CONSIDERAÇÕES
E REFLEXÕES ACERCA DO ATLAS GEOGRAFIA DOS AGROTÓXICOS PUBLICADO PELA PROFESSORA
DOUTORA LARISSA BOMBARDI, DA USP
https://nossofoco.eco.br/agrotoxicos/efeitos-dos-agrotoxicos-na-saude-serie-karen-friedrich/
Quando
fiz o acompanhamento e a descrição das falas dos/as palestrantes convidados
para as audiências realizadas no Senado Federal sobre a PL 1459/2022 que trata
da flexibilização de agrotóxicos, me chamou muita atenção a fala da geógrafa
pesquisadora Dra. Larissa Bombardi. A
professora fez seu pós-doutorado na Escócia, onde resultou em um robusto e
importante Atlas sobre A Geografia dos
Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia. Depois de ter
concluído a descrição e análise da audiência, contendo mais de 15 páginas com
informações e opiniões de cada participante, me predispus então a pesquisar e a
avaliar o currículo dos/as envolvidos/as, dando ênfase na Professora Dra.
Larissa Bombardi.
O
que eu desconhecia era saber que professora
não reside atualmente no Brasil, vive em
Bruxelas, na Bélgica, não por opção, mas por necessidade decorrentes das fortes
pressões e ameaças que estava sofrendo no Brasil, de setores ligados ao
agronegócio e de grandes corporações dos agrotóxicos e transgênicos após
publicação do atlas em língua inglesa. Analisando atentamente o trabalho da professora,
nele constam informações das quais dão prova cabal de que os brasileiros estão sendo
envenenado dia após dia com a água que bebe e o alimento que come.
Na
Europa, a professora desenvolveu outros dois trabalhos, sendo um deles
apresentado no Parlamento Europeu, cujo título é “a geografia das assimetrias, colonialismo molecular e circulo de
envenenamento”. A pesquisa é considerada relevante pelo fato de mostrar que
a Europa continua exercendo seu papel de metrópole colonizadora da América
Latina. Porém o processo de colonização atual não acontece da mesma maneira
como foi nos séculos XV, XVI, mas molecular, química, da distribuição de
sementes e agrotóxicos que alteram violentamente o genoma dos seres vivos, em
especial o humano. O agravante nisso é que o Brasil é um depositário de
moléculas de agrotóxicos já banidas na União Europeia há anos.
Outra
pesquisa que também lhe rendeu terríveis dores de cabeça foi sobre a relação do
vírus do COVID 19 com a suinocultura. Segundo a professora, há grande
probabilidade que o coronavirus não se originou por intermédio de morcegos,
como se presume, mas da criação de suínos confinados. Esse estudo resultou em
uma série de criticas desse setor direcionada à própria instituição na qual
leciona, a USP. Confessou a professora que no Brasil os pesquisadores, as
ciências em especial, enfrentam situações muito delicadas, como a falta de
liberdade e a forte pressão, até mesmo coação física e psicológica.
O
documento publicado em inglês pela professora revoltou poderosas corporações
que faturam bilhões de dólares anualmente no comércio desses produtos,
principalmente no momento quando uma grande rede de supermercados na
Escandinávia decidiram encerrar vinculo comerciais com o Brasil. Não farei aqui
uma explanação completa do atlas, mas aspectos importantes relacionados à
região sul do Brasil e o extremo sul de Santa Catarina.
O
primeiro ponto a destacar é sobre o percentual de estabelecimentos agrícolas que
utilizam agrotóxicos. No mapa abaixo, da região sul, o azul mais escuro é
referente aos municípios onde mais de 50% dos estabelecimentos utilizam
agrotóxicos.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Nos
três estados os destaques são as regiões oeste e extremo oeste, basicamente
utilizadas no cultivo da soja e milho. No mapa abaixo, onde está o estado de Santa
Catarina, os cinco municípios destacados são os que mais utilizavam agrotóxicos
no total de estabelecimento agrícolas. O município de Ituporanga, no entanto, é
conhecido nacionalmente como um dos grandes produtores de cebola, enquanto os
demais, com cores azuis mais fortes têm o cultivo de commodities, soja e milho,
além do arroz irrigado, com maior incidência no extremo sul do estado.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Observando
o mapa abaixo relativo aos municípios do sul e extremo sul de Santa Catarina,
podemos observar que apenas dois apresentam coloração mais esbranquiçada, onde oficialmente mostram-se livres do uso
agrotóxicos. Os demais, em especial os municípios de Turvo e Ermo aparecem com
cores mais escuras, ou seja, o porcentual de estabelecimentos que utilizam
agrotóxicos é de 85,29% a 97,63 %. Isso se deve ao fato de serem esses
municípios e os demais com cores azuis mais suaves, produtores de arroz com
elevada utilização de insumos químicos e agrotóxicos.
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Claro
que no instante que se usa cifras enormes de agrotóxicos em determinadas
culturas, todo o ecossistema ao redor também é atingido, sofrendo os efeitos
dessa atividade. Solo, água, plantas e toda biótica existente sofre
transformações violentas, algumas chegando ao nível de alteração do seu
metabolismo para adaptação, e outras desaparecendo para sempre. Os efeitos
desse maléfico sistema são mais contundentes em regiões onde o processo de
pulverização é realizado por meio de aviões, cujas partículas de agrotóxicos são
dispersas pelo vento às longas distâncias.
O
atlas de agrotóxicos no Brasil mostra o mapa do Brasil, 2007-2014, onde a
intoxicação por agrotóxicos é mais violenta. Região centro oeste, sudeste e sul
aparecem com número maior de municípios com registros de casos de indivíduos intoxicados.
A cor marrom mais escura, conforme se vê no mapa abaixo, são casos de
intoxicação detectado de 9 a 393 pessoas por município.
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Fazendo
um recorte no mapa, destacando apenas a região sul do Brasil, causa espanto
quando se observa a imensa quantidade de municípios cuja cor beira o marrom
escuro e o marrom extremo. Mais uma vez os estados de São Paulo, Paraná e parte
de Santa Catarina lideram no número de municípios de casos de intoxicação. O
que é estranho é o estado do Rio Grande do sul, que embora seja também um
grande consumidor de agrotóxicos, o número de municípios com coloração marrom é
menor que os demais.
