segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Breves Reflexões Sobre os Principais Expoentes da Teoria do Conhecimento e Suas Contribuições para o Processo Pedagógico Atual
OBS: Resumo das duas primeiras aulas de Teoria do Conhecimento
Jairo Cezar
Todo o processo responsável pelo desenvolvimento do conhecimento humano nas sociedades ocidentais teve suas raízes nos povos gregas e romanos, sendo os seus principais protagonistas os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles.
No entanto, foram os filósofos Pré-Socráticos, Pitágoras, Parmênides dentre outros, que influenciaram ambos, questionando a realidade do pensamento mítico, ou seja, colocando em dúvida o conhecimento cuja origem era atribuída aos deuses.
 Além dos Pré-Socráticos também havia os Sofistas reconhecidos como professores viajantes que, mercantilizavam o conhecimento, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloqüência e sagacidade mental.
 Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso dos negócios públicos e privados. Tinham como um de seus principais objetivos a depreciação do estudo da natureza.  Para os Sofistas, era pela retórica, que o ouvinte seria conduzido a absorver uma enxurrada de palavras que não transmitiria conhecimento algum. Quando processavam um debate procuravam refutar por refutar, apenas para ganhar a disputa verbal.
Nos dias atuais, é possível presenciarmos esse tipo de comportamento através das campanhas eleitorais ou nas plenárias legislativas municipais, estaduais e federal, onde, tanto os candidatos como os parlamentares, procurando convencer os demais, proferem argumentos sem consistência prática. 
Sócrates discordava dos sofistas, afirmando que era com base na razão, na argumentação dialética, que poderemos encontrar os caminhos para a realização não individual, mas coletiva.  A filosofia de Sócrates se transformaria numa grande pedagogia, que seria a formação dos espíritos para o exercício do conhecimento. Acreditava que as idéias pertenciam a um mundo que somente os sábios conseguiam entender, fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito governante para um Estado.
Defensor do diálogo como método de educação, Suas idéias foram recolhidas principalmente por Platão, que as sistematizou, e por outros filósofos que conviveram com ele. Sócrates se fazia acompanhar freqüentemente por jovens, alguns pertencentes às mais ilustres e ricas famílias de Atenas. Para Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e muito menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de autodomínio.
Opondo-se ao relativismo de muitos sofistas, para os quais a verdade e a prática da virtude dependiam de circunstâncias, Sócrates valorizava acima de tudo a verdade e as virtudes - fossem elas individuais, como a coragem e a temperança, ou sociais, como a cooperação e a amizade.
O pensador afirmava, no entanto, que só o conhecimento (ou seja, o saber, e não simples informações isoladas) conduz à prática da virtude em si mesma, que tem caráter uno e indivisível. Segundo Sócrates, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca do saber é o caminho para a perfeição humana, dizia, introduzindo na história do pensamento a discussão sobre a finalidade da vida.
O papel do educador é, então, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga por si próprio "iluminar" sua inteligência e sua consciência. Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos alunos. Para o filósofo, só a troca de idéias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão - condições imprescindíveis para o Ao eleger o diálogo como método de investigação, Sócrates foi o primeiro filósofo aperfeiçoamento do ser humano.
a se preocupar não só com a verdade, mas com o modo como se pode chegar a ela. Eis por que ele é considerado por muitos o modelo clássico de professor. Quando você prepara suas aulas, costuma levar em conta a necessidade de ajudar seus alunos a desenvolver procedimentos para que possam pensar por si mesmos?
Segundo Sócrates, ele nada ensinava, apenas ajudava as pessoas a tirarem de si mesmas opiniões próprias e limpas de falsos valores, pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de dentro, de acordo com a consciência. Até mesmo na atividade de aprender uma disciplina qualquer, o professor nada mais pode fazer que orientar e esclarecer dúvidas, como o lapidador tira o excesso de entulho do diamante, não fazendo o próprio diamante. O processo de aprender é um processo interno, e tanto mais eficaz  quanto maior for o interesse de aprender. Só o conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o verdadeiro discernimento.
