PROJETO ARARANGUÁ EM CORES E ARTE EM RAIZES: PRÁTICAS CULTURAIS QUE EXPRESSAM LIBERDADE E RESISTÊNCIA COLETIVA.
Foto - Jairo |
Aproveitando
a semana comemorativa aos 144 anos de emancipação político administrativa de
Araranguá, entre os dias 02 a 07 de abril de 2024, aconteceu no Center Shop,
Cidade Alta/Araranguá exposição de dois trabalhos artísticos desenvolvidos pelo
professor Jairo Cesa, sendo eles o Projeto Araranguá em Cores e Arte em Raízes.
O primeiro deles buscou dar cores às fotografias em preto e branco, captadas por
fotógrafos do começo do século XX, de cenários como logradouros públicos e
edificações arquitetônicas.
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O
objetivo desse projeto foi desconstruir visões principalmente do público
infantil de acreditar que o cotidiano do pequeno povoado na época era
descolorido, ou seja, o céu, as florestas, as edificações, as vestimentas das
pessoas, prevaleciam somente o preto e branco. O segundo trabalho em exposição
teve como título Arte em Raiz. Foram apresentados ao público dezenas de peças,
com texturas e formatos distintos de pessoas, animais e outras figuras, que
foram meticulosamente esculpidas a partir de raízes de árvores recolhidas nas
imediações da foz do rio Araranguá e na orla do mesmo município.
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Cada
peça de arte, além da sua singularidade e particularidade estrutural, traz
informações importantes sobre a geologia, a geomorfologia, bem como as mudanças
climáticas em curso no planeta. Expressiva parcela das peças em exposição, os
troncos dos quais as raízes foram coletadas, ambos eram provenientes das
encostas da serra geral, de municípios que integram a bacia hidrográfica do rio
Araranguá, a exemplo de Timbé do Sul, Jacinto Machado e Morro Grande. Dentre os
municípios acima citados, um dos que mais sofre os impactados das alterações
climáticas em curso é sem dúvida Timbé do Sul, que foi assolado em 1995 por uma
violenta enxurrada.
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Foi
tanta água em pouco tempo, cuja pressão arrancou das encostas da serra milhares
de troncos de árvores e toneladas de pedras, episódio que causou destruição da
infraestrutura e várias mortes. Por um longo período toda a orla do município
de Araranguá ficou completamente coberta por troncos de árvores, todas de
espécies nativas que compõem o bioma da mata atlântica. Quase trinta anos
depois ainda hoje são encontrados resquícios dessa tragédia climática nos
inúmeros troncos expostos ou cobertos pelas dunas às margens do rio Araranguá,
próximo a foz, e na orla.
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Portanto,
a exposição de pinturas em telas e peças em raízes que ocorreu nas dependências
do Center Shop, ambas não se deu de forma aleatória, sem propósitos ou
objetivos bem definidos. Muito pelo contrário, tudo foi bem planejado com
intuito de garantir ao publico que lá esteve, além de se impressionar com a
estética do material exposto, a oportunidade impar de ampliar o conhecimento em
história local, geografia, arte, entre outras áreas do conhecimento.
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Durante
os sete dias de exposição no Center Shop, mais de mil pessoas reservaram um
pouquinho do tempo para apreciar as pinturas e as esculturas em raízes. Muitas
ficaram impressionadas com as ruas em chão batido onde hoje está o calçadão e a
Praça Hercílio luz. A segunda igreja matriz, arquitetura concluída em 1902,
junto com a edificação da primeira prefeitura, ambas despertaram a atenção de
quase todo o público visitante.
Foto - Jairo |
O
que se pode concluir a partir de uma exposição dessa dimensão é a forte
capacidade que a mesma tem de fazer os sujeitos refletirem sobre sua condição
de existência e pertencimento em um determinado espaço e tempo cronológico. Embora tudo tende a sofrer transformações ao
longo das gerações, sempre continuamos vinculados ao passado por meio da
memória, sendo a afetiva a mais significativa. A fotografia, a pintura, a
escultura, a oralidade, etc, são, inquestionavelmente, recursos eficientes e
necessários ao fortalecimento do imaginário social, ou seja, a consolidação de
uma visão de mundo plural, crítica, valorizando as artes, a cultura em seu
todo.
Quanto
mais cultura um povo tiver acesso: arte, música, pintura, teatro, escultura,
dança, mais se sentirá empoderado, independente, autônomo e com auto estima
elevada. Mais cultura reflete diretamente nas boas escolhas dos que
representação o povo nos postos de comando dos municípios, estados e no
segmento federal. Mais cultura também ajudará a não se comportar como manada, que
se contenta sendo comandado por um coletivo de poder. Portanto arte é sinônimo
de revolução, forma de expressão que exprime liberdade e resistência a todo
tipo de totalitarismo e dogmatismo social e político.
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