EEBE
ou (Colégio Estadual de Araranguá) – Um educandário com mais de cinqüenta anos de história a “Espera de um Milagre”
Como
cidadão e professor da rede estadual de ensino de Santa Catarina e membro da
coordenação executiva do SINTE, Regional de Araranguá, venho expor aos cidadãos
e cidadãs de Araranguá a situação calamitosa da EEBA, conhecido popularmente
como Colégio Estadual de Araranguá, que embora tenha sido submetido a uma
pequena reforma, os problemas permaneceram. A expectativa de toda comunidade vinculada
ao educandário era de que a tão esperada construção do novo prédio iniciasse no
começo de 2015, como prometido. Expectativa frustrada quando foi noticiado que
os mais “sete milhões” orçados para obra não estavam mais disponíveis. Também jamais
se soube se os recursos realmente existiram.
Professores/as
e estudantes reagiram indignados com a notícia bombástica, que resultou em uma passeata
de protesto gigante pelas principais ruas da cidade. Outras ações foram
organizadas na sequência como tentativa de fazer cumprir as promessas de um
novo prédio. Dentre tantas, o envio de ofícios a SDR (Secretaria de
Desenvolvimento Regional) e a SED (Secretaria Estadual de Educação) solicitando
esclarecimentos dos reais motivos do cancelamento da obra e qual os destinos
dos recursos prometidos. Nenhuma resposta concreta foi obtida, apenas
informações de que os trâmites para o início da obra estavam sendo cumpridos.
Diante do explícito descaso e desrespeito e com o agravamento dos problemas que
colocavam em risco à segurança dos mais de mil estudantes matriculados e de outras
dezenas de trabalhadores/as em educação, em inspeção realizada pelo corpo de
bombeiro há pouco menos de dois meses, foi decretada a interdição imediata do Anfiteatro
Célia Belizzária e o ginásio de esportes, ambos anexos à EEBA.
Quanto
ao prédio do educandário, os bombeiros informaram que para não sofrer interdição
imediata como dos demais espaços, propuseram que fosse realizado alguns reparos
emergenciais. O objetivo era estancar as frequentes goteiras, bem como a
fixação de placas luminosas indicativas de tal modo que a unidade de ensino
atendesse as novas recomendações de segurança. Essas ações paliativas
emergenciais executadas no colégio soaram aos olhos e ouvidos de todos/as como
um sinal de “adeus escola nova”, adeus sete milhões. Tensionados/as pela
decisão de que o prédio do educandário seria também passivo de interdição, na
hipótese do não cumprimento da determinação do bombeiro, já quase inspirando a
data estabelecida, todos/as foram surpreendidos/as com a chegada de
equipamentos e trabalhadores.
Através
da concentração de esforços em regime de urgência, se estendendo até altas
horas e nos finais de semana, finalmente foram concluídos os trabalhos de
instalação de lanternas de emergência, plaquinhas luminosos indicativas,
vedação da laje contra goteiras e a colocação de placas nos forros das salas de
aulas. Transitando pelos corredores do colégio, os equipamentos ultramodernos
fixados se confrontavam com paredes apresentando fissuras, mofadas e
descascadas pela umidade. Enfim, tirando todos os percalços e tensões dos
últimos dias de uma possível interdição e dos reflexos negativos que resultaria
ao processo pedagógico, “todos/as” acreditavam que os reparos proporcionariam o
mínimo de condições para o satisfatório desempenho dos trabalhos, eliminando os
riscos de possíveis choques elétricos ou do teto cair na cabeça dos/as
estudantes e professores/as
Acredite,
na primeira chuva depois da reforma, que não precisou ser tão forte, veio à
resposta que ninguém esperava. Antigas e
novas goteiras surgiram por todos os cantos da escola, carteiras e cadeiras
sendo removidas para se proteger, lâmpadas queimando, tomadas provocando choques
elétricos, um verdadeiro transtorno amenizado graças ao eficiente trabalho das
mulheres servidoras gerais, que com baldes, panos e vassouras removiam sem
trégua a água dos cômodos mantendo-os provisoriamente secos. Mas como, e os
reparos feitos, as placas fixadas no forro, as vedações da laje, tudo isso não
resolveu? Pura tapeação! Essa é a resposta. Com esse cenário desolador, outra vez
rondou pelos corredores do colégio o pesadelo da interdição definitiva do
educandário. Essa possibilidade tornou-se vais evidenciada, depois das últimas
fortes chuvas que escancarou o grau de fragilidade e perigo que estão submetidos
todos que transitam diariamente pelas dependências do colégio.
É
inadmissível que dinheiro de impostos pagos por todos/as cidadãos/ãs
catarinenses estejam sendo aplicados de modo tão displicente e irresponsável,
como exemplo os “reparos” do Colégio Estadual. Conforme imagens em anexo é de se admitir que
os equipamentos adquiridos, bem como a mão de obra contratada para as pequenas
restaurações do prédio, oneraram os cofres públicos do Estado em muitos reais.
Até quando devemos conviver com tamanho descaso das autoridades com aquilo que
é de direito de todos e dever do Estado, ou seja, a educação pública. A
sociedade tem que reagir, não podemos ficar a espera de um milagre dos céus. Pais,
mães, grêmios estudantis, conselhos deliberativos, APPs, ministério público,
autoridades municipais, entres outras tantas entidades, devem romper o
comodismo histórico e construir um elo forte e permanente em defesa da escola e
de outras instituições públicas essenciais. Se tais ações não se concretizarem
de modo imediato, as expectativas futuras, não de escolas com qualidade, mas de
escolas públicas para os filhos dos trabalhadores catarinenses, serão bastante
pessimistas.
Prof.
Jairo Cezar
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