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Analisando
agora apenas o estado de Santa Catarina, a maior concentração de manchas
escuras está na região do planalto norte, municípios próximos a grande Florianópolis,
vale do Itajaí e pequenos mosaicos no oeste, extremo oeste e sul do estado.
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O
que mais chama atenção no relatório apresentado pela Revista Interdisciplinar
de Estudos em Saúde da UNIARP, entre 2007 e 2017, é que parcela significativa
dos casos diagnosticados de contaminação por agrotóxicos em Santa Catarina são
de indivíduos do sexo masculino, na grande maioria tendo apenas o ensino
fundamental incompleto. Isso significa que são pessoas que desconhecem ou
possuem limitadas informações quanto ao manejo eficiente desses produtos
tóxicos no momento da aplicação. Um dado importante aqui é que os números
apresentados são de notificados, pois de cada notificação existem outros cinquenta
ou mais pessoas que não aparecem na estatística. Conforme o gráfico abaixo, as
regiões do Vale do Itajaí, Extremo Oeste e o Sul lideram em números de casos
detectados de contaminação.
Se
fizermos uma rápida busca na internet, quatro ou cinco cliques já aparecem dezenas,
centenas de reportagens discorrendo casos e mais casos envolvendo agrotóxicos,
isso somente em Santa Catarina. Para afirmar que estamos quase em um beco sem
saída nesse assunto, o G1, Globo.com exibiu reportagem em 20 de março de 2022
com a seguinte manchete: apreensão de
agrotóxicos contrabandeado no país aumentou 80% somente em 2022. O que
gerou mais preocupação foi saber que a metade desses produtos apreendidos
ocorreu no oeste de Santa Catarina e do Paraná. Parcela expressiva desse material
contrabandeado entra no país pelas fronteiras do Uruguai, Argentina e Paraguai.
Entre os agrotóxicos apreendidos está o PARQUAT, banido na União Europeia e no
Brasil a partir de 2020. Para burlar a fiscalização, os contrabandistas
falsificam notas fiscais, bem como rótulos de recipientes para transportar os
produtos.

https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
É
bem possível que muito dos venenos aplicados na agricultura brasileira são
totalmente desconhecidos pelas entidades fiscalizadoras. São esses venenos, na
maioria, proibidos em outros países, os responsáveis pelo alarmante aumento de
doenças degenerativas e males neorológicos causadores de transtornos
psicológicos. Pode estar nesses venenos o motivo do aumento dos casos de
tentativas de suicídios envolvendo trabalhadores do campo. O Atlas dos
agrotóxicos traz esses dados investigados entre os anos de 2007 a 2017 nos
municípios brasileiros. O que impressiona conforme mostra o mapa abaixo é o
elevado número de municípios no estado do Paraná que diagnosticaram casos de
tentativas de suicídio superior a todos os demais estados da federação.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Se
os casos de suicídios e tentativas de suicídios registrados envolvendo
agrotóxicos causaram espanto quando se observou que o estado do Paraná é o que
apresenta maior número de municípios com casos comprovados, o mapa abaixo
apresenta outro dado impactante e que deve ser avaliado com ponderação. O mesmo
estado do sul onde a cor laranja e laranja escura são predominantes em casos de
tentativa de suicídio, no mapa abaixo, outra vez aparece o oeste do Paraná
quase todo dominado pela cor azul e azul escuro. Essas cores ilustram casos de
mortes confirmadas de pessoas por ingestão ou contato por agrotóxicos.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Analisando
a reportagem publicada no blog
apublica.org com em 17 de janeiro de 2022 com o título depressão, ansiedade e
suicídio: a realidade dos que plantam tabaco no Brasil, pode se presumir que a cultura da folha do tabaco é
um dos principais vetores dos elevados índices de suicídios no estado do
Paraná, considerado um dos principais produtores dessa atividade no Brasil. A exposição direta com substâncias altamente
tóxicas e o elevado estresse enfrentado pelos trabalhadores durante a safra pode
estar associados às doenças neorológicas desencadeadoras de depressão e
ansiedade.
Não
há sombra de dúvida que os casos de doenças registrados e os subnotificados que
podem ultrapassar os milhares têm sim relação direta e indireta com
agrotóxicos. O que agrava mais a situação é o fato de que muito dos venenos
associados às doenças já foram banidos há anos em outros países. No Brasil,
muito desses e outros tantos agrotóxicos chegam às mãos dos agricultores
contrabandeados, sem que o produtor saiba exatamente o que está manipulando no
momento da aplicação.
Em
2021 o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) promoveu 19 ações de busca e apreensão de
documentos e equipamentos envolvendo falsificação e comércio ilegal em cidades
catarinenses e do Paraná. As cidades envolvidas foram Aurora, Rio do Sul, Major
Gercino, Imbuía, Itupuranga e Guaramirim, ambas em Santa Catarina, e União da
Vitória, no Paraná. Se observarmos os mapas da região sul anexados acima
relatando casos de uso demasiado de veneno, contaminação da água e mortes por
intoxicação e suicídios, muitos dos municípios citados na ação do GAECO aparece
nessa lista com cores bem escuras, demonstrando problemas sérios.
A
verdade e que a ação do GAECO em investigações desse tipo é quase que uma
agulha no palheiro diante da enormidade de casos similares que vem acontecendo
diariamente nos estados do sul e no resto do país. Se todos os órgãos de
investigação estivessem bem estruturados, aparelhados, como IBAMA, POLÍCIA
AMBIENTAL, etc, claro que se poderia minimizar tamanha brutalidade de crimes
que estão sendo cometidos contra a saúde da população exposta aos diferentes
agrotóxicos.
