sexta-feira, 15 de abril de 2016


EFEITOS POTENCIAIS NA SAÚDE HUMANA DE PLANTAS TRANSGÊNICAS E DE SEUS AGROTÓXICOS ASSOCIADOS

Os temas polêmicos como agrotóxicos e transgênicos continuam sendo discutidos no estado de Santa Catarina, no entanto, os resultados ou resoluções tomadas nos congressos,seminários, conferências ou audiências públicas, geralmente ficam restritas a um seleto público, não chegando ao conhecimento de expressiva parcela da população. É sabido também que geralmente temas polêmicos como esses, raras são as coberturas jornalísticas feitas pelas grandes mídias, ou quando o fazem são fragmentos, retalhos, de tal modo que não afrontem interesses de grupos econômicos importantes no seguimento agroindustrial.
Vasculhando as redes sociais e sites especializados sobre os respectivos temas acima mencionados, me senti comovido por ter tido a grata sorte de acessar o Blog da FCCIAT (Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos) - vinculado ao Ministério Público Estadual de Santa Catarina e encontrar na página, vídeo na íntegra da audiência pública ocorrido no dia 07 de abril de 2016, sobre os Efeitos potenciais na saúde humana o consumo de alimentos transgênicos e dos agrotóxicos associados. No encontro o convidado para palestrar foi o professor Dr. Robin Mesnage, pesquisador britânico do Departamento de Genética Médica e Molecular do Kings College, de Londres, que tem como um dos focos de seus estudos o agrotóxico Glifosato.
No início da fala o professor abordou o processo de evolução da agricultura que cada vez mais os espaços para o cultivo estão se limitando devido ao elevado custo da terra, a escassez de água e as mudanças climáticas. Destacou algumas revistas de renome internacional como a TIME, dos Estados Unidos, que vem apoiando e dando cobertura às pesquisas, com intuito de disseminar tecnologias transgênicas e de agrotóxicos no mundo inteiro. Foi enfático em afirmar que o problema da fome no planeta não está condicionada a escassez de alimentos, e sim do desperdício generalizado.
Quanto aos transgênicos, admite que essa tecnologia não contribuiu para a elevação da produção como acreditavam seus criadores, que nos EUA tais variedades vêm sendo criticadas e substituídas por cultivares tradicional. Outro aspecto negativo acerca das variedades modificadas é que houve o aumento desproporcional do comércio de agrotóxicos para combater determinadas “pragas”, que vem se tornando mais resistentes, especialmente ao aditivo glifosato, um dos componentes do Roundup. A questão é que nas análises laboratórios, a molécula avaliada geralmente é a o glifosato, excluindo as demais moléculas adjuvantes ao produto. Frequentemente as pesquisas com o glifosato são realizadas com cobaias ratos, cujos resultados comprovaram que fêmeas desenvolveram tipos de câncer nas glândulas mamárias, enquanto os machos tiveram problemas renais e no fígado.
Quando os estudos foram concluídos e publicados nas principais revistas científicas, os pesquisa dos sofreram perseguições e violentas críticas das grandes companhias alegando que os dados apresentados eram insuficientes e que deveriam ser refutados. O próprio presidente da Monsanto encaminhou carta argumentando que os pesquisadores vinham comprometendo economicamente a companhia pelo fato de ter gerado confusões junto aos consumidores onde restringiam a compra de tais produtos. Recomendavam que fossem realizados novos estudos mediante a contratação de uma empresa independente.
Em junho de 2015 foi publicado em periódico na Inglaterra novo estudo confirmando o que tinha sido apresentando antes, que as amostras não estavam alteradas, porém, com a ressalva de que nem todos os transgênicos tinham sido testados em tempo curto. Deixou claro que o Roudup é o herbicida mais estudado na história dos agrotóxicos, pois sua origem data da década de década de 1970, que sua comercialização se dá como uma formulação única, excluindo as demais moléculas compostas.
Na verdade o Roudup é constituído por vários adjuvantes, entre eles o glifosato, que é entre os demais o único testado em laboratório. A opção para análise dos princípios ativos é da própria empresa interessada. Convém destacar que a presença dos aditivos coadjuvantes ao glifosato ocorre por serem necessáriosà fixação do herbicida no solo e nas plantas. Muitas vezes ou quase sempre a toxidade se dá devido a presença dos outros componentes presentes e não necessariamente do próprio glifosato.
