domingo, 16 de fevereiro de 2020


MUITO AINDA DEVE SER FEITO PARA DINAMIZAR O TURISMO NO EXTREMO SUL DE SANTA CATARINA
Cachoeira do bizungo
https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/trilha-da-cachoeira-do-bizungo-20950740/photo-13114338


Durante as férias ou em certas ocasiões sempre reservo um tempinho para me aventurar em trilhas, cachoeiras e outros locais deslumbrantes dos quais requer doses de disposição, coragem e paixão. Foi o que aconteceu em Florianópolis há cerca de trinta dias quando, junto com o meu filho, desbravamos alguns roteiros no sul da ilha, região cujas comunidades ainda conservam traços arquitetônicos e culturais herdadas das primeiras famílias açorianas que chegaram a região na metade do século XVIII.
 Como já havia escrito em texto anterior afirmando que o sul do estado de Santa Catarina apresentava potencialidades turísticas iguais ou até mesmo superiores a capital, Florianópolis, porém pecava pela indisposição dos gestores e seguimentos empresariais locais em dinamizar esse seguimento, um passeio a um dos municípios que reúne grandes potencialidades do extremo sul nesse setor, comprovou meu argumento.

Foto Jairo

Como já havia feito o mesmo passeio há dois anos para conhecer a famosa cachoeira do Bizungo, no município de Morro Grande, dessa vez decidi convidar uma família de amigos de Caxias do Sul, que passavam férias no Baln. Arroio do Silva. A chegada a sede do município força o visitante a fazer uma parada quase obrigatória as proximidades da igreja católica e tirar umas fotos da mesma, tamanha a beleza das paredes daquela edificação, toda revestida de fragmentos cerâmicos. Seguindo em frente, a próxima parada seria a trilha que levaria a cachoeira do Bizungo.

Foto Jairo


Foto Jairo

Para quem conhece um pouco a região era de se prever que rapidamente seria encontrado o caminho que levaria ao local. Nada disso, depois de quase uma hora, solicitando informações de um e de outro morador, finalmente encontramos a estrada. O fato é que não havia qualquer placa informativa para facilitar os visitantes a se guiarem pelas redondezas. Seguindo uma estrada de chão batido, depois de quase trinta minutos, chegamos ao que deveria ser uma ponte de madeira, onde todos teriam obrigatoriedade de cruzar se quisessem chegar à cachoeira. As condições da referida ponte ou pontilhão eram tão precárias que ficamos em dúvida se era realmente aquele o caminho para se chegar ao nosso destino.

Foto Jairo

Para tirar as dúvidas adentramos em uma propriedade e pedimos mais uma vez informações se realmente estávamos no caminho certo. Acredito que outros devem ter tido o mesmo comportamento.  A resposta da cidadã foi positiva, aquele era o caminho.  O desafio agora era atravessar a pontilhão, correndo o risco de furarmos os pneus do veículo tamanho os pregos que estavam à amostra.   Vencendo mais esse desafio, não imaginávamos que outros tantos estavam a nossa frente. Estacionamos os carros nas proximidades de riacho e caminhamos por cerca de uma hora por um caminho onde as únicas placas que encontramos estavam próximas a junto a cachoeira, com informações do tipo, não jogue lixo, preserve a natureza. 


Foto Jairo

É muito pouco para um local que hipnotiza qualquer um, tamanho espetáculo de uma queda d’água com mais de cem metros de altura. Foi possível observar no caminho a ação de vândalos, rabiscando árvores com nomes. Sem fiscalização ou o acompanhamento de um guia, é possível que muitas espécies da flora, como bromélias, orquídeas, são saqueadas por  quem ali transitam. Além desse fabuloso ponto turístico, pouco conhecido e de difícil acesso, os visitantes são instigados a conhecer as famosas furnas da comunidade de três barras, que conservam inscrições dos primeiros habitantes da região que lá viveram há cerca de três ou quatro mil anos.

Foto Jairo

Chegando a três barras, uma placa apontava o caminho que deveríamos seguir até o local desejado. Depois de trinta minutos, atravessamos uma ponte recém construída, onde havia uma placa informando sobre a existência da respectiva furna. Foi a última placa encontrada pelo caminho. Paramos junto a um riacho, com águas cristalinas, porém, não sabíamos como fazer para chegar as ditas furnas. Atravessei o riacho a pé e caminhei por dez ou quinze minutos, sem qualquer pista das mesmas. Tomei a decisão de retornar, me sentindo frustrado por, mais uma vez, não ter visitado o importante local histórico. Talvez esse sentimento tenha sido sentido por outras tantas pessoas que vieram ao local e retornaram decepcionados.  
É preciso repensar a forma como vem sendo tratado o tema turismo na região. Todos sabem que o projeto geossítio, que envolverá cinco municípios na região, incluindo Morro Grande, tem por finalidade o desenvolvimento de estratégias políticas para fortalecer esse seguimento na região. Mas enquanto as etapas do projeto não são concluídas, cabe os municípios adotarem ações básicas e de baixo custo para atrair novos visitantes e que não saiam decepcionados.
O maior divulgador dos atrativos turísticos de um município é o próprio visitante. Se não há dinheiro para investimentos em grandes estruturas, o mínimo que uma administração pode fazer é facilitar os acessos, com o máximo de informações, como placas, folders, quem sabe uma central de atendimento ao visitante. Um bom exemplo de proposta de programa de informação turística está em construção no município de Araranguá.


Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Foto Samanta

Porém esse projeto não foi idealizado por algum integrante do poder público municipal. Partiu do projeto orla, que entre as demandas elencadas no PGI (Plano de Gestão Integrada) estão a instalação de nove painéis informativos em cinco pontos distintos das potencialidades geoecológicas inseridas em três Unidades de Conservação municipais. O turista ou qualquer cidadão que queira saber um pouquinho mais sobre a região é só seguir o roteiro e ler os painéis onde estão esmiuçados  informações de cada cenário específico.
Prof. Jairo Cezar





           

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