sexta-feira, 2 de novembro de 2012


A escola que temos e a escola que queremos

Uma sociedade ética se constrói com escolas bem estruturas, professores estimulados, valorizados com salários dignos.  Com base em tal afirmação, a sensação que perpassa o imaginário social, quando o olhar se desloca para a realidade brasileira é de que  se vive numa terra sem esperança, cujas instituições públicas dentre elas a escola, que deveria assumir a tarefa de transformar esse cenário,  instigando a imaginação dos jovens à lutar,  se fecha diante dos problemas. As instituições escolares  se constituem atualmente em verdadeiras fortalezas, protegidas por muros altos, grades e um sistema de monitoramento que controla paço a paço a vida dos estudante no seu interior.
O que é espantoso frente a essa realidade preocupante é que a própria escola tem parcela de responsabilidade pelo crescimento da marginalidade, pois adolescentes que entram ou entraram no mundo do crime, que consomem algum tipo de entorpecente, em algum momento de suas vidas passaram pela escola pública, porém, muitos abandonaram ou foram expulsos por não  vislumbrarem perspectivas objetivas de melhoria de condições de vida.      
O que é intrigante nisso tudo, é que a escola pública, que deveria se constituir como espaço apropriado para promover a crítica às estruturas de poder e de exploração, fortalece ainda mais esse modelo, com a reprodução de práticas de exclusão, com a adoção de currículos pré-estabelecidos, sem consistência e totalmente distanciados da realidade  de cada região, município e bairro, que além de desconsiderar as diversidades  culturais locais, em nada reflete aos desejos  e aspirações dos estudante e da própria comunidade.    
Afinal o que é mesmo escola pública e qual o seu verdadeiro papel diante de uma sociedade tão desigual e injusta como a brasileira? Desde a sua origem essa instituição, concebida pelo Estado Republicano burguês, tinha como objetivo recolher das ruas crianças e adolescentes reuni-los em local apropriado visando “educá-las”, incutindo conceitos e valores capazes de construir uma moral social de submissão e de obediência às regras burguesas.  
Portanto, desde a sua origem o Estado assumiu para si a responsabilidade de montar cuidadosamente um currículo que norteasse todo processo educativo, a começar pela construção dos espaços escolares, obedecendo uma arquitetura que possibilitasse a vigilância permanente, vindo após os conteúdos e os processos de avaliação, que priorizaria aspectos quantitativos em detrimento do qualitativo, ou seja, a  capacidade de interpretar criticamente a realidade em que vive.