Em
junho de 2022 diante das inúmeras reportagens publicadas de denuncias
envolvendo o consumo de água potável contaminada por agrotóxicos no estado, a
ALESC coordenou encontro para discutir estudos de pesquisadora da UFSC que
confirmou a presença de substâncias tóxicas na água que a população catarinense
consome. O trabalho de pesquisa foi
coordenado pela Professora Doutora Sônia
Hess, da UFSC. Nas análises
realizadas entre 2018 a 2019, em 179 municípios catarinenses, 65 apresentaram algumas
moléculas de agrotóxicos, como atrazina e simazina, ambas banidas na Comunidade
Européia.
No
relatório aparece a lista dos municípios que foram detectados tais moléculas de
agrotóxicos na água que abastece a população. Destacarei aqui somente os municípios
do extremo sul do estado, sendo eles: Forquilhinha, Criciúma, Siderópolis,
Maracajá, Passo de Torres, São João do Sul e Turvo. Acontece que em 22 de março de 2019, o MPSC,
postou na sua página eletrônica reportagem com a seguinte manchete: levantamento do MPSC aponta que 22
municípios do estado recebem água com agrotóxicos. Na reportagem estava a
informação de que o tema seria pauta de um seminário sobre agrotóxicos nos
alimentos, na água e na saúde, a ser realizado pelo próprio órgão entre os dias
25 a 26 de março do mesmo ano.
O
MPSC coletou amostras de cem municípios onde foram analisados 204 princípios
ativos. É importante esclarecer que no Brasil as operadoras de água, conforme
as legislações vigentes fazem análises de somente 27 substâncias. As análises
dos dados tiveram a parceria da Professora Doutora Sônia Hess, do departamento
de Engenharia Química da UFSC. O relatório mostrou que das 17 moléculas de
agrotóxicos identificadas, sete estão proibidas na comunidade européia. São
elas: ATRAZINA, SIMAZINA, BROMOPELATO,
METALACLORO, PERMETRINA, PROPARGITE E PROPICONAZOL.
Na
lista dos municípios com algum tipo de contaminante apresentada em anexo estão
aqueles que foram identificados mais de um componente químico, sendo que alguns
não mais autorizados na Europa. O município líder em moléculas de agrotóxicos
na água foi Rio do Sul, onde sete moléculas foram constadas, duas dela
proibidas na União Europeia, estando as mesmas destacadas no gráfico abaixo.
Em
segundo lugar em números de toxidades identificadas, seis ao todo, está o
município de Itapema, considerado um
dos mais procurados todos os anos por turistas de todo o Brasil. O fato é que
essas pessoas estão se contaminando dia após dia ingerindo água com moléculas
com toxidade extremamente maléficas, como o BROMOPROPILATO, PERMETRINA e O
PROPARGITE, que também foram banidas em muitos países.
Quanto
aos municípios do extremo sul que também tiveram águas analisadas, os destaques
são Balneário Gaivota e Balneário Rincão,
que foram detectados a presença da substância PERMETRINA E DIUROM, sendo que o primeiro ingrediente também está
proibido de uso na Europa.


Sobre
a lista dos 18 tipos diferentes de moléculas de agrotóxicos detectados nas
analises de água em Santa Catarina, destacarei nesse primeiro momento a lista
dos que apresentam níveis máximos de toxidade, tipos de culturas aplicados, municípios
identificados e os limites definidos pela portaria 05/2017 do Ministério da
Saúde. Itapema e Rio do Sul são os municípios que apresentaram esses
componentes químicos com nível de intoxicação IV, considerado elevado.



O
DIURAM E O PERMETRINA - Níveis III,
são classificados como moderados em termos de intoxicação. O primeiro apareceu
nas análises de água no município de Balneário
Rincão, e o segundo, a PERMETRINA,
também banida na União Europeia, foi encontrada nos testes feitos no Balneário Gaivota. Quando se trata de
níveis aceitáveis de agrotóxicos, a portaria do ministério da saúde lançada em
2017 que traz referência o quanto de toxidade pode existir na água que é
consumida pela população brasileira, assusta quando comparada com os patamares
aceitáveis pelas agencias de água internacionais, a exemplo da União Europeia.
Na
união Européia o nível máximo aceitável de ATRAZINA,
um herbicida, na água é de 0,1 ug/litro. Já no Brasil o valor é vinte vezes
maior, ou seja, índice aceitável é de 2 ug/Litro. O ACEFATO E O MELATIONA, ambos (acaricida/inseticida) no Brasil não
possuem limites estabelecidos aceitáveis pelas agencias reguladoras. Na União
Europeia, os valores toleráveis desses dois agrotóxicos são de 0,1 ug/l. Tanto
o primeiro quanto o segundo agrotóxicos, ambos são o terceiro e o sétimos mais
vendidos no Brasil. Somente em 2014 as vendas em toneladas foram de 26.191 de
atrazina e 13.911, o acefato. O último da relação, o melationa, foi o 16º mais
vendido em 2013, com 4.987 toneladas.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
O
carbofurano,
inseticida/acarecida, esse mesmo destacado no desenho abaixo, foi banido na
União Européia em 2007. No Brasil, essa molécula foi a 26 mais vendida em 2013
com 1.740
toneladas. No Brasil, os índices aceitáveis à água são de 70 vezes
maior que na União Europeia, que chega a 0,1 ug/litro.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Outro
veneno altamente criticado pelas organizações ambientais, produtores orgânicos
e de frutas, como a uva no Rio Grande do Sul, é o 2,4 D. Esse é um herbicida
largamente utilizado nas culturas de soja, milho, arroz, cana de açúcar, entre
outras. Sua origem se deu durante a segunda guerra mundial, porém, na guerra do
Vietnam, o 2,4 D, associado ao 2,4,5 –T, foi utilizado pelo exército americano
para pulverizar as florestas na tentativa de identificar soldados vietecongs
escondidos sob as mesmas. Até hoje, a população vietnamita sofre os efeitos
nefastos desse e outros venenos lançados no solo e na água durante o conflito.
