terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

 

ESTUDOS REVELAM QUE O PLANETA TERRA PODERÁ COLAPSAR EM 40 OU 50 ANOS SE AS EMISSÕES DE CO2 NÃO FOREM CONTROLADAS

No final de janeiro tive a oportunidade de viajar até Passo Fundo, uma das maiores cidades do noroeste do Rio Grande do Sul.  No trecho entre Vacaria e Passo Fundo, totalizando 175 km, duas eram as culturas que predominavam em ambos os lados da rodovia, o milho e a soja. Entretanto, com raras exceções, o que se enxergava nos vastos campos cobertos por tais culturas era um cenário que certamente preocupava os agricultores da região, a falta de chuva. Conversando com produtores de soja de Passo Fundo e municípios vizinhos eles revelaram que era o terceiro ano seguido que o estado do rio grande estava sendo acometido por estiagem, impactando drasticamente a economia da região.

É sabido que o fenômeno climático la liña está por traz da estiagem no extremo sul da América do Sul. Além do Rio Grande do Sul, a região do norte da Argentina também amarga uma das maiores estiagens já registradas, com temperaturas que facilmente superaram os 38º e 39º graus. A falta de chuva também vem devastando literalmente as culturas de soja, milho no país vizinho, afetando literalmente a pecuária e o abastecimento humano.  O fato é que o fenômeno la liña não é o principal vilão de todo esse desarranjo climático global. A ação humana tem sido um dos motivadores desses extremos do clima, como ondas de calor escaldantes em regiões próximas ao ártico, os freqüentes furacões, tornados e as enxurradas devastadoras.

A tendência é esse cenário piorar nos próximos anos ou décadas se os acordos assumidos nas COPS (Conferência das Partes) como as de Paris e de Glasgow não forem cumpridos. Um desses acordos assinados entre os países participantes, a exemplo do Brasil, é combater os desmatamentos ilegais como forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Além de combater os desmatamentos, outras medidas foram acordadas como a substituição de fontes energéticas sujas por limpas - eólica, fotovoltaica, hídrica, etc.

A pandemia do Covid 19 e o conflito na Ucrânia influenciaram diretamente no cumprimento dos protocolos das conferências, cujos propósitos eram evitar que a temperatura média do planeta não excedesse 1.5 graus ate o final do século. A reativação das termoelétricas a carvão na Europa e o aumento da demanda por combustíveis fosses, óleo diesel e gasolina, vem reduzindo significativamente as chances de o planeta ser habitável daqui a quarenta ou cinqueta anos.

A certeza dessa tragédia planetária está cada vez mais evidenciada nos vários estudos realizados e publicados por conceituadas revistas internacionais. A mais recente publicação sobre o assunto ocorreu na revista Science, com reportagem de capa publicada em 27 de janeiro de 2021. Entre os dezenove autores do artigo publicado com o título Amazônia Perdida está o cientista brasileiro, ex-presidente do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Carlos Nobre.

O artigo ressalta que a devastação na Amazônia está ocorrendo tão rápido agora que dificilmente terá tempo para se regenerar. A tendência é que a Amazônia sofra uma transição de área florestada para não florestada. Atividades como a agricultura e a pecuária são os principais vetores dessa transformação abrupta desse ecossistema.

Conhecida como uma grande catalisadora de CO2, a Amazônia atualmente está perdendo essa capacidade e já se tornando uma emissora desse e outros gases atmosfera.  Para o planeta terra essa inversão de função intensificará ainda mais o aquecimento que comprometerá a sobrevivência de complexos biomas como o próprio bioma amazônico. Existem atualmente tecnologias para a retirada de CO2 da atmosfera, porém, seus custos são muito elevados. A saída, no entanto, ainda é a regeneração das áreas desmatadas, que terá capacidade de retirar bilhões de toneladas de gases poluentes da atmosfera.

Um dado preocupante relatado pelo cientista Carlos Nobre é que se a temperatura média do planeta exceder 2º a 3º graus, populações de cidades como do Rio de Janeiro teriam dificuldades para sobreviver. A explicação se deve no fato de que a temperatura média dessa cidade se elevaria 5 a 6 graus, devido a sua proximidade do oceano. O calor e a umidade aumentariam ao ponto do corpo humano entrar em colapso.  Esse problema térmico não seria exclusividade apenas do Rio de Janeiro e outras cidades litorâneas. Outras centenas, milhares de cidades espalhadas pelos cinco continentes também colapsariam. Nessas condições, a única possibilidade de sobrevivência humana só se daria no ártico, na antártica e em regiões bem elevadas como no topo de montanhas.

Prof. Jairo Cesa

         

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