ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS SUCATEADAS, UM DRAMA QUE VEM SE REPETINDO HÁ DÉCADAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
O
Jornal Tribuna de Noticias editado em 11 de setembro de 2024 trouxe em sua capa
a seguinte manchete “Apenas oito escolas
estaduais da região Sul estão regularizadas”. Segue a manchete – “levantamento
aponta que das 141 unidades de ensino, 9,9% tem o habite-se e 52,5% possuem alvarás
sanitário. Contudo, 94,3% dos espaços educacionais ainda estão em processo para
obter todas as licenças e documentações necessárias”. Afinal por que esse
assunto merece uma reflexão mais consistente?
Primeiro
porque há poucos dias saiu o resultado do IDEB onde colocou Santa Catarina em uma
posição ridícula entre os estados brasileiros, classificada entre os piores nas
avaliações em português e matemática no ensino fundamental e médio. Segundo, em
2015, o Sinte Regional de Araranguá criou uma comissão para inspecionar as
escalas estaduais das 22 CRE, pois haviam suspeitas de que as unidades de
ensino apresentavam inúmeros problemas estruturais, os mesmos que agora foram
discorridos pelo jornal. O que motivou essa ação foram problemas identificados
na EEBA, antigo colégio estadual, como goteiras, problemas hidráulicos, entre
outros.
Na
época o SINTE REGIONAL encaminhou ofícios a todas as vigilâncias sanitárias dos
municípios solicitando que realizassem vistorias nas unidades de ensino e
verificar se ambas possuíam alvarás de funcionamento. Apenas uma escola
encaminhou o relatório contendo as respostas solicitadas nos ofícios. O documento
também foi encaminhado ao corpo de bombeiros, para que realizassem diligências
às escolas e observar se todas possuíam o habites, tipo de alvará, liberado
pela corporação onde confirma que ambas possuem extintores de incêndios, saídas
de emergências, entre outras recomendações importantes.
Também
não tivemos respostas. Lendo atentamente a reportagem na qual considerei de
extrema relevância, para um assunto tão importante e delicado, que sempre foi deixado
em segundo plano pelas autoridades, descobri que o levantamento das demandas
atualmente publicadas não é exclusividade apenas das escolas do sul do estado, abrange
as escolas estaduais de todo o território catarinense. O levantamento dos dados foi realizado pelo
deputado estadual Mario Motta, do PSD, por meio de pedidos realizados na SED.
Tanto
para mim quanto para milhares de professores da rede estadual essa informação
não causa nenhuma surpresa quando o relatório revela que das 1.049 unidades de
ensino público estadual em funcionamento, somente 44 estão completamente
regularizadas, ou seja, liberadas pela vigilância sanitária e pelo corpo de
bombeiros. É importante aqui reiterar que o que o deputado Mario Motta fez, o
Sinte estadual vem fazendo há muito tempo, desde as décadas de 1990, porém, sem
qualquer solução até o momento. Será que agora, a partir da denúncia de um
deputado de base governista, tudo vai ser resolvido?
Sempre
os chefes do executivo estadual tiveram e tem como justificativa à solução das
demandas a escassez de recursos financeiros. São discursos já desgastados que a
classe do magistério não vem aceitando há muito tempo, pois o Estado sempre
teve excelentes arrecadações mesmo diante de crises como foi a época da COVID
19. O que faltam mesmo são prioridades, que de fato a educação básica pública
não está inserida, pois se fosse não teria aprovado legislação que garante o
repasse de milhões de reais dos cofres públicos para financiar universidades gratuitas
e cursos técnicos contratados. Afirmou o
coordenador estadual do SINTE, em entrevista, que o governador do estado, quando
foi eleito em 2024, reiterou que 90% das escolas estaduais estavam em péssimas
condições de infraestrutura.
Lembro
também que em 2016, por meio de um projeto de educação ambiental que coordenei na
EEBA de Araranguá, foi constatado que o Estado desperdiçava anualmente milhões
de reais só com problemas hidráulicos e elétricos das escolas estaduais. Encontros
foram realizados na GERED de Araranguá, na época com a presença do gerente
regional de educação, onde foram apresentados os dados e com promessas de
soluções. Na época mantivemos contado também com representante do governo na
SED, em Florianópolis, onde expomos os problemas. Até o momento não tivemos
mais informações se tais demandas foram solucionadas pelos governos que se
sucederam.
Prof.
Jairo Cesa
Também fiquei pasmo com a situação.
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