A não realização de análises de toxidade dos demais aditivos sempre tem como justificativa o elevado custo financeiro. Os danos hormonais derivado das moléculas presentes no Roudup também são negligenciados. Não se procede também exames futuros dos organismos como dos camundongos, desde a fase pré-natal até a fase adulta, monitorando suas mutações biológicas. No ambiente natural esses aditivos se tornam mais tóxicos trazendo desequilíbrio a certos ecossistemas, bem como comprovadas alterações genéticas em peixes e colapsos em colmeias.
Quando questionado sobre ações que devem ser tomadas para reverter o processo que parece ser inevitável, defendeu que fosse repensado o atual modelo de produçãoagrícola, que se utiliza quase que exclusivamente dos combustíveis fósseis de alto impacto ambiental. A agroecologia deve fazer parte dos debates dos governos e organizações civis, pois sua disseminação poderá resolver o problema da fome alimentando nove bilhões de humanos na próxima década. Essa é uma prática de baixo impacto ambiental que pode ser integrada com outas atividades como a produção de animais e rotações de culturas.
Não descartou o uso das novas tecnologias como os transgênicos, que infelizmente estão sendo controlado por grandes corporações, cujo principal objetivo é o lucro. Revelou que o Glifosato quando foi patenteada, sua fórmula principal era de um antibiótico, ou seja, seria utilizado como medicamento para animais. Não há dados ainda confiáveis sobre os efeitos dos transgênicos sobre o organismo humano. Acredita-se que algumas anomalias como reações alérgicas tenham relações com a presença de substâncias estranhas acumuladas em órgãos humanos como o intestino.
Quando questionado sobre quais entidades pesquisadoras que vem se debruçando intensamente sobre o assunto e sua confiabilidade, mencionou a IARC (International Agency For Reserach On Câncer) vinculada a OMC (Organização Mundial do Comércio), cujos cientistas se vêm tendo posicionamentos idôneos nas interpretações dos dados pesquisados. Uma das debatedoras nascida na Colômbia questionou o professor sobre o problema dos transgênicos e dos agrotóxicos no seu país. Segundo o professor, o quebra-cabeça Colombiano se deu a partir do plano de erradicação das plantações de coca, através da pulverização com agrotóxicos. Milhares de pessoas no campo foram contaminadas gerando tipos diferentes de cânceres.
Os agricultores foram incentivados a substituírem técnicas agrícolas milenares por outras modernas, a dos transgênicos. O governo, atrelado as grandes corporações do agronegócio, promoveu a distribuição gratuita de sementes e agrotóxicos aos agricultores. Essa política de caráter beneficente não perdurou, obrigando os agricultores a comprarem os produtos para poderem cultivar. Criou-se assim uma relação de dependência entre as companhias e os produtores rurais.
Outro questionamento feito foi quanto ao aspecto jurídico, se na Europa existe alguma agencia reguladora dessas tecnologias. O professor respondeu que o problema na Europa também é muito grave, que há fortes conflitos de interesses, que os testes dos produtos geralmente são feitos por laboratórios da própria empresa ou contratado por elas, cujos diagnósticos permanecem em segredo.
Na conclusão de sua fala, insistiu em afirmar que a saída está na agroecologia, no desenvolvimento de ações locais, do cultivo e do consumo de alimentos produzidos por pequenos agricultores, especialmente os que não utilizam agrotóxicos e sementes modificadas. Destacou que entre os países que pouco ou quase não utilizam agrotóxicos está Cuba, que o motivo está na dificuldade para a aquisição e o bloqueio econômico foi um dos motivos. Quanto aos transgênicos, 90% da produção mundial estão concentradas nos Estados Unidos e América do Sul. Que no mundo, são cerca de 20 países que adotam tais variedades modificadas. Na comunidade Europeia o único país que cultiva transgênico é a Espanha.http://fcciat.blogspot.com.br/2016/03/britanico-robin-mesnage-fara.html.

 FCCIAT (FÓRUM CATARINENSE DE COMBATE AOS AGROTÓXICOS E TRANSGÊNICOS)
Prof. Jairo Cezar



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