sexta-feira, 3 de março de 2017

ESCOLA DO LEGISLATIVO E GRÊMIOS ESTUDANTIS: AMBOS SÃO POSSÍVEIS DE CONCILIAR?


Diante de um cenário econômico, social e político extremamente conturbado envolvendo personalidades dos dois seguimentos dos poderes legislativo e executivo, em denúncias por envolvimento em atos de corrupção, discutir o tema política, partidos e a participação do jovem na vida política, como pretende a escola do legislativo de santa Catarina, é um tanto quanto temeroso, frente ao forte desinteresse do jovem acerca do assunto. Ainda mais quando o assunto é tratado em um ambiente totalmente inapropriado, como foi o anfiteatro Célia Belizário, nessa sexta feira tórrida, 03/03/2017, cujos aparelhos de ar condicionados estavam todos com problemas, e não é a primeira vez que isso ocorre. O resultado, portanto, já era de se esperar, dezenas de cartilhas, com o título “O que é política? Prá inicio de conversa..., distribuídas durante o evento pelas palestrantes foram descartadas nas várias lixeiras espalhadas pelo pátio da escola.


É inquestionável a boa intenção do legislativo catarinense de pretender inserir o jovem estudante catarinense do ensino médio em um ambiente dominado por adultos, homens em especial, e partidos políticos tradicionais, muitos dos quais, conservadores, que atendem aos interesses exclusivos de empresários e grupos econômicos que financiam os seus pleitos. A participação do jovem, até mesmo com a apresentação de projetos de lei para votação em plenário na assembléia, lhe dará, sem sombra de dúvida, experiência, maturidade e conhecimento acerca do funcionamento dos bastidores de uma casa ainda repleta de vícios e jogos de interesses.


Mas o processo de estimular o jovem no mundo da política, não apenas no sentido partidário, mas também no sentido da participação das discussões dos problemas do dia a dia das comunidades e da própria escola, também é compromisso da escola, incentivando na formação dos grêmios estudantis autônomos. O que se vê nas escolas é a apatia, o desinteresse dos estudantes em querer participar dos movimentos estudantis, isso quando existem. O agravante é que as próprias entidades que os representam em âmbito federal e estadual não prestam um atendimento ou apoio condigno à estruturação das agremiações e a formação política de suas lideranças.


É sabido por todos que não é função da assembléia legislativa, muito menos da escola do legislativo e secretaria do estado da educação, subsidiar as escolas públicas estaduais com recursos humanos e materiais na organização dos grêmios estudantis.  Grêmio estudantil forte e livre na escola somente se materializa quando a iniciativa para sua criação parte dos/as próprios/as estudantes. Todas as escolas que possuem seus grêmios organizados há algum tempo, é de se acreditar que durante as falas da palestrante sobre política e participação política do jovem, a reação dos estudantes não foi a mesma daquelas cujos grêmios estão desorganizados. Muito questionamento poderia ter sido feito, bem como a desconstrução de verdades ditas que não condizem com a realidade, como projetos que são votados que atendem interesses exclusivos da sociedade. A votação do plano de carreira do magistério, em 2015, é só um exemplo para ilustrar.

Prof. Jairo Cezar












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