No
Brasil, o desfolhante 2,4 D é o segundo mais comercializado, alcançando 36.514
toneladas em 2014. Hoje em dia esse agrotóxico é alvo de ataques no Rio Grande
do Sul pelo setor da vinicultura que sofrem com a dispersão dessa molécula por
meio da pulverização das culturas de soja. A alegação dos produtores de soja no
uso desse veneno é o fato de ser eficiente no combate de uma erva conhecida
como BUVA. Pesquisadores afirmam que
essa planta adquiriu resistência ao agrotóxico glifosato devido ao seu
excessivo uso.
Em
Santa Catarina, o herbicida foi detectado em três municípios avaliados pela
parecista Sônia Hess, engenheira química da UFSC. Os municípios que tiveram a
presença desse agrotóxico foram: Taió, 0,431 ug/L; Balenário Camboriú, realizado em três
momentos 0,077 ug/L- 0,099 ug/L e 0,644 ug/L;
Balneário Piçarras, 0,066 ug/L. Observando a ilustração abaixo, pode-se perceber que os níveis de 2,4
D verificados nas amostragens dessas três cidades é bem superior aos níveis
aceitáveis na água na União Europeia. No entanto, considerando os padrões
estabelecidos no Brasil, os níveis de contaminação são inferiores ao que
determina a ANVISA.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
CLORPIRIFÓS
também é um agrotóxico bastante usado no Brasil. Sua fórmula o caracteriza como
um organofosforado e acarecida,
indicado para o combate de formigas, baratas, larvas, entre
outros. No Brasil,
é a quinta molécula mais comercializada, atingindo 16.453 toneladas em
2014. Seu uso é frequente nas culturas
de soja, café, algodão, feijão, citros, milho, soja, trigo, tomate, entre
outros. Estudos realizados confirma ser esse agrotóxico altamente tóxico e
causador de inúmeros problemas à saúde humana.
No solo destroi a biótica e as
abelhas que se intoxicam com o veneno contido nas flores das plantas. Também é
altamente tóxico para algas, peixes e crustáceos. Para o
ser humano há pesquisas que afirmam ser o clorpirifós
indutor de doenças como leociemias, Linfoma
não-Hodgkin, câncer do cólo do útero, cancer colorretal, câncer cerebral,
sarcoma de tecidos moles, câncer do pulmão, mal de alzheimer, mal de parkinson,
asma, respiração com ruído, mas formação congênita, desufunções sexuais,
desordem do déficit de atenção, hiperatividade, autismo, etc.
Uma boa noticia sobre esse
agrotóxico foi divulgada em 2021. A agencia americana de controle de
agrotóxicos – EPA ( Agency Protection Enveronment) divulgou que o clorpirifós
havia sido banido daquele país, motivdo por resultados de estudos que vinham
sendo desenvolvidos desde 2007. É menos um veneno na lista dos que casam tanto
transtorno aos ecossistemas e à vida humana. Na integra o que relatou o administrador
da agencia Michael S. Regan.
“Today EPA is taking an overdue step to protect public
health. Ending the use of chlorpyrifos on food will help to ensure children,
farmworkers, and all people are protected from the potentially dangerous
consequences of this pesticide,” said
Administrator Michael S. Regan. “After the delays and denials
of the prior administration, EPA will follow the science and put health and
safety first.”
“Hoje EPA está tomando um enorme
passo para proteger a saude pública. Finalizando o uso do Clorpirifós em alimentos ajudará
garantir crianças, agricultores e todas as pessas a se protegerem das
consequencias perigosas deste pesticid. Depois de atrasos e negaçoes a agencia
seguirá a ciência e coloca a saúde em primeir lugar de segurança”.
Dando uma olhadinha rápida na
internet, são dezenas de sites que deram cobertura desse importante
acontecimento em 2021. Entretanto, não tenho qualquer lembrança de ter ouvido
ou lido notícias da proibição nas
grandes mídias brasileiras. E com está atualmente essa decisão da EPA agência
norte americana de controle de agrotóxicos.
Acessando o Blog Nosso Futuro Roubado do dia 02 de junho de 2022, lá estava
escrita a seguinte manchete da reportagem: “grupos
agrícolas intensificam a batalha para continuar usando agrotóxicos proibidos
para produzir alimetos”. A reportagem
discorria exatamente sobre as repercussões nos Estados Unidos acerca da decisão
da EPA. A primeira informação era de que agricultores e entidades
supermercadistas, entre outros, entraram com pedido de reabertura de ação
contra a agencia no 8º tribunal daquele país. Umas das alegações contidas no
pedido foi de que a EPA tomou decisão ilegal carecendo de mais estudos
científicos. Frente a ação, a agencia tinha até o dia 22 de julho para
responder.
O clorpirifós é um agrotóxico
produzido pela empresa DOW CHEMICAL,
em 1965. Devido a sua elevada toxidade, em 2000 o produto foi proibido de ser
aplicado em áreas residenciais. Entretanto continuou livre para a aplicação na
agricultura. Em 2012, estudos realizados pela Universidade de Colúbia identificaram relação do veneno com o
aumento de casos de crianças com deficits
cognitivos.
Nessa mesma ocasião a academia
americana de pediatria alertou que o uso desse agrotóxico coloca em risco fetos
em desenvolvimento, bebês, crianças e mulheres grávidas. Em 2017, no governo de
BARACK OBAMA, o clorpirafós foi proibido no país via decreto. No entanto,
quando DONALD TRUMP assumiu o governo suprimiu o decreto do
governo anterior acerca desse veneno. Também em 2017, em relatório apresentado
pela Food and Drug Adriministation/FDA,
listou esse agrotóxico como sendo o quarto mais prevalente encontrado em
alimentos, dentre os 207 detectados.
Como toda as decisões têm as suas
brechas, não foi diferente nos EUA em relação a esse produto. A Agencia
autorizou o uso dessa molécula apenas às culturas voltadas às exportações,
desde que cumprissem com os critérios de permissibilidade de toxidade
estabelecidos pelos países importadores. Porém, a pressão nos Estados Unidos
para que EPA revogue a decisão de proibição do clorpirafos permanece. Caba aqui
salientar também que na União Europeia esse agrotóxico foi proibido de ser
usado em 2020.
