terça-feira, 26 de dezembro de 2017

BRASIL RECEBE O “PRÊMIO FÓSSIL” DO DIA NA COP-23 (CONFERÊNCIA SOBRE O CLIMA) EM BONN - ALEMANHA



Chama atenção a inexpressiva repercussão por parte da impressa Brasileira acerca das deliberações acordadas na COP-23 (encontro das partes sobre o clima) que teve como cidade, Bonn, Alemanha. Estaria o quase esquecimento, a decisão tomada pela organização do evento de premiar o Brasil com um “dinossauro de brinquedo”.   O objetivo do encontro na Alemanha, entre outros, foi referendar dispositivos para a redução da emissão de gases de efeito estufa discutido em dezembro de 2015 em Paris como: combate ao desmatamento; aliança global contra o carvão; ações em defesa dos oceanos; aliança global pelo transporte, etc. Além da ausência dos Estados Unidos que há pouco mais de um mês tomou a polêmica decisão de não mais participar da COP, o Brasil, na reunião, para surpresa de muitos foi agraciado com o “prêmio” fóssil do dia.
Essa “premiação” é oferecida aos países que tem contribuído com ações negativas ao clima e que estão elevando os níveis do aquecimento global. No caso do Brasil, muitos devem estar pensando que o escandaloso título recebido se deveu ao aumento dos desmatamentos em todos os biomas. Poderia até ter sido, mas não foi exatamente. A escolha se deu pelo fato da câmara dos deputados ter aprovado a MP-795 que assegura incentivos bilionários às empresas estrangeiras que queiram explorar o pré-sal. O pré-sal é uma das maiores reservas de petróleo encontrado em solo brasileiro, que se for extraído totalmente elevará os níveis de emissão de CO2 na atmosfera a quase 10%. Percentual que transformaria em fumaça milhões e milhões de dólares gastos até momento em encontros e conferências para discutir caminhos para salvar o planeta.    
A MP foi apelidada de MP do trilhão. Essa decisão do parlamento brasileiro caminha na contramão de tudo o que está sendo discutindo e acordado nos últimos anos acerca do combate ao aquecimento global. O Brasil se comprometeu, junto com outros, combaterem o desmatamento ilegal e elevar os investimentos em programas de energias sustentáveis como a eólica e a fotovoltaica. A exploração do pré-sal colocaria por terra décadas de discussões sobre o clima, elevando ainda mais as ameaças de elevação da temperatura da terra em 2 graus Celsius, muito antes dos prazos previstos. 
Há fortes indícios de que a MP tenha sido arquitetada através de Lobbies envolvendo empresas britânicas e o governo brasileiro.  As denúncias partiram do deputado federal do PSol do Pará, Edmilson Rodrigues, que protocolou requerimento solicitando a presença do ministro das minas e energias no plenário da câmara para dar explicações a possíveis manobras. Segundo o deputado, acredita-se que um parlamentar britânico tenha atuado junto ao governo brasileiro para facilitar o afrouxamento dos trâmites legais favorecendo empresas britânicas como a Shell, BP e Premier Oil. Revelou também o deputado brasileiro que logo depois do encontro entre os dois representantes, a MP-795 foi elaborada.
Se tal medida provisória tem relação ou não com o que disse o deputado, o fato é que nos últimos anos nunca se degradou tanto no Brasil, principalmente os biomas Amazônia e mata atlântica. Um exemplo foram os milhares de incêndios registrados em todo o Brasil. É consenso quase geral que há uma abissal contradição daquilo que a delegações brasileiras discursam nas COPs e a realidade concreta. Basta ler o texto publicado em 2016, relativo a conferência de Paris, (A 21 CONFERÊNCIA DAS PARTES SOBRE O CLIMA EM PARIS E A PREOCUPANTE REALIDADE AMBIENTAL BRASEIRA)  e observar o que falaram e prometeram os delegados brasileiros chancelados pela ex-ministra do meio ambiente Isabela Teixeira.[1]
A própria revista exame em sua publicação digital afirma que semente em 2018, o Brasil deixará de arrecadar quase 15 bilhões de dólares com renúncia fiscal das empresas que atuarão no pré-sal. São cerca de 1 trilhão de dólares os recursos que o Brasil deixará de receber nos próximos 25 anos. Também a MP permitirá que empresas estrangeiras forneçam equipamentos de ponta para a extração do mineral. Além da isenção fiscal, a proposta compromete o setor industrial brasileiro que deixará de produzir e empregar milhares de trabalhadores. Acredito que muitos devem ter lembrança da polêmica discussão ocorridos há cerca de cinco anos em relação aos 10% dos royalties do Pré-sal para a educação. O que isso resultou?
O que sabido é que estamos diante de um abismo político e ambiental. Enquanto o governo e a imprensa se articulam criminosamente para convencer a população de que as reformas em cursam são necessárias para a recuperação da economia, nos bastidores do poder poderosas corporações e governos traçam acordos bilionários contra a soberania nacional e o clima. Outra contradição nesse cenário ambiental conturbado foi o acordo firmado na COP-23 entre o Reino Unido, Canadá e outras dezenas de países de uma aliança global contra o carvão. Ao mesmo tempo em que acordos desse tipo são aprovados em plenário, paralelamente, nos bastidores dos dois lados do oceano, governos e representantes de companhias petrolíferas promovem “negócios da china” que poderão comprometer o futuro de milhões ou bilhões de seres humanos.
Prof.  Jairo Cezar                             





[1] http://morrodosconventos-jairo.blogspot.com.br/2016/01/cop-21-encontro-das-partes-sobre-oclima.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário