sábado, 14 de setembro de 2019


COMPREENDER A HISTÓRIA PARA QUE ERROS COMETIDOS NO PASSADO NÃO SE REPITAM

Até o momento beira o estranhamento o fato de mais da metade da população brasileira ter decidido eleger um candidato à presidência da república com sinais visíveis  que seria um perigoso retrocesso social. Embora, porém infrutífero os insistentes alertas do risco que seria votar em Bolsonaro, toda a pressão não foi suficiente para que a população não fosse acometida por um tipo de patologia na qual ofuscou os olhos, cegando-as momentaneamente.
O fato é que a patologia produziu uma espécie de hipnose a tal ponto que muitas atribuíram e atribuem a imagem do presidente a um mito, uma divindade, que se coloca superior aos mortais, acima do bem e do mal. Não há outra explicação cabal fora do parâmetro disfuncional àqueles que insistem reverenciar uma figura caricata, patética, que se orgulha em expressar admiração a certos torturadores do regime militar, até mesmo de ex-ditadores sanguinários que tanto mal provocaram à humanidade.
Como explicar essas manifestações difusas do comportamento humano, que de tempo em tempo faz surgir líderes carismáticos, alguns lunáticos, que chegam atrair para junto de si uma grande legião de seguidores fanáticos. A história mostra que episódios similares a atual realidade brasileira, ocorreram em países como a Alemanha e a Itália na primeira metade do século XX, cujo resultado foi a morte de milhões de judeus em campos de concentrações. Estaria o Brasil se preparando para protagonizar um novo holocausto na mesma proporção vivida na Europa?
A violência contra homossexuais, o feminicídio, o genocídio contra povos indígenas e o crescimento abrupto da intolerância e o ódio são indícios de que o Brasil está trilhando um caminho perigoso e de futuro incerto. Na Alemanha, quando Hitler assumiu o status de comandante do país, um dos instrumentos eficazes por ele utilizado para divulgar sua política nazista foi a mídia, especialmente o cinema. Na realidade a Alemanha havia saído há poucos anos destroçada da primeira guerra mundial, sendo assim a população passou ver Hitler a figura de um redentor supremo.
Diferente de Bolsonaro, Hitler concentrou todos os esforços para o fortalecimento do Estado, transformado-o em instrumento capaz de impulsionar a infraestrutura produtiva do país. Milhares de postos de trabalhos foram criados e o país passou a viver o pleno emprego. Entretanto, não demorou em que a nação entrasse em crise econômica, cuja culpa foi atribuída aos judeus, considerados proprietários de expressiva parcela da estrutura produtiva do país e influenciadores na alta e baixa cotação da moeda nacional, o marco.
A perseguição contra judeus, ciganos, negros, o desejo cego e doentio de criar uma “raça pura”, mostrou como uma mente insana age quando um sujeito se torna escravo do seu próprio ego. Já que o desejo de Hitler era propagar sua doutrina e conquistar os corações e mentes do povo alemão, nada melhor que censurar ou usar as mídias para disseminar sua doutrina. Para concretizar seu intento, contratou uma das melhores cineastas alemãs na qual produziu uma das melhores obras já realizadas com o intento de transformar o Fhurer, bem como o partido nazista em sinônimos de grandeza, orgulho e sucesso frente ao povo.
O documentário intitulado O Triunfo da Vontade, com quase duas horas de duração, traz trechos dos discursos de vários membros do partido, imagens de soldados, perfilados, em formação, marchando ou descontraídos. São inúmeras as cenas destacando o povo, quase em transe, se acotovelando em todas as ocasiões que Hitler aparecia em público.  
Porém antes de sua ascensão ao cargo de chanceler da Alemanha em 1933, ninguém levava a sério os seus discursos, era considerando uma personalidade patética, cujas idéias defendidas eram tão surreais e malucas, que rapidamente caía no vazio. Entretanto, com o tempo, Hitler passou a atrair cada vez mais adeptos atraídos pelas suas propostas. Por estar a Alemanha naquele momento sob uma forte crise econômica, a população culpava as políticas e os políticos tradicionais pela situação caótica do país.
Nesse sentido Hitler compartilhava o mesmo sentimento, defendendo outro modelo de administração, bem como outro tipo de sociedade fundamentada nos princípios de pureza racial. Admitia que a sociedade estava sob uma forte crise moral, que contaminava os valores tradicionais da família tradicional alemã. Enquanto no Brasil, o PT e o comunismo foram figuras demonizadas para justificar as políticas de caráter neofascista durante a campanha eleitoral de Bolsonaro, na Alemanha, Hitler jogou a culpa nos Judeus e também no comunismo à crise institucional.
São muitas as coincidências entre o governo de Bolsonaro e em alguns aspectos das políticas de Hitler que resultou no holocausto.  Há quem acredita que o chefe do poder executivo brasileiro tem se inspirado ou lido a sua obra para servir de modelo nas suas ações. O modo simplista de se expressar, o agir politicamente incorreto e a defesa cega aos bons costumes judaicos cristãos são alguns exemplos de posturas que se assemelham ao enfadonho regime nazista alemão.
Que toda essa abordagem reflexiva acerca do atual governo brasileiro e o nazismo alemão não seja concebida como verdade, que as propostas e o discurso do líder maior do executivo brasileiro não tenham qualquer relação ou inspiração ao sórdido regime nazista. Porém se tal reflexão tiver caráter de veracidade, esperamos que não, a sugestão é dar um passo atrás às maluquices de quem acredita que somente a ditadura poderá solucionar a crise econômica e institucional a qual passa o Brasil.             
  Todos nós sabemos que no instante que um regime ditatorial assume o controle político de um país, é muito difícil dissolvê-lo. O caso da Alemanha/Itália (nazismo/fascismo), o Brasil durante o regime militar, entre outros tantos que ainda sobrevive em varias partes no mundo, são exemplos para refletirmos sobre o perigo que ronda sobre nossa república.
Prof. Jairo Cezar

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