Se na União Europeia e nos Estados
Unidos o clorpirifós está proibido de comercializaçao, no Brasil continua sendo
um dos mais aplicados em dezenas de culturas. O que mais assusta são as taxas
limites aceitáveis desse agrotóxico na água potável na União Europeia em
comparação com o Brasil. Imagine, na Europa foi proibido porque causa problemas
mesmo com as baixas taxas de resíduo do produto aceitáveis na água, que é de 0,1 ug/L. No Brasil a legislação
permite que tal substância tóxica pode estar presente na agua não ultrapassado
os 30 ug/l, ou seja, 300 vezes acima do que a legislação europeia permite.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Isso não é observado somente na
agua, nos alimentos também não são diferentes. Batata, por exemplo, a
incidência do respectivo agrotóxico jamais deve superar os 0,01mg/kg, já no
Brasil, é permitido 100 vezes mais, ou seja, até 1 mg/kg. Nos citros, limão,
laranja e outros, aqui no Brasil é aceitável nas frutas até 200 vezes o que
determina a legislação europeia, 0,01 mg/kg, sendo aqui 2 mg/kg.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
O
DIURAN também é outro herbicida
amplamente utilizado no Brasil. É considerado o 10º em vendas, sendo que em
2014 atingiu 8.580 toneladas comercializada. Considerado um herbicida de
toxidade III, ou seja, nível mediano, o mesmo é aplicado para combater “ervas
daninhas”. Sua aplicação persistente faz
com que o produto seja absorvido no solo, permanecendo por mais tempo principalmente onde há maior concentração de matéria orgânica.
Lendo
um trabalho de conclusão de doutorado realizado pela pesquisadora Adrislaine da Silva Mansano,
cujo título é “efeitos dos agrotóxicos
DIURAN e CARBOFURAN, isolados e em mistura, sobre organismos aquáticos e
avaliação de risco ecológico”, pode se concluir que o Diuran, tanto
isoladamente quanto misturado com o Carbofuran,
apresentou riscos potenciais para os
corpos d’água, superficiais, subterrâneas e estuários. Outro dado
interessante observado em outro estudo mostra que o Diuran em contato com os raios ultravioletas sofre fotálise, gerando um subproduto com
toxidade mais elevada e mais perigosa principalmente nos países tropicais
devido a elevada radiação ultravioleta.
Claro
que esse herbicida também foi identificado nos testes de toxidade da água no
estado de Santa Catarina. Mais uma vez causa estarrecimento os níveis aceitáveis
desse herbicida nas águas que abastecem a população, considerada 900 vezes superior à aceitável na União
Europeia. Observe o desenho abaixo, relativo ao Diuran. Enquanto na União Europeia o limite aceitável é de 0,1
ug/l, no Brasil é de 90 ug/l.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Intrigante
foi perceber que nas buscas feitas relacionada ao herbicida MANCOZEBE pouquíssimas são as
publicações ou reportagens destacando este herbicida, considerado de elevado impacto
ao meio ambiente. Na busca realizada na pagina da UPL empresa responsável pelo comércio de insumos agropecuário,
sobre o Mancozebe, lá estava a lista das culturas onde o herbicida é aplicado, 30
ao todo.
Entretanto,
o que chamou mais atenção acerca desse agrotóxico foram às reportagens publicadas
em dois sites importantes sobre o mesmo assunto, um a Folha de São Paulo e a outra a midianinja.org,
ambas no mês de julho de 2022. A
manchete da reportagem foi a seguinte: “estudo
revela ligação entre casos de câncer e água potável contaminada por agrotóxicos
no Paraná”. O dado marcante nessa reportagem é a citação do mancozebe como um dos vilões do
problema.
Na
pesquisa que envolveu a UNIOESTE
(Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e a HARVERD, dos Estados Unidos,
foram diagnosticados onze agrotóxicos na água que abastece a população de 127
cidades do oeste do Paraná, entre os anos de 2017 a 2019. O resultado que se chegou foi que mais de 80%
dos 542 casos de câncer diagnosticados tem relação com o consumo de água
contaminada com dois agrotóxicos muito utilizados na região oeste do estado, o Mancozebe – ETU e Diuran.
Dentre
os tipos de câncer mais comuns diagnosticados está o de mama. A alegação das
entidades que controlam os níveis aceitáveis de agrotóxicos na água é de que
todas as avaliações realizadas estão em conformidade com os limites aceitáveis
pela legislação brasileira. Acontece, segundo os responsáveis pela pesquisa,
que os níveis de agrotóxicos identificados estão bem acima dos limites
toleráveis na União Europeia, que é de 0,5 ppb (parte por bilhão), enquanto que
no Paraná está acima de 184,84 ppb/parte por bilhão.
No
Brasil a legislação não estabelece limite geral, apenas por substância ou
molécula, sendo que de acordo com essa metodologia os níveis avaliados estão
dentro do permitido. Observe o desenho abaixo referente ao fungicida/acarecida
Mancozebe. Na União Europeia as agências reguladoras permitem que a quantidade
aceitável desse veneno na água não exceda a 0,1ug/litro. Já no Brasil, a ANVISA
determinou que os níveis de toxidade aceitáveis dessa molécula sejam de no
máximo 180 ug/litro, ou seja, 1800 vezes mais que na União Europeia.
Em
todas as buscas feitas relativas ao fungicida TEBUCONAZOL a conclusão que se chegou foi que essa molécula é usada
no Brasil para o combate de doenças em cerca 75 culturas. O nível de toxidade
do produto é IV, ou seja, media toxidade. Entretanto muitas pesquisas foram
realizadas cujos resultados comprovam que o produto causa impactos nos
encossistemas onde é aplicado.
