como sendo frutífero por defender as
liberdades individuais e o combate a ameaça comunista, história semelhante à de
1964, com a ascensão do militarismo.
Uma educação com resultados pífios nas
avaliações em matemática e língua portuguesa, que muito provável tenderia
ocorrer nas demais áreas do currículo escolar, como história, geografia,
ciências, pode nos assegurar um prognóstico de como será o Brasil no futuro,
quem estarão ocupando os cargos de comando nas duas principais instâncias de
poder, o legislativo e o executivo. Voltemos
então aos resultados do IDEB onde revela um Brasil ainda colonial no que tange
a educação básica.
O
IDEB também escancara a farsa das elites catarinenses que por longo tempo
tentaram forjar a imagem de um Estado exemplar a ser seguido em segurança,
saneamento básico e até mesmo educação. É sabido que avanços como os destacados
acima estão diretamente condicionados a níveis elevados em educação básica e
superior. O IDEB de 2023 mostrou que o estado não alcançou a meta em nenhum dos
níveis pretendidos, ou seja, no fundamental e médio.
O
ensino fundamental anos iniciais, a meta era alcançar 6,5 pontos, entretanto a
nota foi 6,4 pontos. No fundamental, anos finais, o resultado foi desolador,
dos 6,2 pontos desejados, a média alcançada foi de 5,2 pontos, um ponto abaixo
do desejado. Claro que não se deve transferir toda a responsabilidade pelos
números baixos no ensino fundamental aos gestores estaduais, pois parte
expressiva dos estudantes do nível fundamental está matriculada em escolas
municipais, cujos gestores são os prefeitos. Portanto, a realidade mostra que
parte significativa da rede do ensino médio/secundário é gerida pelos
governadores estaduais, que compartilham tais atribuições com o segmento
particular e o governo federal, esse último responsável pelos IFSC.
Portanto
é o ensino médio catarinense que há um longo tempo vem se mantendo em espécie
de UTI em estado quase terminal. Peço desculpas pela analogia, mas de fato é
exatamente essa a situação do ensino secundário catarinense, que não é exceção
no conjunto dos demais estados, muitos dos quais em condições piores que Santa
Catarina. Se o estado do sul do Brasil
obteve 4,2 pontos de media, dos 5,6 pretendidos, o Rio de Janeiro, ficou na
penúltima posição entre as piores notas no IDEB, baixando mais ainda a
pontuação em relação a 2021, de 4,6 pontos para 3,3 pontos em 2023.
Devo
ressaltar que os 4,2 pontos do IDEB, obtido pelo estado catarinense no ensino
médio, são as somatórias das notas das escolas secundárias públicas estaduais,
federais e particulares. Agora quando subtraímos as escolas privadas no
somatório das notas, a pontuação cai mais ainda, baixando para ridículos 3,8
pontos. Em qualquer sociedade que teve algum crescimento e melhoria da qualidade
de vida de seu povo, o resultado sempre esteve condicionado à educação, aos
polpudos investimentos do Estado. Claro que o ponto forte desses investimentos
esteve e está na boa formação dos quadros profissionais, além, é claro,
salários que estimulam a permanência e dedicação exclusiva no magistério.
Cenários
bem diferentes da realidade brasileira, onde todos os anos saem profissionais
menos capacitados das universidades que, ao chegarem às escolas, se deparam com
ambientes hostis, sobrecarregando-os de tarefas burocráticas, repetitivas e
alienantes. O problema no ensino médio não é exclusividade apenas de SC, todos
os estados enfrentam demandas iguais ou até mesmo piores, haja vista que Santa
Catarina se encontra na décima posição na avaliação do IDEB dos 26 que compõem
a federação brasileira. Os três últimos no ranque dos piores nas avaliações
foram o RJ 3,7; RN 3,7 e RR 3,5.
Se
for enumerar os fatores que contribuíram para tamanha regressão nessa etapa
importante da educação dos adolescentes, seria necessário uma pagina inteira de
caderno. É obvio que um dos fatores determinantes é o ridículo investimento dos
governos na melhoria dos espaços de trabalho e na carreira docente. Imaginem,
tem escolas no Estado, a exemplo da EEBA de Araranguá, que há mais de uma
década vem passando por uma reforma, porém sem data assegurada para sua
finalização.
Grande
maioria dos professores das redes estaduais, aqueles que tiveram as piores
avaliações, há muito tempo vem tendo seus salários congelados, não recebendo
nem o piso do magistério. O sucateamento da carreira docente também deve ser
posto na balança, pois parte expressiva dos egressos às escolas do ensino
básico teve sua formação em instituições de ensino a distância.
Concluindo
o raciocínio acerca do quadro caótico do ensino brasileiro, que seria motivo sair
à rua toda a população e protestar contra tal vexame, é conveniente também
realçar que das vinte metas inseridas no PNE (Plano Nacional de Educação) há
dez anos para alavancar a educação, apenas duas foram cumpridas, porém ao nível
de pós-graduação. O que nos resta, portanto, é esperar que no pleito eleitoral
de outubro próximo, o povo eleja vereadores e prefeitos comprometidos com uma
educação pública transformadora. Esse seria o primeiro round a ser vencido, porém,
com o seu desfecho em 2025, quando se daria o nocaute final, elegendo os novos
deputados, senadores, governadores e um presidente, ambos fazendo as grandes
transformações estruturais para por um fim definitivo em décadas de
subserviência ao grande capital.
Prof.
Jairo Cesa
NOTAS
DO IDEB DAS ESCOLAS BASICAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE ARARANGUÁ
ESCOLA |
FI
– 2021 |
FI
2023 |
FF
2021 |
FF
2023 |
EEF Julieta Bertoncine |
|
5,2 |
|
|
EEF Iabel Flores Hubbe |
6,7 |
6,2 |
5,5 |
5,7 |
EEF Padre A.L Dias |
6,8 |
6,1 |
|
5,1 |
EEF Patrulheiro J. Paes. |
|
|
|
4,4 |
EEF. Jordão B. Rosa |
6,5 |
7,0 |
5,6 |
|
EEB Maria G. Pessi |
6,7 |
6,6 |
5,5 |
5,2 |
EEF. Dolvina Medeiros |
7,0 |
6,3 |
4,9 |
|
EEF Mota Piris |
5,9 |
5,4 |
|
5,4 |
EEF Eremeta Souza |
6,2 |
6,8 |
|
4,9 |
EEF Neusa O. Cardoso |
6,2 |
6,8 |
|
|
EM Nova Divineia |
6,8 |
6,1 |
4,2 |
4,3 |
EM
Lagoão |
|
|
|
|
EM Otávio M. Anastácio |
|
6,1 |
5,1 |
|
EM Operária |
6,0 |
5,2 |
|
4,2 |
EM Amerindo Luz |
|
|
4,2 |
|
EM Jardim Avenidas |
5,4 |
5,5 |
|
4,1 |
EM João Matias |
|
5,5 |
|
4,5 |
EEF Otília S. Berte |
|
|
|
|
|
|
|
|
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