NOVA
GEOPOLÍTICA GLOBAL E A UCRANIZAÇÃO DE TAIWAN?
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61795719
A
década de 1990 foi auspiciosa em movimentos dos quais dividiram o mundo em
grandes e médios blocos econômicos. Na Europa surgiu a União Econômica
Europeia; na America do norte, a NAFTA; na América do sul, a ALCA, e na Ásia,
os TIGRES ASIÁTICOS. Embora esses distintos grupos de países adotassem
políticas unilaterais para o seu desenvolvimento, suas conexões com os demais
blocos sempre permaneceram ativas. É importante aqui destacar que dos blocos
econômicos criados, aquele que realmente teve influência na formatação de um
novo mapa geopolítico foi sem duvida o bloco asiático constituído pela Koreia
do Sul, China, Singapura, Taiwan, Hong Kong, entre outros.
Impulsionados
por uma forte participação do Estado na fomentação de políticas nas áreas
educacional e tecnológica, em pouco mais de uma década, mais ou menos, esses
países apresentaram os primeiros frutos dessa transformação. No PISA, Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes, coordenado pela OCDE e cuja avaliação é realizada de
dois em dois anos, os países que ocuparam e vem ocupando o topo dos mais
avançados em áreas importantes do conhecimento sempre se destacam nações do
bloco asiático.
A
revolução no campo tecnológico a partir do desenvolvimento de semicondutores
para componentes e outros equipamentos, tem atualmente como um dos núcleos
produtivos principais a ilha de Taiwan. Para ter noção da importância dessa
ilha para o planeta, a TSMC (Taiwan
Semiconductors Manifecture Company) principal companhia fabricante de
semicondutores, participa com mais de 50% desses equipamentos produzidos no
mundo todo.
A
própria China e outros tantos países do mundo, ambos dependem dessas
tecnologias na indústria de computadores e automóveis. Qualquer aparente
instabilidade política e social na Ilha, por exemplo, poderá provocar impactos
de proporções catastróficas na economia global. Frente a essa realidade, a
própria China lançou plano ambicioso para 2025. A intenção é reduzir a
dependência dessa e outras tecnologias de Taiwan, antiga Formosa. Mais de 60%
dos semicondutores produzidos no mundo tem a China como principal mercado
consumidor.
Tanto
os EUA quanto a União Europeia, ambos estão disponibilizando cifras bilionárias
de recursos para a construção de centros tecnológicos avançados, também com a
intenção de reduzir suas dependências a Taiwan. Acontece que antes da visita da
presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Palocci, a Taipe, capital de
Taiwan, pouco se falava e se sabia da enorme importância dessa ilha ao mundo.
Afinal,
qual foi exatamente o motivo da visita dessa cidadã a Taipe, que gerou tanta
confusão e tensão envolvendo os EUA e a China. É importante esclarecer que
Taiwan não é uma república, com um governo independente. Com a ascensão do
partido comunista na China, o antigo líder nacionalista Chiang Kai-Shek foge
para formosa, atual Taiwan, lá se refugiando. Desde então a Ilha não é
reconhecida pelos Chineses como território independente, muito menos os
Taiwaneses aceitam a China como país soberano.
Independentemente
dessas desavenças ambas vem mantendo importante relacionamento comercial.
Diante dos problemas envolvendo a crise na Europa com o conflito na Ucrânia, o
governo Baden vem sofrendo fortes criticas da população americana diante de
suas posições controversas internas e externas. Como haverá eleições no final
do ano para o congresso dos Estados Unidos, a ida da deputada Nancy à Ilha teve
como propósito desviar o foco das tensões e criticas envolvendo o governo
americano e o partido Republicano.
Uma
derreta do Partido Republicano no congresso nacional, em especial na câmara
federal nas eleições legislativas no final do ano, poderá tornar mais difícil
ainda a vida do presidente Baden na condução do mandato até o seu final. A
reação da China à visita da deputada se deu mediante uma forte mobilização de
suas forças armadas no entorno da ilha de Taiwan. Claro que Xi jinping, líder
Chinês, se utilizou da mesma estratégia da deputada americana, convergir a
atenção do povo chinês para si visando permanecer no comando do partido
comunista por mais uma década, no próximo encontro do Partido Comunista que
decidir se permanece ou não o líder Chinês. O fato é que as regras no partido da
china estabelecem dois mandatos apenas para cada comandante.
Muitos
críticos e analistas internacionais admitem que Taiwan esteja passando por um
processo de ucranização. Claro que é muita ousadia querer afirmar que isso
tende a se desdobrar em Taiwan seguindo os mesmos passos da nação europeia. A
primeira questão a se considerar é a Ucrânia é uma nação independente, enquanto
Taiwan é uma província rebelde da poderosa China continental. É possível que as
desavenças entre ambas as potências persistam apenas no campo diplomático. A
expectativa norte americana é que o governo chinês empreenda uma ação ofensiva de
tomada definitiva da Ilha, que poderia resultar em um conflito armado norte
americana contra os chineses. Os próprios chineses têm clareza dessa manobra
estadunidense, e jamais cairão nessa armadilha.
Tanto
XI jinping quanto Biden, ambos tem apenas um interesse em jogo, permanecer no
posto de presidente da china e conquistar maioria no congresso dos Estados
Unidos. A única certeza que há é que mais cedo ou mais tarde Taiwan voltará a
integrar a china continental. Uma data mais prevista é 2049 quando estará se
comemorando na China o centenário da revolução comunista. Antes dessa data, só
um acidente de percurso da história fará com que Taiwan se transforme no
epicentro de um conflito mundial generalizado.
Prof.
Jairo Cesa
https://adrenaline.com.br/artigos/v/77707/crise-em-taiwan-entenda-o-impacto-no-mundo-do-hardware
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