Em
análises de águas realizadas no Brasil, 92% das amostras foram verificadas partículas
desse agrotóxico, em muitos casos chegando a 5.288 vezes superior ao
estabelecido na União Europeia. No Brasil, o limite aceitável pela legislação é
de 180 ug/l, ou seja, 1800 vezes à europeia, que é de 0,1 ug/L. As pesquisas
analisadas comprovam que o Tebuconazol
tem ação mutagênica e citotóxico, sendo prejudicial ao meio ambiente e de todos
os seres vivos presentes no ecossistema que está sendo afetado pelo fungicida.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Não
há dúvidas que o agrotóxico campeão de vendas no mundo todo é o herbicida glifosato, e responsável por uma
infinidade de ações judiciais muitas das quais tramitam nas cortes reivindicando pagamento de
indenizações por mortes ou danos físicos por intoxicações. O glifosato surgiu de fato em 1970, quando um
químico da companhia Monsanto John E.
Franz, conseguiu converter um produto químico criado em 1950 em molécula
eficiente no combate de ervas.

Atualmente
além da Bayer alemã, outras dezenas de empresas espalhadas pelo mundo também
fabricam o agrotóxico. Acontece que no início, o herbicida era aplicado somente
antes do cultivo, pois sua molécula destruía tanto as ervas daninhas quanto as
próprias culturas. Foi na década de 1990 como o desenvolvimento de sementes
transgênicas, resistentes ao herbicida, que o comércio do produto deslanchou
significativamente. De 40 mil toneladas/ano, o glifosato chegou a cifras
assustadoras de 300 mil toneladas. Atualmente no Brasil 98% da soja cultivada é
transgênica, uma área do tamanho da Alemanha.
No
mundo hoje são 800 milhões de toneladas de glifosato comercializadas todos os
anos. Afinal de contas esse herbicida pode gerar riscos ao meio ambiente e à
saúde humana? As pesquisas ou fontes disponíveis não deixam qualquer dúvida
acerca desse perigo. No entanto pesquisadores ligados as companhias fabricantes
de agrotóxicos tendem a contestar os resultados de entidades independentes,
como universidades.

O
fator agravante nisso é que geralmente as autoridades que aprovam o uso, por
exemplo, do glifosato, tomam a decisão baseados em resultados de pesquisas dos
próprios fabricantes dos venenos. Acontece que essas pesquisas dificilmente são
disponibilizadas ao público por uma questão de protocolos de segurança das
próprias empresas. Na União Europeia a atuação de uma ONG, na justiça, fez com
que 64 estudos sobre o glifosato fossem disponibilizados para avaliação. O que
se concluiu na avaliação dos artigos foi à constatação que 85% dos trabalhos
apresentavam falhas metodológicas. Falhas do tipo, de 10 tipos de carcinomas
que deveriam ser analisados, os pesquisadores detectaram 4 ou 5.
Em
2015 a agencia internacional do câncer comprovou que o glifosato é sim causador
de câncer. Um deles é o Linfoma Não
Hodgkin, que atua nas glândulas linfáticas. Pessoas que estão expostas por
um longo período com os agrotóxicos possuem 45% de chance para desenvolver o
linfoma. Enquanto no Brasil os encaminhamentos são para liberar mais
agrotóxicos, na União Europeia, até o final de 2022 é possível que o Glifosato tenha
sua licença vedada pelas agencias reguladoras.
Vasculhando
mais uma vez os sites disponíveis agora sobre o glifosato, que não são poucos,
de repente me deparo com um documentário produzido em 2016 pela jornalista,
documentarista francesa Marie-Monique Robin, com o título O Mundo Segundo Monsanto. Sabendo do documentário, num pequeno
instante fiquei em dúvida em assistir ou não algo referente a respectiva empresa,
pois já havia feito muitas leituras e tinha compreensão da sua maléfica
trajetória no mundo dos alimentos e agrotóxicos.
Mas
me chamou muita atenção a biografia da pesquisadora e por isso decidi me
debruçar na frente do monitor e acompanhar atônito às quase duas horas de
revelações bombásticas que envolveram a poderosa multinacional Monsanto. Na
realidade o documentário traz à luz as manobras envolvendo essa empresa junto
às autoridades políticas, instituições de pesquisa, entre outros segmentos,
manipulando dados em pesquisas, criando uma falsa impressão de ser tanto os
transgênicos quanto o glifosato como inofensivos à vida.
É
importante aqui saber que os transgênicos foram criados por essa empresa
particular, que sua regulação como uma tecnologia segura foi uma decisão
política e não científica. Como assim, política? Governos, ministros, entidades
reguladoras e uma série de outras pessoas atuaram conjuntamente na alteração de
dados. Nesse escopo estiveram envolvidos
os governos Ronald Ragen e Jorge W Busch Pai.
O
fato é que a Monsanto não estava envolvida somente com a manipulação de
sementes transgênicas. A jornalista relata o envolvimento da organização na
elaboração de hormônios, como o PALISACK, aplicado em vacas para aumentar a
produção de leite. No documentário não inúmeras as falas acusando a poderosa
corporação pela sua atuação de Polícia Genética. Os agricultores quando
adquirem suas sementes geneticamente modificadas, a soja, por exemplo, são
obrigados a assinar um termo de que não farão uso na próxima safra.
Para
assegurar que não farão o uso, a empresa coloca na rua seu exército de fiscais
para conferir os acordos. Encontrando agricultores que descumpriram tais
acordos a empresa entra com ação na justiça, sendo geralmente é vencedora,
levando à ruína famílias de agricultores. Entre 1995 a 2005 a Monsanto comprou cinqüenta
empresas no mundo todo envolvidas na produção de sementes de milho, soja,
algodão, tomate, batata, etc.
Outro
aspecto importante destacado no documentário é o poder da Monsanto na Índia,
uma das maiores produtoras de algodão do mundo. Regiões onde as sementes
transgênicas do algodão foram difundidas transformaram os trabalhadores em
verdadeiros escravos da empresa. Essa dependência fez aumentar assustadoramente
casos de suicídios motivados por dívidas contraídas e ingestão de agrotóxicos.
Esse problema na Índia recebeu a denominação de as Sementes do Suicídio.