 Platão, discípulo de Sócrates, acreditava na “existência”, no plano superior, um mundo no qual as idéias se proliferavam e com as quais conviviam nossas almas. Portanto, para ele, o papel da pedagogia seria o meio pelo qual, o homem, através do mundo das idéias encontraria o conhecimento da verdade. Defendia  uma sólida formação básica que evoluiria até elevados estudos filosóficos, considerando que só indivíduos especialmente dotados poderiam chegar à filosofia, ou seja, ao conhecimento. O primeiro passo seria a educação preparatória para desenvolver de forma harmoniosa o espírito e o corpo. Segundo Platão, Atenas negligenciava a educação da juventude, desinteressava-se e deixava-a nas mãos dos particulares. O Estado deveria preocupar-se com a formação daqueles que seriam os futuros cidadãos. Deveria a educação, tornar-se pública, sendo os mestres escolhidos pela cidade e controlados por magistrados especiais. Defendia ainda que a educação seria  igual, até aos seis anos, seria igual tanto para menino como para meninas. A partir desta idade teriam mestres e classes diferentes. Acreditava que o ensino deveria durar 50 anos. Nos primeiros anos de vida, dos 3 aos 6 anos, as crianças deveriam participar em jogos educativos, em jardins especialmente concebidos para elas e sob atenta vigilância.
Aristóteles, em oposição a Platão, admitia que o conhecimento não se restringia ao universo, mas no próprio sujeito. Segundo ele, os seres existem em decorrência de sua própria essência. O que somos e o que viremos a ser, está na nossa essência, cabe a educação ativar esse conhecimento. Para Aristóteles o homem é um animal social e político por natureza. A polis (cidade) grega encarnada na figura do Estado é uma necessidade humana. A comunidade política estrutura-se de forma natural pela própria tendência que as pessoas têm de se agruparem. A família e o governo são instituições necessárias para que os sujeitos alcancem suas plenitudes. A cidade aristotélica deve ser composta por diversas classes, mas são  três classes superiores que guiarão os demais sujeitos: os guerreiros, os magistrados e os sacerdotes. Aceitava a escravidão e a considera desejável para os que eram escravos por natureza. Estes eram  os incapazes de governar por si mesmo, e, portanto, devem ser governados. Um cidadão é alguém politicamente ativo e participante da coisa pública. Para ser cidadão terá que ter  um mínimo de ócio. .Assim, o escravo ou um artesão não se encontram suficientemente livres para exercer a cidadania e alcançar a virtude, a qual é incompatível com uma vida mecânica. E os escravos devem trabalhar para o sustento dos cidadãos livres e virtuosos. Aristóteles contesta o comunismo de bens, mulheres e crianças proposto por Platão. Segundo ele, quanto mais comum for uma coisa menos se cuida dela. //
Com a queda o Império Romano, o cristianismo se despontou como organização responsável pela reestruturação das sociedades afetadas pelos conflitos que proporcionaram a queda do império. Segundo seus expoentes, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, argumentavam que a explicação da existência do conhecimento estaria em Deus. Santo Agostinho introduz a existência, à ação criadora de Deus, o mundo da consciência divina. Para ele, a pedagogia seria o principal instrumento capaz de educar o homem, ou seja, construção de uma moral voltada à busca do bem.
Foi através de Santo Agostinho, que se instituiu o Primeiro Currículo, responsável pela normatização do ensino. Santo Agostinho admitia que nossa consciência quando constroem seus conceitos, ela não está fazendo abstrações através da realidade, mas está recebendo uma iluminação divina. O que importa é a adesão pela fé.
A educação, no entanto, é o caminho para o aprimoramento da essência humana, para levar o homem à perfeição, sem finalidade política e social. Para dar consistência a essa política educacional ligada à fé, surgiu a Escolástica, que é um corpo doutrinário, metodológico, pedagógico, que tem por objetivo a integração dos sujeitos à nova cultura e adoção da fé cristã.
São Tomás de Aquino, em oposição a Santo Agostinho, fortemente influenciado por Aristóteles, admitia que somente existiria um mundo na qual vivemos, e que nosso conhecimento é proveniente de nossa Inteligência como única forma de alcançar a verdade. Tudo que conhecemos pela razão é aceito pela fé. Fé e razão deverão estar unidas. Portanto, Deus não intervém no conhecimento. Para São Tomás, a educação deve ser uma via para a ação. O homem agirá melhor quanto mais conhecer sua essência.
Já o Período Moderno é caracterizado pelo questionamento das verdades metafísicas. O pensamento racional começa dar seus primeiros sinais através do pensador francês René Descartes, que levando o seguinte questionamento. Onde está a verdade? Existe um conhecimento verdadeiro? Para não conflitar com a fé da época, Descartes procurou resgatar a metafísica, admitindo que as idéias de pensamento em extensão são inatas no ser humano.
