AQUECIMENTO
GLOBAL E PRECARIEDADE NO SANEAMENTO BÁSICO COMO VETORES PARA O AUMENTO DOS
CASOS DE DENGUE NO BRASIL
Menos
de dois anos depois de a humanidade ter sido afetada por uma pandemia, a do
Corona Vírus, que ceifou a vida de milhares de pessoas nos cinco continentes, o
Brasil, que contabilizou mais de seiscentos mil mortos, vive agora uma epidemia
provocada pelo mosquito Aeds Aegypti, transmissor do vírus da dengue. Embora a respectiva
doença seja menos letal que a do COVID 19, o que espanta é a sua facilidade de
contágio e proliferação, ocorrendo dessa vez em lugares antes quase
inimaginável, como a região sul pelo fato de apresentar temperaturas mais
amenas.
Há
estudos que confiram que o aumento dos diagnósticos do vírus em todo o
território nacional tem relação direta e indireta com as mudanças climáticas,
cujo Brasil é um dos mais impactados pelo crescente desmatamento de suas
florestas. A supressão de florestas como do bioma da mata atlântica para dar
lugar a monocultura agrícola ou grandes projetos imobiliários são causas
diretas da infestação do mosquito da dengue, chikungunya, nos estados do sul. Não
podemos esquecer também que o fator saneamento básico deve ser considerado como
um dos vetores importantes à proliferação do mosquito.
Até
pouco tempo o aeds eagypti somente se reproduzia por meio de água limpa. Hoje o
inseto consegue a proeza de se multiplicar em qualquer ambiente, independente
se a água está limpa ou suja. Portanto,
aqui está o problema, pois são poucas as cidades brasileiras que cumprem com as
políticas nacionais de saneamento básico sancionadas em 2010, na qual vai muito
além de água tratada. Dados confirmam que são quase cem milhões de pessoas no Brasil
não atendidas por sistema de coleta de esgotos. Se nesse quesito o número já á
absurdo agora imaginemos o percentual de pessoas não contempladas com programa
de tratamento de esgotos, com certeza quase 200 milhões.
Tratamento
de efluentes domésticos e a coleta seletiva de resíduos sólidos ainda não é uma
realidade em centenas de municípios brasileiros. Inclui-se nessa lista o estado
de Santa Catarina, onde pouco mais de 150 municípios, ou seja, 50%, não têm
coleta e tratamento de esgoto. Dados do Censo demográfico publicado em 2022 revelou
que na região da AMREC são 11 mil domicílios sem esgotamento sanitário adequado.
Se a AMREC que participa com um PIB considerável para a economia do estado
sofre tais deficiências no sistema de saneamento básico, a AMESC ainda
permanece embrionária nesse segmento. Portanto, o percentual de famílias atendidas
com esgotamento sanitário tratado é absurdamente baixo. A mesma deficiência
ocorre no recolhimento dos resíduos sólidos, tendo dois ou três municípios que programam
seus planos de coleta seletiva.
O
vírus em curso precisa de qualquer ambiente com a presença de água parada para
depositar os seus ovos. Valetas, caixas d’água e piscinas desprotegidas, pneus,
garrafas e outros recipientes abertos e espalhados em terrenos baldios são
ambientes ideais à infestação do mosquito. Se Araranguá ainda não está
infestada pelo Aedes Aegypti isso se deve ao fator sorte, pois ingredientes não
faltam. Basta dar uma voltinha pelos bairros da cidade ou pelo interior do município
e ver a quantidade de locais propícios para a reprodução do mosquito.
A
implementação imediata do programa de coleta seletiva de resíduos sólidos
ajudaria bastante e diminuição dos possíveis focos do transmissor da dengue. Mas isso
somente não bastaria. O poder público municipal e estadual por meio de suas
secretarias de educação e saúde deveria promover campanhas de sensibilização em
todas as unidades de ensino do município, independente das redes que estão
inseridas. O fato é que com as mudanças climáticas em curso, com chuvas cada
vez mais irregulares e temperaturas escaldantes a tendência é termos a presença
do mosquito no nosso cotidiano. O agravante é que quanto mais focos do mosquito
detectados a tendência é do vírus vir a se tornar mais forte, mais letal.
Prof.
Jairo Cesa
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