Segundo
uma das maiores pesquisadoras sobre agricultura na Índia..... A mesma afirma
que no instante que se passa a controlar as sementes, se tem o controle também
dos alimentos, que é uma forma mais poderosa de destruição do que bombas. Os
casos do milho no México também foram destacados. Todos sabem que a origem do
milho foi no México e que o país guarda um grande acervo de sementes crioulas
onde milhares de agricultores se utilizam em suas atividades.
O
fato é que todo esse acervo está ameaçado pela inserção de sementes
modificadas. Não é uma decisão política, muito pelo contrário, o México é um
dos poucos países onde sementes transgênicas são proibidas de cultivo. No
entanto, pela sua proximidade com os Estados Unidos, sementes de milho
transgênicas entram no país e muitas delas caem no chão e germinam. Análises
realizadas com milho crioulo no país já constataram a presença de gene transgênico.
Na
América do Sul, a Argentina foi a primeira nação a liberar o cultivo de
sementes transgênicas. Com o tempo, as sementes modificadas passaram a entrar
clandestinamente nos países vizinhos, como o Brasil e o Paraguai, cujas
legislações na época impediam o seu cultivo. Acredita-se que a Monsanto sempre
esteve por trás dessas manobras para fazer com que suas sementes modificadas
chegassem a todos os países e junto com elas, o glifosato, único capaz de
combater as ervas sem comprometer a planta.
A
conclusão que a documentarista Marie-Monique Robin chegou foi de que o
glifosato é considerado um perturbador
endógeno, que atua como um hormônio. Seu papel no organismo humano é
absorver os metais que são benéficos, a exemplo do ferro que ajuda no aumento
da imunidade do corpo.
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
Os
casos de perseguição e tentativa de desqualificação profissional não foi exclusividade
apenas da professora doutora Larissa Bombardi, na qual teve que se exilar em Bruxelas.
Outras duas professoras também enfrentaram o terror quando publicaram trabalhos
comprovando existir relações de doenças e malformações congênitas com agrotóxicos.
A primeira vítima foi a professora Ada
Pontes, pesquisadora da Universidade Federal do Cariri, no Ceará. A segunda
vítima foi a professora Mônica Lopes,
pesquisadora do Instituto Butantã, em São Paulo.
A
polêmica que se envolveu a pesquisadora Ada Pontes se deu quando publicou seu
trabalho investigativo na comunidade de São Tome, município de Limoeiro no
Norte, de 2.500 habitantes na Chapada do Apodi. O município que tem a
fruticultura irrigada como principal atividade. O titulo do trabalho desenvolvido
foi malformações congênita, puberdade precoce e agrotóxicos: uma herança
maldita do agronegócio para a chapada do Apodi, Ceará. A conclusão que a pesquisadora chegou foi que
os problemas de saúde vivida por essa população têm relação direta ao consumo
de água contaminada por agrotóxicos. Analises realizada detectaram 12 tipos
diferentes de moléculas tóxicas presente na água. Entre 2014 a 2016 nasceram cinco crianças
com malformações congênitas na comunidade.
O
caso envolvendo a professora doutora Mônica Lopes, tende a ser tão ou mais
complexo que Ada. Mônica Lopes, professora do Instituto Butatã. Em 2018
analisou dez agrotóxicos, todos, sem exceção, em qualquer quantidade causam
danos à saúde humana. Informações essas que se contrapõem às muitas pesquisas,
principalmente de entidades ligadas ao agronegócio, onde afirmam que doses
pequenas de agrotóxicos não causam danos à saúde. Os agrotóxicos analisados
foram a ABAMECTINA, ACEFATO,
ALFACIPEMETRINA, BENDIOCORB, CARBOFURANO, DAZINON, ETOFENPROX, GLIFOSATO,
MELATHION E PERIPOXIFEM.
Toda
a pesquisa foi realizada com peixes, em especial o peixe-zebra, espécie essa cuja genética é 70% semelhante à dos
seres humanos. O fato é que após publicação do trabalho a professora viveu o “Inferno
de Dante” de setores ligados ao governo federal e do agronegócio. Na época da
publicação, 2018, o diretor da ANVISA e a ministra da agricultura, se
empenharam em desconsiderar os resultados desse estudo ao ponto de afetar a
própria reputação da pesquisadora Monica Lopes.
Quase
duas semanas vasculhado na internet reportagens, artigos, textos,
documentários, teses e outras publicações relativas aos agrotóxicos e tudo que
gira ao seu entorno, finalmente senti que já era momento de parar, tamanha a
quantidade de informações. No entanto, ouvindo a Voz do Brasil tive a
informação de que entre os dias 08 a 11 de agosto aconteceu a reunião da CNA em
Brasília com mais de 3500 participantes. Era preciso, portanto, conferir o que
esse povo estava fazendo lá e o pensam sobre agrotóxicos, entre outros.
De
repente consegui ter acesso ao podcast da radio “nosso agro no radio” com mais
de oito horas de transmissão. É claro que não me detive em acompanhar todas as
entrevistas, mas me chamou a atenção uma delas realizada com o vice presidente
da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Constatei que além de vice
presidente é deputado representando o estado de Goiás. A questão levantada ao
deputado foi sobre a decisão da ANVISA de proibir a comercialização do
agrotóxico Carbedazin, decisão ocorrida no dia 08 de agosto de 2022.
Exibindo
uma certa arrogância, lançou uma saraivada de críticas a agencia reguladora
afirmando ser uma decisão equivocada, pois em toda a América Latina esse
agrotóxicos é usado sem restrição. Concordou que o produto é usado para tratar
sementes, que a toxidade é maior para quem aplica. No entanto, ressaltou que
atualmente a agricultura brasileira se modernizou e que existe uma serie de
medidas que evitam contaminações, como o uso de IPI. Disse também que a
retirada desse agrotóxico vai obrigar o agricultor a usar quatro ou cinco
rótulos similares, que elevarão os custos de produção.
