quarta-feira, 13 de novembro de 2024

 

29ª CÚPULA DO CLIMA EM BAKU, AZERBAIJÃO, A CERTEZA DAS INCERTEZAS QUANTO AO FUTURO DO PLANETA TERRA



Teve inicio nessa segunda feira, 11 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão, mais um encontro das partes para discutir e encaminhar demandas relacionadas ao clima global. Convém salientar aqui que essa é a 29ª reunião coordenada pela ONU, porém até o momento sem qualquer resultado auspicioso que tenha revertido o elevado drama climático que se abate sobre a vida no planeta terra. São duas semanas onde governos, chefes de estados e mais uma centena de milhares de autoridades, ambientalistas estarão reunidas na capital de um país que tem o petróleo como uma das principais fontes econômicas.

É de certo modo um tanto contraditório realizar um encontro tão importante cujo um dos temas geradores é a redução ou até mesmo a eliminação definitiva de um dos principais vilões do aquecimento global, o petróleo. O encontro de cúpula passado também aconteceu em um país produtor de petróleo, os Emirados Árabes Unidos. O penúltimo a sediar, o Egito, querendo ou não tem o petróleo como fonte subsidiária da sua economia. O que é incrível nisso tudo é saber que o clima do planeta nesses últimos anos já entrou no estágio da emergência climática, ou seja, o 1.5 graus Celsius previsto para ocorrer somente no final do século, já está fazendo parte do nosso cotidiano, basta observar a serie de episódios climáticos extremos que se abateram sobre todos os continentes.

Os episódios mais recentes e que servem de alerta máximo foram a estiagem histórica da Amazônia, as enxurradas em Valência/Espanha e a nevasca que se abateu sobre o deserto da Arábia Saudita, ambiente cuja temperatura alcança os 50º Celsius no verão. O tema norteador na COP do Azerbaijão será financiamento. Não recordo qual das Cops foi discutida e aprovada à transferência de cem bilhões de dólares anualmente para os países pobres investirem na recuperação de suas economias. A única certeza que se tem é que essa meta não foi cumprida. Agora o que se propõe em Baku é que o valor deva ser majorado para cifras muito maiores, muitos defendendo até valores equivalentes a um trilhão de dólares.

Esses encontros anuais que tratam questões sobre o clima mais parece a uma serie televisiva muito famosa no passado cujo título era A Ilha da Fantasia. Pessoas desejosas em viver uma fantasia viajavam para essa ilha distante e lá tinham seus sonhos realizados. Baku, Dubai, Sharm el-Sheikh, Paris, entre outras que realizaram as cúpulas do clima, muito se assemelham a essa ilha, ambientes que reúnem centenas de governos, que para lá vão desfrutar e compartilhar as fantasias por duas semanas. Terminando, retornam para seus países, permanecendo tudo inalterado, pior, ampliando ainda mais investimentos em pesquisas e prospecção de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão, entre outros.

A eleição nos EUA cujo vencedor foi o republicano Donald Trump, um presidente negacionista, é mais um indicador negativo de que o encontro de Azerbaijão será mais um daqueles eventos caros, porém, sem qualquer relevância significativa à melhoria do clima global. Há sinais óbvios de que o futuro presidente americano irá se desvincular do acordo de paris, evento pelo qual foi assinados inúmeros protocolos entre as partes envolvidas para mitigar ao máximo os efeitos do aquecimento global. A participação da comitiva brasileira vem tomada por enormes expectativas positivas, pois sempre os governos petistas ocuparam posições de lideranças em temas relevantes, como o fim do desmatamento, políticas de credito de carbono, etc.

Nos discursos de abertura da Cop, integrantes do governo brasileiro apresentaram números comprovando ter havido redução do desmatamento na Amazônia e no Serrado. Pode até ser verdadeiro esses dados, claro que se usarmos como comparativo o desmatamento ocorrido durante os quatro anos de governo Bolsonaro, considerado um dos maiores da historia. Se houve redução de desmatamentos como afirmou o governo brasileiro, 2024 vai ficar para a história como o ano dos incêndios que cobriu com fumaça quase todo o território brasileiro.  

Foram milhões de hectares de florestas devastadas pelo fogo registrado em quase todos os biomas, ambos associados a uma das maiores estiagens na Amazônia. O Brasil certamente entrou na lista entre os que mais emitiram gases do efeito estufa somente em 2024, e isso não foi falado na abertura do encontro em Baku. O que se espera é que no final dessa cúpula possamos ter noticiais um pouco mais esperançosas para toda a humanidade sobre o futuro do planeta. Penso que mais uma vez ficaremos na esperança de uma próxima conferência, de outra, de outra, até que não termos mais tempo de reverter o fim trágico do planeta.

Prof. Jairo Cesa

 

 

          

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