sexta-feira, 16 de agosto de 2019


EEB-ARARANGUÁ REVELA QUE É POSSÍVEL MUDAR CONCEITOS E HÁBITOS DE NÃO DESPERDÍCIOS DE ÁGUA E ENERGIA COM AÇÕES SIMPLES NA PRÓPRIA ESCOLA


O dia 09 de agosto de 2019 ficará marcado por dois acontecimentos importantes na minha vida pessoal e profissional. O primeiro foi a informação de que seria o meu último dia oficial na EEBA, pois a partir dessa data ficaria a espera da aposentadoria, depois de 37 anos de docência na rede pública estadual de ensino. O segundo acontecimento marcante foi a apresentação da pesquisa sobre Análise de Eficiência Energética em Sistema de Iluminação na EEBA à comunidade escolar, desenvolvida pela acadêmica e hoje engenharia de energia, Cláudia Dewer, da UFSC/ARARANGUÁ.
Na realidade o ciclo profissional teve início em 1984, com a idade de 18 anos, numa escola multisseriada  da rede municipal de ensino de Araranguá. Já o projeto sustentabilidade, iniciado em 2016 na EEBA, seu nascimento ocorreu frente às demandas no campo dos desperdícios de energia elétrica na unidade de ensino. Os objetivos da proposta entre outros foi sensibilizar a comunidade escolar nos cuidados relativos ao uso eficiente dos equipamentos elétricos. No ano posterior, 2017, foi inserido no projeto original sobre energia o tema água, que posteriormente foi absorvendo outras demandas correlatas como lixo tecnológico, esgotamento sanitário, compostagem, etc.

   

A participação da professora Maria de Fátima Macarinni e de um grupo de 15 estudantes foram decisivas na concretização das inúmeras demandas programadas. Entre as dezenas de ações executadas nos três anos de projeto, em agosto de 2018, num dos eventos ocorridos na escola com a participação de acadêmicos/as do curso de engenharia de energia, acompanhados pelo professor, Prof. Dr. Luciano Lopes Pfitcher, tivemos a grata surpresa de saber que uma das estudantes presentes iria desenvolver seu TCC abordando o sistema energético da escola.
Nos meses subsequentes foram inúmeras as visitas da acadêmica à escola, sempre chancelada pelo grupo de estudantes que integram o projeto. O foco da pesquisa foi avaliar as condições reais de iluminação em todos os ambientes não interditados da escola. A pesquisadora se utilizou da planta baixa do projeto novo de reforma para nortear suas investigações. Concluída a etapa de levantamento da estrutura elétrica, a pesquisadora inseriu os dados coletados num programa de software, onde simulou a quantidade de lâmpadas e a potência necessárias em cada ambiente da nova escola.


Quando o projeto iniciou em 2016 a intenção era a instalação de módulos fotovoltaicos para produzir a própria energia a ser consumida pela unidade de ensino. Em decorrência das dificuldades financeiras do Estado e de toda uma complexa burocracia a ser superada num sistema público de ensino, tivemos que nos conformar apenas em promover ações que pudessem, no mínimo, limitar os desperdícios de energia elétrica e água. Além de palestras, foram executadas campanhas de reparo dos equipamentos elétricos e hidráulicos, bem como a conscientização sobre o uso racional dos mesmos.
A pesquisa da acadêmica Claudia foi apresentada à banca examinadora do curso de engenharia de energia da UFSC/ARARANGUÁ em julho de 2019, avaliada pelos argüidores como relevante à melhoria da qualidade do ensino, pois ataca um problema ainda invisível aos olhos dos administradores públicos, que é a baixa eficiência nos sistemas de iluminação das escolas. Era necessário, portanto, tornar o trabalho da acadêmica conhecido à sociedade e ao governo do estado.  


