quinta-feira, 16 de julho de 2015



EEBE ou (Colégio Estadual de Araranguá) – Um educandário com mais de cinqüenta anos de história a “Espera de um Milagre”


Como cidadão e professor da rede estadual de ensino de Santa Catarina e membro da coordenação executiva do SINTE, Regional de Araranguá, venho expor aos cidadãos e cidadãs de Araranguá a situação calamitosa da EEBA, conhecido popularmente como Colégio Estadual de Araranguá, que embora tenha sido submetido a uma pequena reforma, os problemas permaneceram. A expectativa de toda comunidade vinculada ao educandário era de que a tão esperada construção do novo prédio iniciasse no começo de 2015, como prometido. Expectativa frustrada quando foi noticiado que os mais “sete milhões” orçados para obra não estavam mais disponíveis. Também jamais se soube se os recursos realmente existiram.
Professores/as e estudantes reagiram indignados com a notícia bombástica, que resultou em uma passeata de protesto gigante pelas principais ruas da cidade. Outras ações foram organizadas na sequência como tentativa de fazer cumprir as promessas de um novo prédio. Dentre tantas, o envio de ofícios a SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional) e a SED (Secretaria Estadual de Educação) solicitando esclarecimentos dos reais motivos do cancelamento da obra e qual os destinos dos recursos prometidos. Nenhuma resposta concreta foi obtida, apenas informações de que os trâmites para o início da obra estavam sendo cumpridos. Diante do explícito descaso e desrespeito e com o agravamento dos problemas que colocavam em risco à segurança dos mais de mil estudantes matriculados e de outras dezenas de trabalhadores/as em educação, em inspeção realizada pelo corpo de bombeiro há pouco menos de dois meses, foi decretada a interdição imediata do Anfiteatro Célia Belizzária e o ginásio de esportes, ambos anexos à EEBA.
Quanto ao prédio do educandário, os bombeiros informaram que para não sofrer interdição imediata como dos demais espaços, propuseram que fosse realizado alguns reparos emergenciais. O objetivo era estancar as frequentes goteiras, bem como a fixação de placas luminosas indicativas de tal modo que a unidade de ensino atendesse as novas recomendações de segurança. Essas ações paliativas emergenciais executadas no colégio soaram aos olhos e ouvidos de todos/as como um sinal de “adeus escola nova”, adeus sete milhões. Tensionados/as pela decisão de que o prédio do educandário seria também passivo de interdição, na hipótese do não cumprimento da determinação do bombeiro, já quase inspirando a data estabelecida, todos/as foram surpreendidos/as com a chegada de equipamentos e trabalhadores.
Através da concentração de esforços em regime de urgência, se estendendo até altas horas e nos finais de semana, finalmente foram concluídos os trabalhos de instalação de lanternas de emergência, plaquinhas luminosos indicativas, vedação da laje contra goteiras e a colocação de placas nos forros das salas de aulas. Transitando pelos corredores do colégio, os equipamentos ultramodernos fixados se confrontavam com paredes apresentando fissuras, mofadas e descascadas pela umidade. Enfim, tirando todos os percalços e tensões dos últimos dias de uma possível interdição e dos reflexos negativos que resultaria ao processo pedagógico, “todos/as” acreditavam que os reparos proporcionariam o mínimo de condições para o satisfatório desempenho dos trabalhos, eliminando os riscos de possíveis choques elétricos ou do teto cair na cabeça dos/as estudantes e professores/as
Acredite, na primeira chuva depois da reforma, que não precisou ser tão forte, veio à resposta que ninguém esperava.  Antigas e novas goteiras surgiram por todos os cantos da escola, carteiras e cadeiras sendo removidas para se proteger, lâmpadas queimando, tomadas provocando choques elétricos, um verdadeiro transtorno amenizado graças ao eficiente trabalho das mulheres servidoras gerais, que com baldes, panos e vassouras removiam sem trégua a água dos cômodos mantendo-os provisoriamente secos. Mas como, e os reparos feitos, as placas fixadas no forro, as vedações da laje, tudo isso não resolveu? Pura tapeação! Essa é a resposta. Com esse cenário desolador, outra vez rondou pelos corredores do colégio o pesadelo da interdição definitiva do educandário. Essa possibilidade tornou-se vais evidenciada, depois das últimas fortes chuvas que escancarou o grau de fragilidade e perigo que estão submetidos todos que transitam diariamente pelas dependências do colégio.
É inadmissível que dinheiro de impostos pagos por todos/as cidadãos/ãs catarinenses estejam sendo aplicados de modo tão displicente e irresponsável, como exemplo os “reparos” do Colégio Estadual.  Conforme imagens em anexo é de se admitir que os equipamentos adquiridos, bem como a mão de obra contratada para as pequenas restaurações do prédio, oneraram os cofres públicos do Estado em muitos reais. Até quando devemos conviver com tamanho descaso das autoridades com aquilo que é de direito de todos e dever do Estado, ou seja, a educação pública. A sociedade tem que reagir, não podemos ficar a espera de um milagre dos céus. Pais, mães, grêmios estudantis, conselhos deliberativos, APPs, ministério público, autoridades municipais, entres outras tantas entidades, devem romper o comodismo histórico e construir um elo forte e permanente em defesa da escola e de outras instituições públicas essenciais. Se tais ações não se concretizarem de modo imediato, as expectativas futuras, não de escolas com qualidade, mas de escolas públicas para os filhos dos trabalhadores catarinenses, serão bastante pessimistas.
Prof. Jairo Cezar                                      
































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