terça-feira, 19 de novembro de 2019


AMÉRICA DO SUL REAGE COM ENERGIA AS BRUTALIDADES DAS POLÍTICAS NEOLIBERAIS

Resultado de imagem para manifestação na bolivia
https://br.sputniknews.com/americas/2019111014757544-lula-maduro-e-fernandez-denunciam-golpe-de-estado-na-bolivia-mexico-oferece-asilo/

Em 2010 em uma viagem realizada em alguns países do altiplano andino, tive a oportunidade de conhecer La paz, capital da Bolívia. Na oportunidade presenciei uma cidade ainda vivendo os reflexos de períodos tensos no passado, cuja ascensão de Evo Morales no comando do país, vinha trazendo uma atmosfera positiva para cerca de 80 da população do país, de origem indígena.
Entretanto, a chegada ao poder de um governo de origem indígena e de viés progressista, não era visto com bons olhos por cerca dos 20% da população mais rica, na sua maioria, branca européia. Essa parcela da população ocupava as planícies ricas da meia lua do mapa boliviano, território rico em petróleo e produção de grãos para exportação.  Em 2007 essa elite conservadora e truculenta, iniciou um processo político separatista com vistas a  criação de um Estado autônomo. Tudo isso não aconteceu de forma espontânea.
Os Estados Unidos, por meio de seu órgão de inteligência, CIA, e outros departamentos de Estado, tiveram participação direta na desarticulação do regime de Evo Morales. Porém sem sucesso. Durante o período que Morales permaneceu no poder, a Bolívia obteve avanços econômicos e sociais significativos. A população indígena, que desde a colonização se mantinha submetida ao domínio sanguinário de governos entreguistas, agora pela primeira vez tendo um representante indígena no poder, vê surgir no no horizonte esperanças de dias melhores.
Alguns equívocos cometidos por Morales como a tentativa de manter-se a frente do poder em um quarto mandato, transformou-se em estopim para que a elite aproveitasse o momento para assumir o controle do país.  A pressão fez com que Morales renunciasse o cargo de presidente e solicitasse asilo político no México. O cenário social no país tornou-se tenso desse momento em diante. Dezenas de pessoas, na sua maioria indígena, foram mortas na manifestações que dominaram e ainda dominam as principais cidades e departamentos do país, principalmente na capital La Paz. 
O caso boliviano não é exceção na América Latina. Outros países como Equador, Peru, Venezuela, Argentina, Chile, a população vem reagindo ao avanço das políticas neoliberais que tentam suprimir avanços sociais conquistados pelos trabalhadores. A Bolívia, comparado com outros países da América do Sul, é visto como um barril de povoa dentro do cenário geopolítico regional. A elite local jamais se conformou de ter no poder um indígena, no qual passou a priorizar políticas em benefício dos mais pobres, nesse caso os indígenas.
A ascensão no poder de governos de tendência progressista como na Argentina, associada as intensas manifestações anti neoliberais como no Chile, Equador e Peru, acendeu uma luz vermelha nos departamentos de inteligência como a CIA norte americana. Antes que esses movimentos progressistas se espalhassem e chegassem à Bolívia, rapidamente as elites se reorganizaram, levando ao poder Jeanine Áñez Chavez, que adentrou ao palácio presidencial em La Paz segurando uma bíblia cristã, uma demonstração explícita de afrontamento as tradições indígenas.
O Chile que também se transformou em palco de guerra com milhares de pessoas protestando nas ruas, apresenta um cenário um pouco diferente do que está ocorrendo na Bolívia. A crise chilena se deve ao violento arruinamento da sociedade diante das políticas reformistas neoliberais. O Chile, é importante não esquecer, foi o laboratório do neoliberalismo que posteriormente espalhou-se pelo mundo, a exemplo da Inglaterra, Estados Unidos e o Brasil.
Até hoje o país, muitas das decisões importantes são fundamentadas a partir de uma constituição elaborada na época de Pinochet. O que a população reivindica além de uma nova constituição é o fim das políticas de estado mínimo. As reformas em curso como a privatização da educação e a reforma previdenciária ambas foram articuladas na Escola de Chicago, braço direito do neoliberalismo estadunidense. O pior de tudo é que esse modelo de reformas no Chile vem se espalhando e já atingindo o Brasil. Convém salientar que o ministro da economia do governo Bolsonaro é uma cria da escola de Chicago. Portanto, não tardará muito para que um levante popular também aconteça no Brasil?
Prof. Jairo Cezar            

Nenhum comentário:

Postar um comentário