sábado, 22 de junho de 2013

Manifesto em defesa de um SINTE verdadeiramente dos trabalhadores da educação

Embora os primeiros passos visando a regularização da profissão docente tenham ocorrido há aproximadamente 200 anos, foi no final da década de 1960 que o Magistério Público Catarinense adquiriu maior respeitabilidade junto à sociedade quando alguns educadores decidiram criar a ALISC (Associação dos Licenciados de Santa Catarina). Com a redemocratização política, somando-se as investidas do capital sobre o trabalho docente, os educadores catarinenses fundaram em 1988 o SINTE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) tornando-se a maior organização de trabalhadores do Estado em número de filiados. Além de ações direcionadas à conquista e preservação de direitos, o Sinte, durante sua trajetória, sempre esteve envolvido em inúmeros enfrentamentos que resultaram paralisações prolongadas, algumas com desfechos tensos e violentos, porém, a maioria delas proporcionando vitórias significativas à categoria.
A condição de entidade autônoma, combativa, que jamais se curvou as investidas autoritárias e truculentas dos governos constituídos, começou a mudar de rumo a partir de  2000 quando a população brasileira elegeu um metalúrgico para Presidente da República. É importante ressaltar que esse novo ciclo da política brasileira foi construído no interior dos movimentos sociais, nos sindicados vinculados a CUT e nas esferas de comando do partido dos trabalhadores, ambos comungando os mesmos princípios, a ruptura do sistema de produção capitalista e a construção de uma estrutura social mais democrática, solidária e justa.  Poucos meses depois de assumir o poder o Partido dos Trabalhadores daria sinais de que a esperada ruptura dificilmente seria concretizada.       
Tanto não ocorreu como foram mantidas as políticas neoprivatizantes dos seus antecessores, ofuscadas por programas assistencialistas de cunho eleitoreiro e amplamente propagandeada pelas mídias conservadoras. Couberam as estruturas de poder midiático projetar a imagem de um presidente e de um país em franco crescimento, a sexta economia do mundo, de um povo ordeiro, apaixonado por futebol, carnaval, de uma terra abençoada por deus, livre de terremotos, tsunamis, furacões, etc. Foram necessários quase doze anos para que a população despertasse de um profundo sono, abrissem os olhos para perceber a imensa podridão alojada no interior das estruturas dos poderes em escalas federais, estaduais e municipais. A roubalheira, a corrupção, a gastança do dinheiro público com obras superfaturadas, a violência contra indígenas, a falta de saneamento básico, a destruição das florestas, o caos na saúde, educação, transportes, entre outras tantas, adquiriram graus de tamanha indignação que levaram  às ruas a população.
Não há como separar as políticas públicas equivocadas da atual administração estadual com os programas desenvolvimentistas em curso em nível federal. Isso porque expressiva parcela dos partidos que compõem o bloco de alianças que respaldam politicamente o governo federal exercem a mesma postura em âmbito estadual. A eleição do deputado “Progressista”, Juarez Ponticelli, para presidir a Assembléia Legislativa, foi um acontecimento que não pode ser esquecido pelos educadores catarinenses. Também não esquecer os deputados petistas e da deputada do PCdoB que participaram do rito de homologação da aliança no legislativo. Foi esse mesmo deputado que no começo de 2013 apresentou projeto de lei na assembléia visando à revitalização do magistério público que prevê entre outras coisas o desmonte da carreira do magistério, a meritocracia, o fim da lei do piso.
O que mais vem indignando os trabalhadores da educação de Santa Catarina é quanto ao comportamento adotado pelos integrantes da tendência majoritária da executiva do Sinte estadual em relação aos inúmeros episódios ocorridos nos últimos anos. As manobras articuladas na assembléia estadual de Lages envolvendo o plano de carreira; o desfecho da greve de 2011, contrariando a vontade da base que desejava a manutenção da paralisação, são algumas de tantos equívocos cometidos e que muitos trabalhadores da educação desconhecem.
 A continuidade desse grupo no poder é certamente a preservação de um modelo de organização sindical falido que presa pela burocracia, pelos privilégios e mordomias de uma pequena casta parasitária, enraizada há décadas não só no interior do Sinte como também na própria CUT, que a cada ano abocanha dos sindicalizados uma soma equivalente a seiscentos mil reais. A desfiliação dessa central é uma bandeira que vem sendo defendida há anos por ampla maioria dos sindicalizados e pelo grupo minoritário que se opõe a tendência majoritária do Sinte em âmbito regional e estadual. São aproximadamente cinqüenta mil reais meses que poderiam ser disponibilizados para o fortalecimento do sindicato, intensificando ações de como a formação pedagógica e política dos associados e demais trabalhadores da educação.
   
Por que votar na chapa 1 – “Ação e Luta”?

Votar na chapa 1 “Ação e Luta” Regional Araranguá e Estadual significa a retomada do sindicato pela categoria reconduzindo-o no patamar que foi quando da sua fundação, uma entidade autônoma, combativa que sempre atuou de forma ética e responsável na defesa dos interesses da categoria e de um outro projeto de sociedade.  Não podemos permitir que o nosso sindicato continue sendo controlado por um coordenador que desde o momento que assumiu o comando vem adotando uma postura autoritária desrespeitando não só o estatuto da entidade como os demais membros que compõem a coordenação e a própria categoria.
Inúmeras foram os equívocos cometidos durante esses três anos que teve a frente como a decisão pela troca da sede que consumiu toda reserva de recursos em caixa; a greve de 2011, cuja decisão tomada pela categoria em assembléia regional não foi acatada pelo mesmo; a participação atabalhoada na escolha de vagas dos concursados, sentando-se ao lado dos membros da Gered, respaldando o próprio governo que não respeitou o edital. Na própria gered o coordenador chegou ao cúmulo de responder a uma concursada para que a mesma fosse estudar se quisesse melhorar a classificação. Não é esse o tipo de tratamento que um coordenador deve oferecer a um profissional, o papel do sindicato e da sua coordenação é garantir segurança e  esclarecer possíveis dúvidas que proporcione ao  filiado tranqüilidade na tomada de decisões.     
Em âmbito regional quando foi pensado na nominata de professores (as) para compor a chapa 1 “Ação e Luta” o critério que mais pesou foi o histórico de lutas, o caráter e o comportamento dos (as) mesmos (as) nos movimentos da categoria nos últimos anos. Trazer os pioneiros do Sinte regional para a luta, nomes como Maria Edenir Espíndola Fernandes (Madeca), Elisa Fátima Stradiotto, Red Silveira, Eliete Martins, Celso de Souza, Jairo Cezar, Nilva Garcia Gabriel, José Paulo Victor, Christiane Sant’Elena Guze,  entre outros (as) que sempre demonstraram muita coerência nos discursos e suas práticas,  somando-se com  as novas lideranças que surgiram nos últimos anos e que compõem a mesma chapa, teremos certeza de que o Sinte Araranguá reconquistará o respeito dos (as) seus (as) filiados (as) e que não compactuará com qualquer governo que  trata a educação pública e dos educadores com categoria descartável.
 Prof. Jairo Cezar


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