A coordenação do projeto elaborou convites e os enviou ao secretário regional de infraestrutura e a gerente regional de educação, para que ambos estivessem presentes no teatro Célia Belizário, na sexta feira, dia 09 de agosto de 2019, para acompanhar a explanação da pesquisadora. O evento iniciou às 10h40min, com a fala do professor Jairo, que apresentou a pesquisadora e os dois convidados representando o governo do estado. A pesquisadora discorreu todos os passos da sua pesquisa na escola e os resultados, que para ela foi surpresa, constatou que as condições de luminosidade em todos os cômodos avaliados, exceto um ou dois, estão muito abaixo dos recomendados pelas normas federais.


Um dos problemas mais comuns verificados foi a elevada quantidade de lâmpadas queimadas, que impossibilitam o eficiente desempenho das atividades laborais devido a pouca luz. Outro ponto negativo avaliado foi a mistura de lâmpadas com potências e marcas distintas, que mesmo em grande número, não fornece luz em quantidade necessária. Citou o exemplo da sala dos professores que possui 16 lâmpadas instaladas. Com as medições que fez nesse ambiente, quatro lâmpadas somente seriam suficientes para uma eficiente iluminação da sala. Outra conclusão que a pesquisadora alcançou foi o baixo fluxo luminoso nos dois pavimentos da escola.


No piso térreo, seria necessário o acréscimo de 65% de fluxo luminoso, já no piso superior, esse percentual seria um pouco menor, 52%. Esclareceu que a substituição das lâmpadas por potências maiores de luminosidade não reduziria o gasto com energia elétrica. A tendência é manter ou elevar um pouco os gastos com energia, porém, a quantidade e qualidade de luz projetada em cada ambiente seriam agora compatíveis às demandas necessárias.
A pesquisadora sugeriu que a escola formalizasse parceria com o curso de medicina da UFSC/Araranguá para a avaliação dos efeitos da fraca luminosidade na saúde dos olhos dos estudantes. É importante que o corpo gestor da escola e o próprio governo do estado se atenham a esse problema, que tal deficiência pode estar se repetindo em outras dezenas de unidades de ensino distribuídas pelo estado a exemplo da EEBA, ressaltou a pesquisadora.


Finalizada a arguição, nos comentários e questionamentos, o engenheiro da regional argumentou o motivo pelo qual a obra de reforma da EEBA ainda não foi licitada, como estava se prevendo para o dia 10 de agosto de 2019. Disse que a controladoria do estado identificou pequenos equívocos no projeto, porém, nada significante no que tange a parte elétrica, apenas sugestão de substituição do transformador de 112 KWA por 225 KWA que será instalado na escola. Solicitou que a responsável pelo projeto lhe forneça cópia da pesquisa realizada para poder auxiliar na execução da obra.
A gestora da escola informou que quando é identificado problemas como lâmpadas queimadas, ambas são substituídas sem levar em consideração aspectos normativos. Outro agravante da atual problemática da iluminação na EEBA tem relação com a expectativa da reforma da unidade de ensino. Com a especulação de que a qualquer momento a reforma ocorrerá e os estudantes transferidos para outro espaço, os reparos no sistema elétrico recebem pouca atenção.


O engenheiro de infraestrutura informou que a responsabilidade pela fiscalização das condições de iluminação das unidades de ensino nos municípios é da vigilância sanitária. Isso inclui as escolas de todas as redes de ensino. Ressaltou também que as escolas podem baixar nos seus Smart fones, aplicativo de um dispositivo para medir as condições de luminosidade dos ambientes. Detectando problemas de fraca luminosidade, as reclamações podem ser enviadas à coordenadoria regional de educação, onde serão providenciados os reparos.  

Já concluída as discussões formais, o engenheiro de infraestrutura comentou informalmente o motivo de não haver possibilidade de inserção dos módulos foto voltaicos no projeto de reforma da EEBA, como havia sido cogitado em reunião ocorrida na ADR/Araranguá, em 2017. Esclareceu que, no memento, o custo benefício dos módulos é insustentável, pois seriam necessários cerca de 150 mil reais para a aquisição dos equipamentos. Seriam necessários três a quatro anos para a escola obter os benefícios financeiros. Outro fator impeditivo a execução do projeto é o elevado custo das baterias dos módulos, cujo tempo de vida útil é de três a quatro anos.
Prof. Jairo Cezar




















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