É com base nesses parâmetros que o sistema educacional brasileiro foi cuidadosamente estruturado, e que vem contribuindo para a “formação” de um exército de cidadãos (ãs) acríticos (as) e apolíticos (as), que vendem seu trabalho em troca de salários vergonhosos, dentre as inúmeras categorias conhecidas estão os (as) próprios professores (as), sujeitos que dentro dessa conjuntura são essenciais na dinamização da complexa correia produtiva capitalista.
Vive-se numa sociedade pautada pela lógica dos resultados imediatos, embora os salários não acompanhem o mesmo patamar. No campo da educação esse processo não é diferente, no entanto, como definir critérios e parâmetros de conhecimentos necessários para uma sociedade e de que forma tal saber contribuirá para a superação da condição de alienação e exploração dessa mesma sociedade.
Nesse contexto, o próprio Estado Federativo Brasileiro estabeleceu  parâmetros de conhecimentos ditos necessários, que serão cobrados sob a forma de avaliação tanto individual, institucional e nacional. Esse mecanismo avaliativo fere os princípios da autonomia institucional, ou seja, a LDB 9394/96 (Lei e Diretrizes e Base) sancionada em 1997 determinou que as unidades de ensino, por meio dos seus Projetos Políticos Pedagógicos, construirão seus próprios currículos obedecendo as peculiaridades do grupo social na qual a escola está inserida.
A aplicabilidade dos PPPs resultaria na ruptura progressiva e definitiva do modelo de escola tradicional, trilhando caminhos para a construção de uma nova hegemonia social, pautada nos princípios da solidariedade, respeito as diferenças e justiça social. Porém, o primeiro passo será conscientizar os profissionais da educação e a própria sociedade que é possível construir uma escola e uma sociedade melhor. O segundo passo é promover alianças possíveis (sindicatos, associações de moradores, oscips, etc) para discutir o modelo de sujeito real e o ideal pretendido, ou seja, uma utopia possível. Firmando essa aliança,  dentro do seu campo de ação, instituição de ensino e demais organizações firmarão acordos mútuos, comprometendo-se com que foi estabelecido.
Uma nova sociedade jamais pode ser pensada desconsiderando as conquistas obtidas pela antiga. Uma ruptura social não ocorrerá de forma abrupta, do dia para noite. Ela se dará de forma lenta, porém, contínua, comparada a uma guerra de trincheira, cuja conquista do território, deve ser preservada, servindo de base para as próximas ações.  Esse padrão pode ser também adotado no campo educacional. Afinal que modelo de sociedade é este em que a escola está pautada? Como está constituída a estrutura produtiva, familiar, sindical, religiosa, política, etc, dessa mesma sociedade? Como se poderia imaginar outra sociedade a partir dessa? Exercitar a imaginação contribuirá para estimular desejos e sentimentos que estão adormecidos, acreditar que somos responsáveis pela forma como a sociedade está estruturada e que para transformá-la, torná-la mais solidária e justa, dependerá da nossa postura enquanto sujeito político.
Não há como promover as transformações e preservar  as conquistas obtidas dessa mesma revolução se o processo não estiver intrinsecamente associado a uma revolução cultural, cuja escola deve ser um dos estágios. A reestruturação curricular da escola deve acompanhar essa revolução a partir da realização de um diagnóstico prévio, trazendo a tona  um juízo real sobre a realidade (prática social), à luz da utopia desejada e fortemente ancorada na teoria, caminho para pensar a transformação e o novo modelo de sociedade desejada.
Quando se pensa num projeto educacional revolucionário, o aspecto político deve ser bem referendado, pois é através dele que se pode responder a uma ou mais necessidades da sociedade, como também propor objetivos que expressa um comportamento, uma orientação a ser seguida.  Tendo claro o marco doutrinário  a ser seguido (linha teórica), a etapa do planejamento torna-se agora importante, pois deve estar acompanhado pela lista de necessidades, o diagnóstico, a proposta sócio-política desejada, a visão de homem que deve fundamentar nossas opções e o modelo ideal de  sociedade  que deve ser buscado.
Em relação ao diagnóstico institucional, o mesmo não deve ser confundido como relatório descritivo da realidade da comunidade e da própria escola. Deve ser interpretado como um juízo sobre a realidade (sobre a prática). Esse é um processo complexo que envolve todos os profissionais cuja tarefa é dissertar as ações desenvolvidas durante o período e se as mesmas seguiram fielmente o planejamento proposto.  Todo planejamento deve partir de  um marco situacional que são os aspectos da situação global (socioeconômico, político cultural, educacional...), associado ao Marco Doutrinal, que é o modelo de sociedade desejada (capitalismo, socialismo, comunismo...)e tempo por fim o Marco Operativo que é a proposta de utopia que se projeta para o futuro.
Saindo do campo mais geral de planejamento participativo, cabe agora discorrer acerca das etapas do planejamento participativo que ser desenvolvido em sala de aula. Todo planejamento deve estar costurado com o marco operativo, uma espécie de farol que guiará a prática, baseada numa proposta que deve ser fundamentada por uma teoria, que resultará nos resultados que desejamos alcançar.
Como primeiro momento, o planejamento participativo em sala de aula continuará momentaneamente sendo mantido sob a forma de disciplinas ou áreas de estudos devendo estar explícito na sua construção os marcos situacional, doutrinal e operacional. Que ações (objetivos) e atitudes (estratégias) cada disciplina adotará para obter os resultados desejados conforme o Planejamento Participativo construído pela unidade escolar. (TEXTO NÃO CONCLUÍDO)
Prof. Jairo Cezar






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