sexta-feira, 21 de julho de 2023

 

TEMPERATURAS ESCALDANTES NO HEMISFÉRIO NORTE REVELAM QUE O CLIMA NO PLANETA ESTÁ A UM PASSO DO ABISMO


https://www.youtube.com/watch?v=RNPnVAqc-YE


A população que vive no hemisfério norte, EUA e alguns países da Europa, estão experimentando um dos verões mais escaldantes da história. As temperaturas nas últimas semanas não baixaram dos trinta graus, resultando em colapsos hospitais e em demais sistemas de saúde decorrentes de enfermidades advindas do calor excessivo. O Canadá, por exemplo, há dias o fogo vem devastando suas florestas, situação pela qual as autoridades daquele país vêm solicitando ajuda internacional para combater os incêndios que estão incontroláveis. É tanto calor acumulado que no mês de junho último o planeta registrou a mais alta média de temperatura da história, que chegou a 17,12 graus Celsius.

Não há dúvida que as altas temperaturas registradas no planeta têm relação direta e indireta com o aquecimento global, porém, agora agravada com o fenômeno climático El Nino. Tudo indica que o verão no hemisfério sul, que inicia em 21 de dezembro, a população do sudeste e sul do Brasil irá experimentar temperaturas semelhantes a do hemisfério norte, com fortes impactos às atividades agrícolas dessas regiões. Os sinais de que o clima global já beira a saturação também são notadas aqui no Brasil, nas constantes ocorrências de enxurradas e deslizamentos que devastaram cidades no nordeste, sudeste e sul do Brasil. Os exemplos mais recentes são cidades alagoanas que somaram mais de 25 mil desabrigados; São Sebastião/SP; Praia Grande/SC e outras dezenas no restante do país.

Afinal, já não era para o clima do planeta estar se reequilibrando depois de tantos encontros de cúpulas como as COPs onde são disponibilizados milhões de dólares para custear a complexa logística desses eventos para discutir o clima global?  Deveria, porém se sabe que é a exploração sem fim dos recursos naturais que alimenta essa insaciável máquina chamada capitalismo. É tanta hipocrisia por traz dessas conferências que após 2015, data de uma das mais importantes COPs, que ocorreu em Paris, França, a quantidade de gases poluentes lançadas à atmosfera superou todas as expectativas. O fato é que o Brasil não ficou alheio a todo esse desarranjo climático global.  O país vem dando a sua contribuição para o aquecimento, lançando todos os anos de 6% a 7% do total de gases poluentes lançados à atmosfera.

O contínuo desmatamento nos biomas Amazônia e Mata Atlântica nos últimos anos chamou a atenção do mundo inteiro, fato que resultou em cancelamento de programas de ajudas internacionais como o Fundo Amazonas de mais de dois bilhões de dólares vindos da Noruega e Alemanha. Relatório sobre desmatamento, apresentado em maio último, revela que houve discreta redução dessa prática na floresta amazônica. Entretanto, o relatório acendeu alerta vermelho acerca do bioma Serrado que teve uma das maiores perdas de florestas em comparação a 2022.

 

Claro que o Serrado jamais ficou imune a ação perversa do agronegócio, especialmente do segmento da soja. Há alguns anos essa atividade estava mais concentrada na região centro oeste do país. Com a valorização dessa commoditie internacionalmente a fronteira agrícola da soja se expandiu e vem se expandido de maneira alucinada para o norte e nordeste brasileiro, na área denominada de  MATOPIBA, constituída pelos estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O agravante nisso é que nesse bioma estão as principais nascentes dos grandes rios que banham o território brasileiro. 

Se há o aumento da perda da cobertura vegetal no bioma serrado tem dinheiro público financiando essa depredação, por meio do plano safra que destinou para o agronegócio 364 bilhões de reais. É tanta importância dada a esse segmento que para a agricultura familiar e a agroecologia a fatia reservada foi de 77 bilhões de reais. É muito pouco em vista da importância desse setor que alimenta mais da metade da população brasileira no cultivo de feijão, batata-doce, aipim, e outras dezenas de culturas imprescindíveis que alimentam milhões de brasileiros.

Quase tudo que é cultivado pelo agronegócio, soja, milho, algodão, cana de açúcar, é exportado inatura, que posteriormente vai ser beneficiado e transformado em ração para as vacas européias ou biodiesel. Estudos realizados pela UFRJ confirmaram que a agricultura familiar gera dois milhões de empregos a mais que o agronegócio, ano. A insistência do atual governo de querer construir um acordo integração econômica com a Europa dificilmente terá sucesso. A certeza se deve ao fato de a Europa estar há algum tempo investindo em políticas de transição econômica sustentável, ou seja, aquisição de produtos agrícolas, pecuária, isentos de trabalho escrava e desmatamento ilegal.

No começo de julho o programa Profissão Repórter, da Globo, apresentou reportagem mostrando como se dá o desmatamento no serrado, muitas vezes legalizado por atos normativos dos poderes municipais e estaduais. Acredite, o governo baiano é o que mais emitiu licenças para desmatamentos, seguindo no Piauí, Maranhão, sendo os dois primeiros, BA e PI ambos administrados por governadores do PT. Esse dispositivo que garante poderes aos estados para concessão de licenciamentos ambientais veio da presidente Dilma Rousseff. E agora, o que fazer?

Esperar em berço esplêndido que as espécies vivas sucumbam diante das temperaturas tórridas ou vamos à luta, gritar aos quatro ventos alertando as autoridades que as anomalias climáticas já são uma realidade? Penso que a segunda alternativa é o que interessa agora.  É preciso, urgentemente, colocar o meio ambiente no centro de todos os debates, eventos, celebrações, etc, independentemente do tema que está sendo abordado.  Isso não pode ser exclusividade da sociedade, os governos têm de fazer a sua parte, principalmente o governo federal.  

A assertiva decisão tomada pelo IBAMA proibindo a prospecção de petróleo na foz do rio amazonas é algo que deve ser comemorado. Segundo o presidente dessa instituição, Rodrigo Agostinho, sua decisão negando a licença teve a seguinte alegação: “Não restam dúvidas de que foram oferecidas todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto, mas que este ainda apresenta inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental”.

  Contudo, essa decisão causou certo mal estar entre os ministros de Minas e Energia, que era favorável, e do meio ambiente, contrário a exploração. Entretanto, o presidente da república deixou claro em seu discurso que não haveria risco algum de impacto à foz do amazonas devido a distância dos poços, cerca de 500 km. Se fizermos uma retrospectiva do seu governo e da presidente Dilma, na área ambiental na Amazônia, não temos muito que comemorar. Obras de grande impacto ambiental como a da Hidrelétrica de Belo Monte até hoje seus efeitos ao ecossistema e as populações indígenas e ribeirinhas são devastadores.

Mesmo diante de medidas polêmicas como da tentativa de exploração de petróleo na costa amazônica e de outras que julgamos inconsequentes, quero aqui reiterar que é preferível o atual governo ao genocida, neofascista anterior, que conseguiu a proeza de em quatro anos destruir quase a totalidade da estrutura do Estado brasileiro, no qual  levará algum tempo para ser reconstituído.

Prof. Jairo Cesa    

 

https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2023-05/ministro-rebate-decisao-contra-extracao-de-petroleo-na-foz-do-amazonas

https://www.otempo.com.br/politica/governo/petroleo-na-foz-do-amazonas-veja-projeto-riscos-potencial-e-disputa-politica-1.2873530

https://summitagro.estadao.com.br/noticias-do-campo/o-que-e-agricultura-familiar-e-qual-e-a-sua-importancia/

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm

 

 

 

 

             

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