Ressaltou
também que após decisão da ANVISA, tomou a decisão de encaminhar recurso para
derrubar decisão da agência. Uma decisão em véspera de plantio de safra? Como
ficarão os grandes estoques de Carbedazin dos agricultores? questionou o
deputado. Afirmou ser um absurdo no Brasil levar dez anos para que um novo
registro de agrotóxicos seja autorizado. Os demais que participavam do programa
junto com o deputado comungavam o mesmo pensamento. Um disse que a medida era
um tipo de negacionismo, outro afirmou que o SENAR oferece cursos para os
trabalhadores do campo para instruí-los na lida com agrotóxicos, outra, que não
tem como se contaminar, pois o agricultor tem de ler a bula do produto para
saber como aplicar.
Prof. Jairo Cesa
https://www.youtube.com/watch?v=VTcmbmROWLQ
file:///C:/Users/LOJA349/Downloads/1588-Texto%20do%20Artigo-7345-1-10-20191125.pdf
https://conexaoagua.mpf.mp.br/arquivos/agrotoxicos/05-larissa-bombardi-atlas-agrotoxico-2017.pdf
https://ndmais.com.br/justica-sc/gaeco-promove-operacao-contra-venda-ilegal-de-agrotoxicos-em-sc-e-no-pr/
https://ndmais.com.br/meio-ambiente/alesc-discute-estudo-que-aponta-contaminacao-da-agua-por-agrotoxicos-em-cidades-de-sc/
https://www.mpsc.mp.br/noticias/levantamento-do-mpsc-aponta-que-22-municipios-do-estado-recebem-agua-com-agrotoxicos
https://www.mpsc.mp.br/noticias/audiencia-publica-revela-gravidade-da-presenca-de-agrotoxicos-em-mananciais-de-abastecimento-e-necessidade-de-atualizar-a-legislacao-reguladora
https://www.mpsc.mp.br/noticias/audiencia-publica-revela-gravidade-da-presenca-de-agrotoxicos-em-mananciais-de-abastecimento-e-necessidade-de-atualizar-a-legislacao-reguladora
https://www.youtube.com/watch?v=CHwr133uMmc
https://www.ecycle.com.br/24-d/
https://www.brasildefato.com.br/2020/12/17/herbicida-toxico-esta-impactando-plantios-na-campanha-gaucha-denunciam-produtores
https://www.youtube.com/watch?v=p5UZm3q7OA0
https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/65355-proibe-o-uso-de-organofosforado-clorpirifus-em-formulaues-de-desinfestantes-domissaniturios.html
https://www.ecycle.com.br/clorpirifos/
https://www.youtube.com/watch?v=q4WHnP-9uWg
https://maissoja.com.br/uso-de-clorpirifos-e-proibido-nos-eua/#:~:text=A%20Ag%C3%AAncia%20de%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20Ambiental,de%20crian%C3%A7as%20e%20trabalhadores%20agr%C3%ADcolas.
https://nossofuturoroubado.com.br/grupos-agricolas-intensificam-a-batalha-para-continuar-usando-agrotoxicos-proibidos-para-produzir-alimentos/
https://agencia.fapesp.br/cientistas-da-usp-criam-luva-que-detecta-pesticidas-em-alimentos/37744/
(importante)
https://blogdopedlowski.com/tag/agua-de-consumo/
importante
https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/7528/TeseASM.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://deolhonosruralistas.com.br/2022/07/22/apos-censura-cientista-faz-levantamento-inedito-de-pesquisas-brasileiras-sobre-impacto-dos-agrotoxicos-na-saude/
https://deolhonosruralistas.com.br/2022/08/04/projeto-brasil-sem-veneno-mapeia-542-iniciativas-de-resistencia-aos-agrotoxicos-em-todo-o-pais/
importantíssimo
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/06/estudo-aponta-ligacao-entre-542-casos-de-cancer-e-agua-com-agrotoxicos-no-pr.shtml
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0160412022002483?s=08#b0360
https://midianinja.org/news/estudo-revela-ligacao-entre-casos-de-cancer-e-agua-potavel-contaminada-por-agrotoxicos-no-parana/
https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2020-10/manzate_800_311019.pdf
https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/view/39624/pdf
https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/9323/2/ppg%20MAGALI%20GHISOLFI%20Final_JULHO%20%28002%29.pdf
https://portrasdoalimento.info/2019/04/12/conheca-os-27-agrotoxicos-encontrados-na-agua-que-abastasse-as-cidades-do-brasil/
https://www.casan.com.br/ckfinder/userfiles/files/agrotoxicos_defesa.pdf
https://www.conhecer.org.br/enciclop/2015b/biologicas/bioensaios.pdf
https://cee.fiocruz.br/?q=node/987
https://www.youtube.com/watch?v=VTcmbmROWLQ
https://www.brasildefato.com.br/2016/05/10/o-glifosato-e-o-maior-escandalo-sanitario-da-historia-diz-documentarista
https://www.brasildefato.com.br/2016/08/15/apos-pressao-de-movimento-popular-monsanto-se-retira-das-malvinas-argentinas/
https://www.youtube.com/watch?v=NUysB9BpXVo
https://www.facebook.com/watch/?v=257629129541224
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/08/09/anvisa-mantem-banimento-de-agrotoxico-cancerigeno-mas-descontinuacao-sera-gradual.ghtml
https://www.youtube.com/watch?v=4Hjbxxzd5qo
https://www.ihu.unisinos.br/categorias/159-entrevistas/581211-agrotoxicos-ma-formacao-congenita-e-puberdade-precoce-uma-heranca-maldita-do-agronegocio-entrevista-especial-com-ada-pontes-aguiar
https://anoticiadoceara.com.br/noticia/criancas-sao-mais-vulneraveis-a-contaminacao-causada-por-agrotoxicos-afirmam-especialistas/
https://www.poder360.com.br/author/xico-graziano/
https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580084-agrotoxicos-seriam-causa-de-puberdade-precoce-em-bebes-aponta-pesquisa
https://reporterbrasil.org.br/2019/10/pesquisadora-vira-alvo-de-perseguicoes-apos-comprovar-que-nao-existe-dose-segura-de-agrotoxicos/
https://www.youtube.com/watch?v=LOzRXm7wn2U
https://www.youtube.com/watch?v=oaJwHuPlync