29ª
CÚPULA DO CLIMA EM BAKU, AZERBAIJÃO, A CERTEZA DAS INCERTEZAS QUANTO AO FUTURO
DO PLANETA TERRA
Teve
inicio nessa segunda feira, 11 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão,
mais um encontro das partes para discutir e encaminhar demandas relacionadas ao
clima global. Convém salientar aqui que essa é a 29ª reunião coordenada pela
ONU, porém até o momento sem qualquer resultado auspicioso que tenha revertido o
elevado drama climático que se abate sobre a vida no planeta terra. São duas
semanas onde governos, chefes de estados e mais uma centena de milhares de
autoridades, ambientalistas estarão reunidas na capital de um país que tem o
petróleo como uma das principais fontes econômicas.
É
de certo modo um tanto contraditório realizar um encontro tão importante cujo
um dos temas geradores é a redução ou até mesmo a eliminação definitiva de um
dos principais vilões do aquecimento global, o petróleo. O encontro de cúpula
passado também aconteceu em um país produtor de petróleo, os Emirados Árabes
Unidos. O penúltimo a sediar, o Egito, querendo ou não tem o petróleo como
fonte subsidiária da sua economia. O que é incrível nisso tudo é saber que o
clima do planeta nesses últimos anos já entrou no estágio da emergência climática,
ou seja, o 1.5 graus Celsius previsto para ocorrer somente no final do século,
já está fazendo parte do nosso cotidiano, basta observar a serie de episódios
climáticos extremos que se abateram sobre todos os continentes.
Os
episódios mais recentes e que servem de alerta máximo foram a estiagem histórica
da Amazônia, as enxurradas em Valência/Espanha e a nevasca que se abateu sobre
o deserto da Arábia Saudita, ambiente cuja temperatura alcança os 50º Celsius no
verão. O tema norteador na COP do Azerbaijão será financiamento. Não recordo
qual das Cops foi discutida e aprovada à transferência de cem bilhões de
dólares anualmente para os países pobres investirem na recuperação de suas
economias. A única certeza que se tem é que essa meta não foi cumprida. Agora o
que se propõe em Baku é que o valor deva ser majorado para cifras muito
maiores, muitos defendendo até valores equivalentes a um trilhão de dólares.
Esses
encontros anuais que tratam questões sobre o clima mais parece a uma serie
televisiva muito famosa no passado cujo título era A Ilha da Fantasia. Pessoas desejosas
em viver uma fantasia viajavam para essa ilha distante e lá tinham seus sonhos
realizados. Baku, Dubai, Sharm el-Sheikh, Paris, entre outras que realizaram as
cúpulas do clima, muito se assemelham a essa ilha, ambientes que reúnem centenas
de governos, que para lá vão desfrutar e compartilhar as fantasias por duas
semanas. Terminando, retornam para seus países, permanecendo tudo inalterado,
pior, ampliando ainda mais investimentos em pesquisas e prospecção de combustíveis
fósseis, como petróleo, carvão, entre outros.
A
eleição nos EUA cujo vencedor foi o republicano Donald Trump, um presidente
negacionista, é mais um indicador negativo de que o encontro de Azerbaijão será
mais um daqueles eventos caros, porém, sem qualquer relevância significativa à
melhoria do clima global. Há sinais óbvios de que o futuro presidente americano
irá se desvincular do acordo de paris, evento pelo qual foi assinados inúmeros
protocolos entre as partes envolvidas para mitigar ao máximo os efeitos do
aquecimento global. A participação da comitiva brasileira vem tomada por enormes
expectativas positivas, pois sempre os governos petistas ocuparam posições de lideranças
em temas relevantes, como o fim do desmatamento, políticas de credito de
carbono, etc.
Nos
discursos de abertura da Cop, integrantes do governo brasileiro apresentaram números
comprovando ter havido redução do desmatamento na Amazônia e no Serrado. Pode até
ser verdadeiro esses dados, claro que se usarmos como comparativo o
desmatamento ocorrido durante os quatro anos de governo Bolsonaro, considerado
um dos maiores da historia. Se houve redução de desmatamentos como afirmou o
governo brasileiro, 2024 vai ficar para a história como o ano dos incêndios que
cobriu com fumaça quase todo o território brasileiro.
Foram
milhões de hectares de florestas devastadas pelo fogo registrado em quase todos
os biomas, ambos associados a uma das maiores estiagens na Amazônia. O Brasil
certamente entrou na lista entre os que mais emitiram gases do efeito estufa
somente em 2024, e isso não foi falado na abertura do encontro em Baku. O que
se espera é que no final dessa cúpula possamos ter noticiais um pouco mais
esperançosas para toda a humanidade sobre o futuro do planeta. Penso que mais
uma vez ficaremos na esperança de uma próxima conferência, de outra, de outra,
até que não termos mais tempo de reverter o fim trágico do planeta.
Prof.
Jairo Cesa
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