MUITO
AINDA DEVE SER FEITO PARA DINAMIZAR O TURISMO NO EXTREMO SUL DE SANTA
CATARINA
Durante
as férias ou em certas ocasiões sempre reservo um tempinho para me aventurar em
trilhas, cachoeiras e outros locais deslumbrantes dos quais requer doses de
disposição, coragem e paixão. Foi o que aconteceu em Florianópolis há cerca de trinta
dias quando, junto com o meu filho, desbravamos alguns roteiros no sul da ilha,
região cujas comunidades ainda conservam traços arquitetônicos e culturais
herdadas das primeiras famílias açorianas que chegaram a região na metade do
século XVIII.
Como já havia escrito em texto anterior
afirmando que o sul do estado de Santa Catarina apresentava potencialidades
turísticas iguais ou até mesmo superiores a capital, Florianópolis, porém pecava
pela indisposição dos gestores e seguimentos empresariais locais em dinamizar
esse seguimento, um passeio a um dos municípios que reúne grandes
potencialidades do extremo sul nesse setor, comprovou meu argumento.
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Foto Jairo |
Como
já havia feito o mesmo passeio há dois anos para conhecer a famosa cachoeira do
Bizungo, no município de Morro Grande, dessa vez decidi convidar uma família
de amigos de Caxias do Sul, que passavam férias no Baln. Arroio do Silva. A
chegada a sede do município força o visitante a fazer uma parada quase
obrigatória as proximidades da igreja católica e tirar umas fotos da mesma,
tamanha a beleza das paredes daquela edificação, toda revestida de fragmentos
cerâmicos. Seguindo em frente, a próxima parada seria a trilha que levaria a
cachoeira do Bizungo.
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Foto Jairo |
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Foto Jairo |
Para
quem conhece um pouco a região era de se prever que rapidamente seria encontrado
o caminho que levaria ao local. Nada disso, depois de quase uma hora,
solicitando informações de um e de outro morador, finalmente encontramos a
estrada. O fato é que não havia qualquer placa informativa para facilitar os visitantes
a se guiarem pelas redondezas. Seguindo uma estrada de chão batido, depois de
quase trinta minutos, chegamos ao que deveria ser uma ponte de madeira, onde
todos teriam obrigatoriedade de cruzar se quisessem chegar à cachoeira. As
condições da referida ponte ou pontilhão eram tão precárias que ficamos em
dúvida se era realmente aquele o caminho para se chegar ao nosso destino.
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Foto Jairo |
Para
tirar as dúvidas adentramos em uma propriedade e pedimos mais uma vez
informações se realmente estávamos no caminho certo. Acredito que outros devem
ter tido o mesmo comportamento. A
resposta da cidadã foi positiva, aquele era o caminho. O desafio agora era atravessar a pontilhão,
correndo o risco de furarmos os pneus do veículo tamanho os pregos que estavam
à amostra. Vencendo mais esse desafio,
não imaginávamos que outros tantos estavam a nossa frente. Estacionamos os
carros nas proximidades de riacho e caminhamos por cerca de uma hora por um caminho
onde as únicas placas que encontramos estavam próximas a junto a cachoeira, com
informações do tipo, não jogue lixo, preserve a natureza.
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Foto Jairo |
É
muito pouco para um local que hipnotiza qualquer um, tamanho espetáculo de uma
queda d’água com mais de cem metros de altura. Foi possível observar no caminho
a ação de vândalos, rabiscando árvores com nomes. Sem fiscalização ou o
acompanhamento de um guia, é possível que muitas espécies da flora, como
bromélias, orquídeas, são saqueadas por quem ali transitam. Além desse fabuloso ponto
turístico, pouco conhecido e de difícil acesso, os visitantes são instigados a
conhecer as famosas furnas da comunidade de três barras, que conservam
inscrições dos primeiros habitantes da região que lá viveram há cerca de três
ou quatro mil anos.
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Foto Jairo |
Chegando
a três barras, uma placa apontava o caminho que deveríamos seguir até o local
desejado. Depois de trinta minutos, atravessamos uma ponte recém construída,
onde havia uma placa informando sobre a existência da respectiva furna. Foi a
última placa encontrada pelo caminho. Paramos junto a um riacho, com águas
cristalinas, porém, não sabíamos como fazer para chegar as ditas furnas.
Atravessei o riacho a pé e caminhei por dez ou quinze minutos, sem qualquer
pista das mesmas. Tomei a decisão de retornar, me sentindo frustrado por, mais
uma vez, não ter visitado o importante local histórico. Talvez esse sentimento
tenha sido sentido por outras tantas pessoas que vieram ao local e retornaram
decepcionados.
É
preciso repensar a forma como vem sendo tratado o tema turismo na região. Todos
sabem que o projeto geossítio, que envolverá cinco municípios na região,
incluindo Morro Grande, tem por finalidade o desenvolvimento de estratégias
políticas para fortalecer esse seguimento na região. Mas enquanto as etapas do
projeto não são concluídas, cabe os municípios adotarem ações básicas e de
baixo custo para atrair novos visitantes e que não saiam decepcionados.
O
maior divulgador dos atrativos turísticos de um município é o próprio
visitante. Se não há dinheiro para investimentos em grandes estruturas, o
mínimo que uma administração pode fazer é facilitar os acessos, com o máximo de
informações, como placas, folders, quem sabe uma central de atendimento ao
visitante. Um bom exemplo de proposta de programa de informação turística está
em construção no município de Araranguá.
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Foto Samanta |
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Porém esse projeto não foi idealizado por algum integrante do poder público municipal. Partiu do projeto orla, que entre as demandas elencadas no PGI (Plano de Gestão Integrada) estão a instalação de nove painéis informativos em cinco pontos distintos das potencialidades geoecológicas inseridas em três Unidades de Conservação municipais. O turista ou qualquer cidadão que queira saber um pouquinho mais sobre a região é só seguir o roteiro e ler os painéis onde estão esmiuçados informações de cada cenário específico.
Prof. Jairo Cezar
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