Foi através de Descartes que se criou o método de conhecimento científico, que é o caminho que leva ao conhecimento, isto é, para conhecer é necessário decompor os objetos em partes. Portanto, há um modelo a ser seguido e um ponto a ser chegado.
No século XVIII, o conhecimento ou as verdades, foram submetidos a novas interpretações epistemológicas, como a do pensador Emanuel Kant, quando lança uma de suas principais obras denominada Teoria da Razão Pura. Segundo essa teoria, Deus, Alma e mundo são idéias pensadas e não realidades conhecidas. Esses elementos devem ser pressupostos, condições para a legitimação da moralidade, força universal, que exige bondade. Para dar maior viabilidade à sua teoria, foi criado o método pedagógico de Kant, que visa a emancipação do espírito, a emancipação do sujeito autônomo.
O processo de aperfeiçoamento humano deve ser buscado no plano pessoal. Todo investimento pedagógico deve ser direcionado para a busca da perfeição, que se dá pela plenitude da moralidade. Todo sujeito deve tornar-se cada vez mais moral, culto e emancipado.
Além de Emanuel Kant, Jean Jaques Rousseau, influenciado pelo naturalismo, pelo renascimento e pela idade moderna, se transformou em um dos principais nomes do pensamento racional moderno, cujas idéias contribuiram para as transformações econômicas, políticas e culturais das sociedades acidentais dos séculos XIX e XX. Rousseau, não vê a natureza como máquina.
O entrosamento entre natureza e homem se dá pelo sentimento. No entanto, a convivência em sociedade não está garantindo a felicidade dos homens. Para ele a vontade geral deve estar acima das vontades particulares. Defende a recuperação da condição humana a partir da criação do Estado ou Contrato Social, com a participação da sociedade ou seus representantes.
Primeiro teórico que levou a sério a educação das crianças. Seu projeto educacional visou respeitar a integridade e autenticidade das mesmas. O mestre não deve impor, mas despertar o aprendiz, respeitar sua natureza.
Em oposição as teorias conservadoras, mais especialmente a contribuição dessas teorias no processo de perpetuação das políticas exploratórias articuladas pelo sistema de produção capitalista, surgiu Karl Marx, um dos principais representantes das camadas sociais exploradas e responsável por um projeto de sociedade cujo princípio é a distribuição equitativa dos bens produzidos pelo próprio homem.
Suas idéias foram fortemente influenciadas pelos pensadores clássicos e modernos, dentre eles, Hegel, Saint Simon, Charles Darwin e outros. Em relação a Hegel, Marx se utilizou da sua teoria, a dialética, que procurou invertê-la, definindo que o pensamento não é para contemplar o mundo e sim transformar o mundo. Marx, não produziu nenhum trabalho específico ao campo pedagógico.
Para ele a filosofia educacional está implícita, sua proposta política pedagógica colabora pela transformação da sociedade, contrário ao iluminismo que interpreta a sociedade numa perspectiva de neutralidade. Segundo ele, é fundamental que estabeleça um novo Contrato Social, baseado no conhecimento das engrenagens da vida social.
Por não produzir uma teoria específica no campo educacional, abriu possibilidades para o surgimento de teóricos que, inspirados em suas idéias, construíram propostas inovadoras, que influenciaram as políticas educacionais de inúmeras sociedades especialmente o Brasil. Seu principal seguidor foi o italiano Antônio Gramscy, que inovou em decorrência da filosofia da práxis, ou seja, não há dicotomia entre pensamento teórico e realidade.
Todo censo comum traz no seu bojo um ponto de significação, que levará ao bom censo. Para Gramscy, a escola tem como papel mostrar a ideologia que todos compartilham, sendo o currículo, a mediação para que essa ideologia seja disseminada. É importante, segundo ele, fazer a crítica dessa ideologia e construir uma contraideologia necessária.
Suas idéias inspiraram o educador brasileiro Paulo Freire, que elaborou um método pedagógico de alfabetização, explorar as potencialidades do censo comum da população, emancipando-as, libertando-as das malhas da alienação na qual estão submetidas. A escola, para ele, tem o papel de emancipar os sujeitos, construir uma consciência de sujeitos livres.
Adentrando ao século XX nos deparamos com uma enorme gama de teóricos mitos dos quais fortemente influenciados pela filosofia clássica e moderna e cujas idéias influenciarão na construção dos currículos escolares, principalmente das escolas públicas brasileiras. Dentre os nomes conhecidos citaremos Foucault, Piaget, Vigotsky, Wallon, Bourdieu.  

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